Por que tantas empresas novas morrem antes de completar 5 anos de vida no Brasil?

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Por: Wanderley Parizotto – economista

Historicamente, 60% das micro e pequenas empresas abertas no Brasil, não chegam ao quinto ano de vida (IBGE)   

O Brasil é bastante difícil para quem quer empreender. Falta política econômica, falta acesso a linhas de crédito adequadas com juros e prazos compatíveis com a realidade de qualquer novo negócio, principalmente para o pequeno e médio empreendedor.  Para estes, aliás, o ambiente é bastante desfavorável. Mas é só isso.

Em momentos de forte crise de empregos, como hoje, quando quase 15% da população economicamente ativa não tem emprego e, aproximadamente, 30 milhões de brasileiros estão ou na informalidade ou subutilizados,  a tendência ao empreendedorismo por necessidade e não por vocação aumenta bastante, criando, também, uma tendência também maior à mortandade de empresas recém nascidas, por falta de experiência e preparo do empreendedor. 
No primeiro ano da pandemia da Covid, cerca de um milhão de empresas brasileiras fecharam suas portas, na grande maioria micro e pequenas. Será que foi somente o coronavírus que as matou?
Ressalta-se que empreender em momentos de prosperidade já não é fácil, em situações de crise as dificuldades se potencializam.
Cabe a seguinte indagação?
Será que tantas empresas morrem em razão do negócio ser ruim por si?
Necessariamente não. A observação empírica mostra que via de regra uma empresa nasce a partir da verificação de uma oportunidade, de uma necessidade, isto é, o empreendedor percebe que há cliente para o produto ou serviço que deseja oferecer. 
Grande número de empresas aparecem natimortas já na concepção do empreendimento, deixando-as muito vulneráveis a qualquer intempérie. 
 
É na concepção da empresa que se apresenta o primeiro grande  obstáculo, a construção do negócio. Há clientes? Sim. Quantos (potencial de mercado)? Onde estão e como chegar até eles, quem são os concorrentes e como atuam? Tudo isso é marketing.  Quanto de capital o novo negócio demandará para sua implantação e maturação até andar com as próprias pernas (fluxo de caixa descontado)? Se o empreendedor não tem todo o capital onde encontrar fontes de investimento? Qual a cadeia de impostos, onde há crédito ou débito? Qual empresa abrir? Mei, Micro, Pequena e etc.? Podemos chamar todas essas etapas de plano de negócios (business plan).
Superada esta fase, e se for construída corretamente, as chances de sucesso do negócio serão maiores, sem dúvida. Porém a vida do empreendedor, mesmo fazendo tudo acima com todos os critérios técnicos, não será uma mansidão. Em qualquer atividade humana, poucas variáveis são passíveis de total controle. A grande maioria das variáveis das nossas vidas não estão sob nosso controle. No caso de um negócio, diversos eventos podem ocorrer de maneira a afetá-lo profundamente. Uma crise econômica, mudança de impostos ou legislação, novos entrantes mais capitalizados e/ou preparados e outros. 
Quanto menor for o  empresário maior a sua solidão. Raramente tem algum profissional para discutir suas decisões, e/ou falar sobre suas impressões sobre o seu próprio negócio e o futuro dele (planejamento estratégico). Não é raro também, um empresário bem sucedido até um determinado momento se considerar infalível e deixar de perceber seus erros. De não entender que o modelo de negócios que o trouxe até  ali com sucesso não o levará por muito tempo na mesma trilha próspera.
Para empreender com menores risco, é preciso buscar capacitação e entender que ela deverá ser contínua. Não há mais espaço para iniciativas amadoras. Capacitar-se é o primeiro passo para reduzir os riscos de uma nova empresa. Dar certo não é sorte ou motivação, é capacitação e muito trabalho.

Fuja, também, de palestras motivacionais e de coaches com discursos prontos, com fórmulas mágicas de superação individual (que virou moda no Brasil), tudo isso é bobagem, não serve para nada, a não ser para arrancar dinheiro de incautos. 

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