Wanderley Parizotto -economista
São mais de 1,2 milhão de brasileiros acometidos pela doença. A cada ano novos 150 mil casos são diagnosticados.
A doença é devastadora para o paciente e familiares. Mas ela é silenciosa, fica restrita às famílias.
Suas consequências não atingem quem não convive com ela.
Com o rápido envelhecimento da população, logo o Brasil terá mais de 3 milhões de pessoas com a doença.
Ela desestrutura a vida da família. Alguém precisa cuidar do doente. Quem tem dinheiro contrata um cuidador profissional ou o interna em uma clínica.
Porém, num país tão desigual como é Brasil, a imensa maioria precisa cuidar em casa e o cuidador é algum parente próximo, que não tem nenhum preparo técnico e apoio psicológico.
Não há na estrutura pública de saúde, nenhum programa de treinamento para cuidadores não profissionais e amparo psicológico.
O parente que vira cuidador, quase sempre larga tudo: emprego, sua rotina, sua própria vida, para cuidar.
A tragédia simplesmente não é vista. É ignorada pelo poder público.
Não há vontade política para enfrentar a questão em todos os aspectos: diagnóstico prévio, mecanismos de retardar a chegada da doença e mitigar seus efeitos, treinar parentes que se veem obrigados a cuidar, campanhas para esclarecer e orientar sobre o Alzheimer e etc.
Mais uma crueldade do Brasil com os velhos. Mas quem liga? São velhos né?
Imagem de abertura: FOTER