Organização de proteção animal cobra transparência e ação imediata das empresas, que assumiram responsabilidade socioambiental
As empresas Bauducco e Forno de Minas, atuantes no setor de alimentos, são o foco da campanha “Gaiolas lotadas e promessas vazias” da organização Animal Equality. A ação exige transparência sobre os compromissos assumidos em 2018 por ambas as marcas para eliminar os ovos provenientes de galinhas confinadas em gaiolas de suas cadeias de produção até 2025.
Quando anunciaram suas políticas em 2018, ambas as empresas destacaram a importância da adoção de práticas mais responsáveis. Em seu comunicado, a Bauducco afirmou: “O Grupo Pandurata (…) a fim de reforçar sua responsabilidade e engajamento com práticas de melhor tratamento aos animais, oficializa seu compromisso em utilizar exclusivamente ovos de granjas certificadas com produção no sistema ‘cage free’, ou seja, com galinhas poedeiras criadas sem gaiolas”. Na mesma linha, a Forno de Minas também anunciou seu compromisso, e o CEO da empresa, Helder Mendonça, declarou: “ A Forno de Minas tem como um dos pilares a escolha de fornecedores certificados e confiáveis, que respeitem o bem-estar animal durante toda a cadeia produtiva”.
Até o momento, nenhuma das empresas divulgou relatórios consistentes sobre o andamento das mudanças. A Forno de Minas reportou publicamente um avanço de apenas 1% por meio do site do EggLab, plataforma que monitora os compromissos pelo banimento da utilização de ovos de galinhas criadas em gaiolas – também chamados de sistemas cage-free – assumidos por empresas, enquanto a Bauducco ainda não forneceu qualquer atualização. A poucos meses do prazo final para o cumprimento das políticas cage-free, a ausência de transparência por parte das marcas levanta um alerta sobre a seriedade com que tratam o compromisso assumido.
“A ausência total de resposta das empresas, diante de um prazo que se encerra em 2025, é preocupante e demonstra falta de transparência em relação a um tema que envolve o sofrimento de milhares de animais”, afirma Julia Almeida, gerente de relações corporativas da Animal Equality.
Diante da falta de respostas das empresas, a Animal Equality decidiu tornar o caso público. “Considerando a ausência de transparência em relação aos compromissos assumidos e a relevância dessas promessas para o setor e para os animais, optamos por levar a situação ao público, lançando a campanha. Quando marcas de grande visibilidade deixam de cumprir o que prometeram, o impacto recai tanto sobre os animais quanto sobre a confiança dos consumidores”, afirma Isadora Lemes, gerente de campanhas da organização.

Compromissos precisam ser honrados
Ao cumprirem seus compromissos, Bauducco e Forno de Minas poderão reduzir significativamente o sofrimento de mais de 3 milhões de galinhas anualmente. A Animal Equality pede que ambas se posicionem imediatamente, detalhando os avanços e próximos passos da transição para sistemas livres de gaiolas.
A organização ainda aponta que empresas como Barilla, Nissin, Casa Santa Luzia, BRF, M. Dias Branco e Liv Up já cumpriram suas promessas de transição para sistemas cage-free, demonstrando que a mudança é possível e urgente.
O problema do confinamento em gaiolas
As galinhas criadas em gaiolas vivem em espaços extremamente reduzidos, sem possibilidade de expressar comportamentos naturais, como esticar as asas, ciscar ou caminhar. Segundo o site Animal Welfare Footprint Project (AWFP), essa privação gera intenso sofrimento psicológico.
Além disso, o estresse e a falta de mobilidade comprometem o sistema imunológico das aves, tornando-as mais vulneráveis a doenças e contaminações, como a salmonella. Para minimizar esses riscos, os produtores recorrem ao uso excessivo de antibióticos, o que contribui para a resistência antimicrobiana – um problema de saúde global.
Mobilização pública
A Animal Equality disponibilizou uma petição online para que apoiadores e consumidores possam solicitar transparência por parte da Bauducco e da Forno de Minas quanto ao cumprimento de seus compromissos com a eliminação de ovos de galinhas confinadas em gaiolas.
Para acessar a petição, clique aqui.
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