Posted by Risomar Fasanaro lamenta o desaparecimento de sua tela e segue tentando encontrá-la…
Ana Claudia Vargas
No depoimento a seguir, a artista plástica e escritora, Risomar Fasanaro, conta detalhes do desaparecimento de sua tela e pede para que qualquer pessoa que tenha alguma informação, a envie nos comentários desta matéria ou através das suas redes sociais.
O sumiço da minha tela “O peixe desconhece o molho”
Risomar Fasanaro**
“No início dos anos 1990, vi a foto de uma mulher negra que me impressionou muito. Não, ela não era nenhuma dessas belezas fabricadas em clínicas de dermatologia ou de cirurgia plástica. Não. Mas para mim era linda. Era uma mulher do povo; nem feia nem bonita, vendedora de bananas nas ruas, mas a foto traduzia a força daquela mulher.
Mãos calejadas que abraçavam um cesto de bananas verdes, seu ganha-pão. As rugas daquele rosto, mais que palavras, contavam a história, não só dela, mas a de qualquer outra mulher dessas que encontramos nos trens e metrôs ou nas periferias do nosso país. Senti que precisava pintar aquele rosto.
No dia seguinte, mal me levantei, peguei uma tela e sem ter desenhado primeiro em papel, fui direto a ela, desenhei-a e comecei a pintar. Nem eu mesma acreditava que tinha conseguido desenhá-la.
Coloquei os tubos de óleo com as cores que havia na foto e comecei a pintar. Nunca havia sentido aquela vontade tão grande de pintar, parecia tomada por uma força diferente da que sentira, até então, pintando flores.
Comecei pela manhã, e à noite já estava praticamente pronta, só faltavam alguns retoques.
Quando minha irmã viu a tela, não quis acreditar que eu havia pintado sozinha, sem auxílio da professora.
Na época, eu estudava com a pintora Maria Gaio, no bairro da Lapa, em São Paulo, e tentava aprender a pintar flores com a leveza que só ela consegue dar.
E quando contei o que estava pintando, ela manifestou o desejo de ver.
Na aula de seguinte levei minha tela “a Negra”.
Ela elogiou meu trabalho e deu alguns retoques que precisava.
Quando fui trabalhar na Secretaria de Cultura de Osasco, Maria Alice*, da Coordenadoria de Gênero e Raça da prefeitura, me perguntou se eu poderia emprestar essa tela e a de uma cigana para ela “decorar” a sala dela. Isto foi entre 2007 e 2008.
Depois de mil recomendações para que tivesse cuidado, emprestei as duas pinturas que ficaram, a partir de então, expostas na sala dela.
Mas, assim que ela saiu da Coordenadoria, fui buscar as duas telas e, para meu desespero, na sala só estava a tela “Cigana”; a outra havia desaparecido e ela não tinha a menor ideia de onde se encontrava.
Desde então, sigo procurando meu quadro, já fiz um apelo nas redes sociais, mas até agora… nada!
Onde estará meu quadro? Será que após a saída da pessoa que pediu que eu o emprestasse, alguém simplesmente o levou para casa? Será que este quadro, tão valioso para mim, está na parede de uma casa de Osasco ou quem sabe até alguém o tenha levado para outra cidade, estado, país…?
Me angustio pensando onde poderá estar este quadro tão simbólico para mim e gostaria muito que você, leitor deste texto, principalmente você que trabalhou na prefeitura de Osasco na data mencionada, pense se já viu meu quadro e se sabe para onde ele pode ter sido levado.
Serei eternamente grata a você! Deixo aqui minhas redes sociais para que informações possam ser enviadas. “
Com esperança,
Risomar Fasanaro”
* Nome trocado para preservar a identidade da pessoa mencionada.
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Jornalista com experiência sobretudo em redação de textos variados - de meio ambiente à saúde; de temas sociais à política e urbanismo. Experiência no mercado editorial: pesquisa e redação de livros com focos diversos; acompanhamento do processo editorial (preparação de textos, revisão etc.); Assistência editorial free lancer. Revisora Free Lancer das editoras Planeta; Universo dos Livros e Alta Books. Semifinalista do Prêmio Oceanos 2020.
