“É como se suas almas já estivessem ido embora muito tempo antes de morrerem de fato. Por isso, cuidadores, esqueçam mágoas do passado, apenas amem e cuidem com todo amor e paciência do mundo”, diz trecho do texto de Ângela Bergamin, caasda há mais de 40 anos com Carlos
Redação Plena
A vida de cuidador de pacientes com Alzheimer é uma verdadeira montanha russa de emoções, dia a dia descobrindo novas facetas da doença. Lidar com o esquecimento e mudança de comportamento do ente querido talvez seja uma das tarefas mais difíceis para quem cuida.
Sempre buscamos compartilhar no Portal Plena relatos e vivências de cuidadores que passam por cada etapa desta doença. O texto de hoje é da Ângela Bergamin, que compartilha a experiência de cuidar do marido com Alzheimer, a quem ela se chama de “meu anjo”.
Confira:
Resolvi escrever sobre a minha vida e a do meu marido Carlos, mais conhecido como "Berto Bergamin".
Nos casamos no ano de 1972. Tivemos 3 filhos lindos. Hoje todos casados. Eles nos deram 3 netos: 2 meninas e 1 menino.
Éramos uma família muito feliz, ou melhor, somos muito felizes, só que agora com um grande problema, uma doença grave e sem cura atacou o meu amado esposo. Sem dó e nem piedade, aos 63 anos, com uma saúde perfeita e uma vida ativa, meu marido foi diagnosticado com Mal de Alzheimer. Desde esse triste dia, já se passaram 5 anos.
Agora com um pouco mais de experiência, quero dizer pra você que tem alguém em casa com essa terrível doença: NÃO DESANIME. Peça pra que Jesus esteja sempre ao seu lado te protegendo e te ajudando, só assim o fardo se torna mais leve.
Trate o seu doente com muito amor e carinho, olhando pra ele como um anjo do Senhor. O José, o Armando, o Carlos, a Maria… é como se suas almas já estivessem ido embora muito tempo antes de morrerem de fato. Esqueçam mágoas do passado, apenas amem e cuidem com todo amor e paciência do mundo pois somos todos filhos de Deus Pai.
O meu marido teve pouco tempo entre lances de lucidez e esquecimento. Mais ou menos dois anos. No dia 07 de janeiro de 2012, ele caiu e não se levantou mais.
E hoje, já faz 1 ano e meio que não se movimenta sozinho, do jeito que o colocamos na cama, ele fica. Não se mexe, não fala nenhuma palavra. Um ano e meio sem ouvir a voz do meu amor.
Agora ele é o meu anjo, o anjo que irei amar eternamente.