Cannabis em baixas doses melhora memória no Alzheimer, diz estudo da UNILA

Estudo clínico da UNILA revela que baixas doses de Cannabis melhoram a memória e reduz sintomas de pacientes com Alzheimer

Por Gregorio Ventura – Portal Cannabis e Saúde

Pesquisadores da Universidade Federal da Integração Latino-Americana (UNILA) demonstraram, em um ensaio clínico de fase 2, que um extrato de Cannabis em baixa dose pode melhorar a memória e aliviar sintomas comportamentais em pessoas com Alzheimer.

O estudo, conduzido pelo Laboratório de Cannabis medicinal e Ciência Psicodélica (LCP) da UNILA, foi publicado recentemente no Journal of Alzheimer’s Disease e já é considerado um marco na pesquisa sobre o uso terapêutico da planta.

A equipe liderada pelo professor Francisney Nascimento avaliou os efeitos de um extrato com proporções equilibradas de canabidiol (CBD) e delta-9-tetrahidrocanabinol (THC) em pacientes com Alzheimer leve a moderado. Os resultados trazem otimismo para pacientes e famílias que enfrentam os desafios dessa doença neurodegenerativa.

O padrão ouro das ciências da saúde

Ensaios clínicos de fase 2, como o da UNILA, são considerados o padrão ouro da ciência médica. Nessa etapa, os pesquisadores testam uma substância em um grupo controlado de voluntários e comparam os resultados com os de um grupo que recebeu placebo.

Esse formato garante que nem os pacientes nem os cientistas saibam quem está recebendo o tratamento ativo, o que reduz vieses e aumenta a confiabilidade dos resultados. No caso da pesquisa do LCP/UNILA, os participantes foram acompanhados por 26 semanas e submetidos a testes de memória, humor e comportamento.

O primeiro estudo clínico sobre a Cannabis no Alzheimer a mostrar melhora da memória

Para o professor Francisney Nascimento, o estudo representa um passo histórico na investigação sobre o uso da Cannabis em doenças neurodegenerativas, e teve um resultado inédito.

Francisney Nascimento coordenou estudo clínico sobre efeitos da Cannabis em doses baixas no Alzheimer | foto Marcos Labanca
Francisney Nascimento coordenou estudo clínico sobre efeitos da Cannabis em doses baixas no Alzheimer | foto: Marcos Labanca

“Este é o primeiro ensaio clínico do mundo que mostra que a Cannabis melhora a memória em pacientes com Alzheimer”, afirmou o pesquisador em entrevista ao portal da UNILA. “Tem outros estudos que, principalmente, mostram que reduz a agitação, reduz a ansiedade. Mas o teste de memória, de fato, o primeiro artigo foi o nosso”, ressalta.

A pesquisa faz parte de uma série de estudos sobre os benefícios terapêuticos da Cannabis desenvolvidos pelo LCP/UNILA.

Resultados significativos com doses baixas

O grupo que recebeu o extrato apresentou melhora consistente na memória, além de redução da agitação, ansiedade e distúrbios do sono. Um dos aspectos mais interessantes é que esses efeitos ocorreram com doses baixas.

Os pacientes receberam um extrato padronizado com proporção equilibrada de CBD e THC (1:1), administrado por via oral em doses diárias entre 0,5 e 1 mg/kg. Essa faixa é considerada baixa o suficiente para não provocar efeitos psicoativos, mas ainda capaz de ativar os receptores do sistema endocanabinoide. Segundo os autores, a combinação equilibrada de CBD e THC pode ter favorecido uma ação sinérgica, em que os compostos se complementam e potencializam mutuamente os efeitos terapêuticos.

lista de doencas tratadas com canabidiol oral

Além disso, não houve qualquer indício de piora cognitiva, um ponto crucial, já que muitos tratamentos para Alzheimer perdem eficácia ou provocam reações indesejadas com o tempo. Nesse sentido, nenhum dos participantes apresentou efeitos colaterais graves, e os casos leves de sonolência ou tontura desapareceram com o ajuste da dose.

O que vem a seguir nas pesquisas com Cannabis e Alzheimer

O estudo clínico abre novas perspectivas para o tratamento do Alzheimer com compostos da Cannabis, e outras pesquisas já estão em andamento com diferentes formulações e dosagens. Essas análises ajudarão a compreender melhor os mecanismos de ação dos canabinoides e seus impactos no longo prazo.

O uso de medicamentos à base de Cannabis é legal no Brasil, inclusive para o tratamento do Alzheimer. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autoriza o uso desde que com acompanhamento médico. Portanto, se você ou alguma pessoa próxima tem contato com alguém com a doença, inclua os canabinoides de forma responsável e segura acessando a nossa plataforma de agendamento e marcando uma consulta. Lá, você encontra profissionais experientes nesse tipo de prescrição para te orientar durante toda essa jornada.

 

*Gregorio Ventura

Jornalista e editor especializado em Comunicação e Saúde, pós-graduando em Drogas, Sociedade e Práticas Educativas. Escreve sobre ciência e sobre o uso da Cannabis na saúde humana e animal. É também fundador da Editora Vista Chinesa, onde publicou livros como “A História da Cannabis em Quadrinhos” e “Mila”.

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Jornalista, autora de 5 livros, um deles semifinalista do Prêmio Oceanos 2020.

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