Psiquiatra do HC diz que, embora relevante, mal de Alzheimer não é o único culpado pela perda da função cerebral
Leonardo Lopes – Jornal da USP
A população mundial envelhece em ritmo vigoroso, e os índices de casos de demência progridem em conjunto. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a estimativa é de que 152 milhões de pessoas serão afetadas até 2050. Existem diversas doenças que podem levar à condição de demência, e entre elas a mais famosa e recorrente é a doença de Alzheimer. Entretanto, existem inúmeras outras possibilidades causadoras e o diagnóstico específico é imprescindível.
“Existe um excesso de atribuição indevido à doença de Alzheimer como causa de demência na população. Muitas vezes a pessoa tem um quadro demencial e se assume que aquilo é Alzheimer”, explica o professor Orestes Forlenza, do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, ao Jornal da USP no Ar. Ele reforça que, embora o Alzheimer seja mais frequente, o diagnóstico específico se faz necessário, porque outras causas podem requerer um tratamento completamente diferente. Para isso se utilizam recursos tecnológicos, como equipamentos que obtêm imagens do cérebro, por exemplo.
Recentemente descoberta, a doença de Late evidencia a importância de se analisar minuciosamente cada quadro. Através de estudos feitos com pessoas que faleceram com demência, observou-se que boa parte dos casos, que acreditavam ser doença de Alzheimer, na verdade não tinha evidência patológica que a comprovasse.
“Nem todas as demências são Alzheimer, e nem tudo o que parece Alzheimer é Alzheimer. Era outra causa, um outro agente proteico era responsável pela perda neuronal, e definiu-se como Late”, afirma Forlenza.
No entanto, existem tratamentos mais generalizados que podem ser úteis, independente da causa da doença. Essas medidas lidam com a preservação da saúde e estimulação cognitiva e podem auxiliar o desempenho das medidas que atuam especificamente na causa da doença. Para reduzir o impacto global da demência, a OMS publicou uma série de recomendações. As principais indicações incluem uma prática regular de exercícios físicos e a adoção de uma dieta rica em cereais integrais, frutas, peixes, vegetais e azeite de oliva – conhecida como “dieta mediterrânea”. Embora não exista cura para a demência, muito pode ser feito para inibir o surgimento ou a progressão da doença.
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