MULHERES que EMPREENDEM _ FUTY BIWLY PAPELARIA CRIATIVA

Conheça a história pra lá de inspiradora da Alessandra Siqueira e sua empresa: a Papelaria Criativa Futy Biwly.

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Alessandra Siqueira diz que amava o jornalismo, mas o jornalismo nunca a amou. Cansada de ouvir ‘nãos’ e sofrer abusos variados na área (sim, foram muitos) ela começou a empreender no segmento da papelaria criativa por necessidade de sobrevivência, mas, depois, sua curiosidade e interesse a levaram a criar uma empresa que se diferencia na área, talvez porque sua ‘dona’ é mesmo uma pessoa diferenciada, criativa e empreendedora incansável.

Conheça um pouquinho de sua história na entrevista a seguir:

Alessandra, você era jornalista e deu uma reviravolta profissional ao começar a trabalhar com papelaria criativa… Quando foi que o jornalismo se tornou inviável? 

Eu sempre brinco  que  sempre amei o jornalismo, mas ele nunca me amou. E um dia eu cansei dele e fui procurar uma profissão que me amasse e dei sorte de encontrar. Eu trabalhava com comunicação corporativa e unia a paixão pelo jornalismo por outra: as crianças! Mas quando tive o meu filho, assim que voltei da licença maternidade, fui demitida. Apesar disso, aproveitei o valor recebido para me manter enquanto tentava outro emprego e também  comprei uma máquina de corte. O emprego não veio, mas veio um freela numa revista aqui da cidade, só que depois de cinco meses sem receber salário fui “dispensada”. Nessa época turbulenta, me divorciei, fui  trabalhar como revisora de textos, panfleteira, dava aulas de reforço escolar  e contei muito com a ajuda dos meus pais!

 Quais foram as razões que levaram você a empreender?

Entre todos esses perrengues pelos quais passei, ia tentando aprender a mexer na máquina de corte. Tinha uma impressora em casa e fui fazendo coisas para as festas de amigas, para o meu próprio filho. Entrei num grupo de whatsapp onde havia mulheres do Brasil todo também tentando aprender e outras, extremamente generosas, foram me ajudando. As madrugadas eram de muito aprendizado enquanto o meu filho dormia e muitas vezes a hora que ele acordava já estava com as encomendas prontas para entregar. As coisas foram se encaixando de volta ao lugar. Fui buscando parcerias com decoradoras. E as dívidas aos poucos foram diminuindo. Eu fiquei muitos anos sem receber pensão do meu filho, com o pai dele só pagando uma boa escola, porém o restante era comigo e com meus pais. Eu sempre gosto de falar disso, pois por falta de conhecimento, nós não recebemos nenhum retroativo de pensões atrasadas. Porque você só pode receber a partir do momento que entra com o pedido de pensão e eu não tinha conseguido essa orientação nem com a Defensoria Pública.

 Como você se preparou para iniciar o negócio? Porque escolheu a papelaria criativa?
Acho que a papelaria me escolheu! Eu sempre gostei de trabalhos manuais, já tinha tido uma barraca de bijuterias numa feira de artesanato  e o papel surgiu no chá de fraldas do meu menino. Queríamos fazer um convite em formato de fraldinha, que pudesse ser aberto e colocar dentro as informações, e conseguimos! Aquilo e as primeiras decorações das festinhas do meu filho, aliada à necessidade que veio em seguida de ter que cuidar sozinha do meu filho, foram os empurrões que me levaram a empreender nessa área.

  E o nome Futy Biwly? De onde veio esse nome tão diferente?
Quando eu ainda era bem pequena, não falava muito bem, mas falava ainda  mais do que hoje em dia! FUTY BIWLY era como eu achava que devia falar BEAUTIFUL!!!  E quando era perguntada sobre o que era aquilo, dizia “inglês, ué!”, como se fosse óbvio. A  borboleta é um símbolo do meu ressignificar, do meu ressurgimento. Essa é a essência da marca!

 Ser mulher foi uma barreira para empreender?

Não foi uma barreira, mas é porque acho que o nicho escolhido ajudou e Deus foi colocando em meu caminho alguns “anjos” que me ajudaram e acolheram muito! Tenho muita gratidão a cada cliente que já comprou comigo, porque eles que me ajudaram a me reerguer com uma nova profissão. Meus pais e minhas amigas acreditaram em mim em momentos que nem eu mais acreditava. Agora,  na hora do divórcio que veio anos depois, ser mulher foi uma barreira. Não somos ouvidas. Não pude sequer comprovar com documentos que tinha em mãos coisas às quais eu tinha direito no momento da partilha de bens. Então resolvi desapegar e foi o meu segundo livramento! Dali pra frente só fiz crescer na minha nova profissão e até mesmo em meio à pandemia consegui permanecer trabalhando.

Fui empoderada e pude ajudar a empoderar muitas outras mulheres!

Quais foram os principais obstáculos e como os superou?
Um grande obstáculo que impactou, obviamente, na minha atividade profissional, foi tentar justiça gratuita e não conseguir porque morava em casa própria (dão prioridade a quem não tem, e é justo isso, mas poderiam ter visto em que condição eu estava mesmo tendo onde morar. É uma área onde políticas públicas ainda falham bastante).

 Há quanto tempo existe sua empresa? Quais fatos/pessoas foram mais
relevantes nessa trajetória?
Minha empresa começou a ser gestada quando eu gestava meu filho,  depois
nasceu praticamente com ele. Então, há quase 12 anos eles são a razão da minha vida: meu filho e meu trabalho! Aquele grupo de whats app ao qual me referi tem pessoas que foram muito importantes em minha trajetória: umas me ajudavam com arquivos, conhecimento; outras com conselhos, experiências de vidas trocadas. Não tem como não ser grata também aos meus pais, pois foram eles  que alimentaram, literalmente a mim e a meu filho, enquanto eu não conseguia fazer isso sozinha. E cada cliente, é claro.

 Como ela está hoje? Como foi a evolução da sua empresa?
Na época da pandemia eu estava muito bem financeiramente, mas com tudo fechado, sem a possibilidade de fazer festas, tudo teve que ser adaptado. Porém,  essa adaptação me trouxe ainda mais clientes que foram vindo por indicação daqueles primeiros. Também fui fazendo outros cursos, como encadernação, uso da Inteligência artificial e, agora, expandi a produção para as datas comerciais.  Sempre tem algo novo pra aprender, máquina nova saindo e a gente tem que ir evoluindo e se adaptando às novidades!

Quais acertos e erros avalia que cometeu?
Erros? Tantos… Mas um importante foi ter tentado no jornalismo ainda uma última vez, na revista. Se eu tivesse me dedicado mais a ser uma paper designer antes, com mais foco, eu acho que não teria voltado umas casinhas no jogo. Acertos? Também houve alguns! Um deles foi persistir, acreditar.

 Hoje você entende que poderia ter evitado alguns erros? Se sim, como?
Eu não sei se podia ter evitado. Muita coisa foge do nosso controle. Eu acho que devia ter cuidado mais de mim, não ter me cobrado tanto e ter sido mais corajosa com quem já tinha me intimidado tanto! Mas essa sou eu, então se eu voltasse atrás, nas mesmas situações, pode ser que tivesse feito tudo igual! E  a isso não dou nome de síndrome de Gabriela, como costumam dizer por aí… Dou o nome de essência! Penso que algumas coisas são minhas, são traços que eu ganhei a cada trauma, a cada experiência vivida.

Como você se imagina e enxerga sua empresa no futuro?
Estou nessa fase de estudar novos negócios, fazer networking, aprender a mexer com outros materiais, profissionalizar processos de trabalho e ver pra onde crescer! Troquei minhas máquinas e reformei meu ateliê há pouco tempo, então, me sinto num momento de parar pra respirar um pouco, mas sempre de olho nas novidades.

Qual a importância da ACEO-Mulher na sua vida e no seu negócio?
Os cafés de networking da ACEO-Mulher me deram oportunidade de expandir para uma área que eu sempre quis entrar : os materiais corporativos!  A ACEO-Mulher me mostrou que era possível voltar a ter uma vida social mesmo trabalhando em casa, me deu ferramentas por meio de seus cursos para que eu me sentisse uma profissional mais completa e aumentou o número de mulheres acolhedoras. Eu falo que os cafés são a minha baladinha!

Clique nas fotos para vê-las no tamanho completo

 

Onde encontrar a Futy Biwly @futy_biwly/

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ana.vargas@portalplena.com | Website |  + posts

Jornalista com experiência sobretudo em redação de textos variados - de meio ambiente à saúde; de temas sociais à política e urbanismo. Experiência no mercado editorial: pesquisa e redação de livros com focos diversos; acompanhamento do processo editorial (preparação de textos, revisão etc.); Assistência editorial free lancer. Revisora Free Lancer das editoras Planeta; Universo dos Livros e Alta Books. Semifinalista do Prêmio Oceanos 2020.

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