Idioma oficial de 21 países, a língua espanhola é falada também nos Estados Unidos devido aos imigrantes que residem no país. No artigo a seguir, o professor do idioma, Miguel Quezada, ‘fala’ sobre a importância de conhecer o espanhol.
Miguel Quezada*
Castilla foi o seu berço. Foi enaltecido em impérios e nas histórias de Dom Quixote de La Mancha. Reis e camponeses o falavam com verbo sincero. Cruzou os mares em caravelas de destino incerto; ao alcançar novas terras, se misturou e nutriu sua voz com a dos povos de caminhos milenares.
Então lhe deram um nome: ESPANHOL, língua do mundo, aquela que em vinte e uma terras se canta e se fala com sotaque livre e profundo.
Mas será que há diferenças entre as variadas ‘línguas espanholas’ faladas mundo afora? Vejamos: na Espanha, ela nasceu com força e caráter; ali o “vosotros”
dança entre frases, e o “z” e o “c” deslizam com o sussurro de um “th” suave, como se o idioma carregasse um véu antigo, herança de castelos e estradas de pedra.
Ao cruzar o oceano, na Argentina e no Uruguai, o espanhol se torna sentimental e com alma de bairro. O “vos” substitui o “tú” e as palavras ganharam tons de gírias e nostalgia. “Lluvia” (chuva) vira “shuvia”, palavra carregada de uma melodia única, quase cantada.

E de onde veio esse quase canto? Pois, esse ritmo veio nos navios que trouxeram italianos e ficou no jeito de falar, de sentir.
No Peru fala-se um espanhol com alma ancestral. No litoral, a língua é clara e serena; nos Andes, o quéchua se mistura ao castelhano como as cores de um tecido andino, levando em suas sílabas séculos de história inca.
Entre cordilheiras, vales e costa do Chile, a linguagem se adapta e se expressa com estilo próprio.
As palavras se encurtam, tornam-se brincalhonas e são ditas em ritmo acelerado e com um jeitinho especial. O “po” se encaixa no fim das frases como um selo de identidade e o “cachai” convida o outro a entender com cumplicidade.
Já no Paraguai, o espanhol entrelaça-se com o guarani num canto bilíngue que flui como um rio de duas correntes, único e profundo.
Na Colômbia, por sua vez, em suas montanhas e cafezais, o espanhol soa melodioso e cortês, com uso frequente do “usted” mesmo entre amigos. Ali é como se a cortesia fizesse parte da alma. Já no litoral, o espanhol se torna acelerado, cheio de expressões populares e é falado entre risadas.
Todas essas características, mostram o quanto o espanhol é uma língua única, mas com infinitas maneiras de sentir e dizer. Cada região tem seu tom.
A língua espanhola é voz melodiosa para a cúmbia e a salsa, o bolero e a bachata, o merengue e o reggaeton, a ranchera e o huayno, o pasillo e a cueca, o tango e o joropo… e também para o pop e o rock.
Assim, o espanhol se fala e se canta, se ouve, se desfruta e se dança de formas diversas. O castelhano é raiz e é história, é a fonte e o primeiro despertar.
O espanhol é, por sua vez, o seu voo e evolução, o idioma que, enfim, veio para unir.
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Jornalista com experiência sobretudo em redação de textos variados - de meio ambiente à saúde; de temas sociais à política e urbanismo. Experiência no mercado editorial: pesquisa e redação de livros com focos diversos; acompanhamento do processo editorial (preparação de textos, revisão etc.); Assistência editorial free lancer. Revisora Free Lancer das editoras Planeta; Universo dos Livros e Alta Books. Semifinalista do Prêmio Oceanos 2020.