O alcoolismo entre pessoas com mais de 60 anos está crescendo no Brasil. A questão é muito séria

Cresce número de mortes por uso abusivo de álcool no País, em especial entre os mais velhos

Da redação.

O número de mortes por transtornos mentais associados ao uso abusivo de álcool vem aumentando no País desde o início da pandemia de covid-19, com média de 8,5 mil óbitos anuais no período de 2020 a 2022, um crescimento de 33% em relação a 2019, quando esse número ficou em 6,4 mil.

Enquanto entre os adultos com idade até 49 anos houve queda de óbitos por essa causa, entre os indivíduos a partir dos 50 anos o aumento foi de 38,7%. Essa faixa etária concentrou, em 2022, 65% das mortes associadas ao uso de álcool – em 2010, esse índice foi de 49%.

O envelhecimento populacional explica parte desse crescimento, já que, quando a expectativa de vida era menor no País, mesmo pessoas que abusavam do álcool poderiam morrer de outras causas antes que a bebida levasse a uma complicação fatal.

“Vimos que quem usava de forma moderada começou a usar de forma abusiva. Os que já usavam de forma abusiva foram para um padrão de dependência”, diz Arthur Guerra, psiquiatra e presidente do Centro de Informações sobre Saúde e Álcool (Cisa).

Condição clínica dos idosos favorece complicações pelo álcool

Além do envelhecimento populacional e dos impactos da pandemia, outros fatores ajudam a explicar o aumento mais expressivo de óbitos entre os mais velhos. De acordo com Mariana Thibes, coordenadora do Cisa e doutora em sociologia, as alterações fisiológicas decorrentes do envelhecimento deixam os idosos mais vulneráveis aos efeitos nocivos do álcool porque o metabolismo das substâncias fica mais lento, o que aumenta o risco de danos.

“O álcool também pode interagir mal com medicamentos prescritos que muitos idosos tomam para doenças crônicas. O uso indevido pode causar ainda quedas e lesões, exacerbar condições médicas subjacentes e piorar o declínio da cognição”, destaca a especialista.

Ela diz que, somadas às questões fisiológicas e orgânicas, situações como solidão e isolamento, dificuldades em lidar com a aposentadoria e a piora da saúde na velhice criam “um cenário propício para muitas pessoas lançarem mão do álcool como uma ferramenta equivocada” para enfrentar esses desafios.

Está se tornando um problema de saúde pública significativo. O aumento é impulsionado por fatores como  solidão, depressão, sentimento de inutilidade, preconceito da sociedade entre outros.

 O consumo de álcool em idosos também se torna mais perigoso devido a mudanças fisiológicas que ocorrem com a idade, como a diminuição da massa muscular e da água no corpo, o que aumenta a concentração de álcool no sangue.

Além dos óbitos diretamente associados ao consumo nocivo de álcool, a substância aparece como “fator contribuinte” em diversas outras causas de mortalidade, como acidentes de trânsito, agressões, doenças cardiovasculares e tumores. O Cisa estima que 69 mil mortes tenham ocorrido em 2021 por causas totalmente ou parcialmente atribuíveis ao álcool

Fatores que contribuem para o aumento:

  • Aposentadoria, preconceito e solidão: A transição para a aposentadoria pode levar à solidão e à perda de propósito e sentimento de inutilidade,  fazendo com que alguns idosos recorram ao álcool.
  • Abandono: Cerca de 5 milhões de pessoas com mais de 60 anos, vivem sozinhas no Brasil.
  • “Automedicação” emocional: O álcool pode ser usado para lidar com sentimentos de tristeza, ansiedade ou depressão, levando ao abuso e à dependência.
  • Mudanças fisiológicas: Com o envelhecimento, há menor massa muscular e menor volume de água no corpo, o que significa que o álcool pode atingir concentrações mais altas no sangue com a mesma quantidade de bebida, intensificando seus efeitos.
  • Interações com medicamentos: Idosos frequentemente tomam várias medicações, e o álcool pode ter interações perigosas com muitas delas, inclusive com medicamentos de venda livre, podendo reduzir a eficácia do remédio ou causar efeitos colaterais graves.

Consequências e riscos:

  • Problemas de saúde: O consumo excessivo de álcool pode agravar doenças já existentes e aumentar o risco de novas, como problemas hepáticos, cardiovasculares e renais, além de câncer.
  • Aumento de quedas e fraturas: O álcool pode afetar o equilíbrio e a coordenação, aumentando o risco de quedas, que podem levar a fraturas graves e permanentes, como no caso de pessoas com osteoporose.
  • Dificuldades cognitivas: Pode causar confusão, perda de memória e alterar o humor, às vezes sendo confundido com demência.
  • Problemas sociais e financeiras: O alcoolismo pode levar ao isolamento social e a dificuldades financeiras.

O que fazer

  • Procurar ajuda profissional: O apoio de profissionais de saúde é essencial para o diagnóstico e tratamento adequado, incluindo acompanhamento médico e psicológico.
  • Diálogo aberto: É importante ter uma conversa aberta e sensível com o idoso sobre o problema, mostrando apoio e compreensão.
  • Estímulo a atividades alternativas: Incentivar o idoso a participar de outras atividades  pode ajudar a reduzir a solidão e o tempo dedicado ao consumo de álcool.

O problema precisa   ser discutido e enfrentado rapidamente.

Fonte: Dados do Ministério da Saúde

Foto: Imagem: iStock

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ana.vargas@portalplena.com | Website |  + posts

Jornalista com experiência sobretudo em redação de textos variados - de meio ambiente à saúde; de temas sociais à política e urbanismo. Experiência no mercado editorial: pesquisa e redação de livros com focos diversos; acompanhamento do processo editorial (preparação de textos, revisão etc.); Assistência editorial free lancer. Revisora Free Lancer das editoras Planeta; Universo dos Livros e Alta Books. Semifinalista do Prêmio Oceanos 2020.

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