Para Alice com afeto…

Uma crônica em forma de carinho e saudade…

 

Acelice Aparecida Guillarduci Ruiz*

Final de Fevereiro de 2000 ela já estava de cama há foi mais de um ano. Na verdade, adoeceu em 1993, uma crise de vesícula, a qual teve que ser retirada.

Dali por diante as coisas só foram piorando.
A cada consulta médica, pediam um exame novo e uma nova enfermidade  aparecia: pressão alta, princípio de diabetes e Parkinson…

Esta última  foi a doença que a levou à depressão.
Ela tomava remédios todos os dias, seguia as orientações médicas e as coisas foram se estabilizando, até porque o Parkinson não tem cura.

Esta é uma doença que  fica ‘controlada’, mas para ela tremer era uma vergonha, não queria mais sair de
casa. Deixou de fazer tantas coisas que amava e eu sentia que a tristeza foi levando-a embora e afastando-a das pessoas que tanto amava.
Um certo dia, ela acabou sofrendo um acidente vascular cerebral, esse foi leve, não deixou sequelas, mas não parou por aí…

E uma certa noite, ao se levantar do sofá, ela acabou caindo. Naquele momento todos rimos, inclusive, ela.

Mas a queda  teve uma consequência… Ela quebrou o fêmur, passou por uma cirurgia, precisou colocar pinos e, para piorar, os rins começaram a falhar.
Era uma luta sem fim.

Meus pais Alice e Antônio no batizado do meu filho João Lucas em 1988. (foto arquivo pessoal)

Naquele dia, ela voltou para casa em uma  cadeira de rodas, pois não andaria mais. E ainda tentou  ser feliz e não deixar a família triste.

Sua existência finalizou-se em cima de uma cama, dentro de um quarto que mais parecia um hospital… E, quando veio o
segundo AVC, esse foi cruel e deixou marcas profundas e irreversíveis.

Ela, então, passou a usar sonda, fraldas, não falava mais, não se movia sozinha. Tomava banho em uma cadeira apropriada com a nossa ajuda, não comia sozinha e nem
bebia água se alguém não lhe desse.
Mas, com todas estas suas dificuldades, ela ainda  tinha um olhar de vencedora e parecia feliz por ter realizado tantas coisas boas e ter deixado marcas por onde passou.
Quando ela partiu, em 02 de março de 2000, às 22 horas, não consegui chorar mesmo sabendo o quanto ela faria falta. Eu sabia que não teria mais seu abraço, suas conversas, broncas, incentivos, mas agradeci por saber que todo seu sofrimento havia se encerrado.

Essa é a história de Alice, minha Mãe…

*Acelice Aparecida Guillarduci Ruiz é professora há mais de 30 anos.

Se você gosta do nosso trabalho, comente, curta o PortalPlenaGente+, marque nossa plataforma nas redes sociais e compartilhe nosso conteúdo! A gente agradece!

Portal Plena Gente+

ana.vargas@portalplena.com | Website |  + posts

Jornalista com experiência sobretudo em redação de textos variados - de meio ambiente à saúde; de temas sociais à política e urbanismo. Experiência no mercado editorial: pesquisa e redação de livros com focos diversos; acompanhamento do processo editorial (preparação de textos, revisão etc.); Assistência editorial free lancer. Revisora Free Lancer das editoras Planeta; Universo dos Livros e Alta Books. Semifinalista do Prêmio Oceanos 2020.

One comment

Leave a Reply

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *