Vamos aos fatos: é certo que o general Augusto Heleno declarou às autoridades ter a doença de Alzheimer desde 2018, durante o exame médico de corpo de delito realizado após sua prisão ocorrida em 25 de novembro de 2025.
Redação
Mas vale ressaltar que a avaliação médica inicial (em 2018) indicou que ele estava em bom estado geral de saúde e emocionalmente estável, razão pela qual sua alegação atual tem sido vista como uma “desculpa” e tem causado debates públicos e especulações.
O que se sabe é que durante o exame de corpo de delito, Heleno disse ser “portador de Alzheimer em evolução desde 2018, com perda de memória recente importante”. Contudo, o laudo do exame, assinado pela médica responsável em 2018, concluiu que o general, de 78 anos, apresentava “bom estado geral, alerta e com sinais vitais regulares”, além de estar “colaborativo e com estado emocional estável”, queixando-se apenas de dores nas costas no momento da avaliação.
Também é importante lembrar o contexto político do General que exerceu o cargo de Ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) durante todo o governo Bolsonaro (2019-2022), após a data em que ele alega ter recebido o diagnóstico, e participou de reuniões cruciais relacionadas aos eventos que levaram à sua condenação por tentativa de golpe de Estado
Até o momento, a defesa do general não apresentou publicamente um laudo médico que comprove a condição clínica relatada, invocando o direito ao sigilo e à privacidade.
A alegação de Alzheimer, feita somente agora, no momento da prisão para cumprimento de uma pena de 21 anos, tem gerado discussões sobre a gravidade real de sua condição e se ela poderia ser usada como argumento para abrandamento da pena ou para questionar sua capacidade de ocupar um cargo de alta responsabilidade durante o período mencionado.
Fomos conversar com a arquiteta Miriam Morata* que escreveu de três livros sobre a doença de Alzheimer por ter vivenciado profundamente as consequência da doença, pois seus pais foram acometidos por ela, e ela assim nos respondeu:
“Eu prefiro deixar a opinião para médicos e juristas, não tenho conhecimento para falar sobre a doença e nem sobre os argumentos que ele está usando para se defender. Mas uma coisa eu sei, quando alguém escreve – “Ele tem Alzheimer, esqueceu de contar. kkkkkk” sinto nojo de como algumas pessoas utilizam essa doença para uso político e como é “engraçado” ridicularizar quem tem doença de Alzheimer. Espero que os memes e justificativas para desvio de caráter que a imprensa já começou a espalhar, não ofusquem a realidade dolorosa, cruel e solitária do cuidador e de quem realmente tem Alzheimer ou qualquer doença cognitiva. Alzheimer não tem graça, RESPEITEM!!!!
Resumindo: independente do fato do general Heleno ter ou não Alzheimer, a maneira como a doença tem sido tratada pelos criadores de memes de plantão, é um desrespeito inaceitável para com as quase duas milhões de pessoas que vivem com Alzheimer somente aqui no Brasil.
*Miriam Morata é autora dos livros Alzheimer: diário do esquecimento; Alzheimer: recolhendo os pedaços e Alzheimer:assombro e cura do cuidador. Em sua página “Alzheimer: diário do esquecimento #cuidademim” possui mais de 41 mil seguidores.
Jornalista, autora de 5 livros, um deles semifinalista do Prêmio Oceanos 2020.








