Preços dos alimentos disparam e elevam a maior prévia da inflação para março desde 2015.

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Da redação:

IBGE revela que 2022 começou muito pior que 2021, e comer está bem mais caro. Perda do poder de compra acumulada desde 2020 deve ultrapassar os 20% até o fim deste ano. E o aumento dos combustíveis deverá tornar muito pior a situação

Os alimentos continuam puxando a escalada inflacionária dos dois dígitos de Jair Bolsonaro e seu ministro-banqueiro Paulo Guedes. Mas cuidar da saúde, encher o tanque, comprar o botijão de gás ou pagar a conta de luz também ficou mais caro. A “prévia da inflação” divulgada nesta sexta-feira (25) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) se espalha pelos nove grupos de produtos e serviços que compõem o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15).

Houve disparada dos preços da cenoura (45,65%) e altas expressivas nos preços do tomate (15,46%) e das frutas (6,34%). As altas atingiram ainda os preços da batata-inglesa (11,81%), do ovo de galinha (6,53%) e do leite longa vida (3,41%).
No grupo Saúde e cuidados pessoais, houve alta dos itens de higiene pessoal (3,98%) e, em particular, dos perfumes (12,84%). 

Como em janeiro e fevereiro, o principal puxador da inflação foi o grupo Alimentos e bebidas. 

Fipe também detecta aceleração inflacionária

A Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) também divulgou nesta sexta seu Índice de Preços ao Consumidor (IPC), que mede a inflação na cidade de São Paulo. O indicador subiu 1,14% na terceira quadrissemana de março, acelerando em relação à alta de 0,96% observada na segunda quadrissemana deste mês.

Coordenador do Índice de Preços ao Consumidor (IPC) da Fipe, o economista Guilherme Moreira lembrou que, em três anos, incluindo este, a inflação deve acumular alta de mais de 20%. “É muita coisa. É um quadro muito preocupante. Em três anos perdemos 21% do poder de compra e precisaríamos ganhar entre 20% a 21% a mais para compensar o poder de compra perdido”, afirmou ao Estado de São Paulo.

População corta compras e  se endivida no cartão de crédito

O indicador oficial da inflação brasileira, Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), será divulgado pelo IBGE em 8 de abril, mas uma pesquisa da consultoria global Kantar divulgada nesta semana revelou que, em 2021, com o IPCA a 10,06%, o brasileiro levou para casa um volume 5,6% menor de produtos de uma cesta com 120 categorias, entre alimentos, bebidas, higiene e limpeza, na comparação com o ano anterior. Em número de unidades, o recuo foi de 2,6%.

Mesmo comprando menos, o consumidor gastou 8,6% a mais do que em 2020. Em 2022, a alta de preços não deu trégua, pelo contrário (em 12 meses, até fevereiro, subiu para 10,54%). 

Com a renda comprimida, brasileiros apelam cada vez mais para a modalidade mais arriscada de crédito. Nesta quinta (24), a Associação Brasileira de Defesa do Consumidor (Proteste) revelou que o uso do cartão de crédito é responsável pelo endividamento de 72% dos moradores das duas mais populosas cidades do país – São Paulo e Rio de Janeiro – neste ano. 

Fonte:  IBGE

Imagem de abertura – divulgação

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