
Hellen não gosta do adjetivo«bonita» apesar de ouvi-lo várias vezes. Não se importa com o que os outros pensam, mas fica incomodada quando dizem que tem os olhos azuis. «São cinzentos!», faz questão de corrigir. Sempre foi provocadora e nunca deixou nada por dizer…
Recorde-se da entrevista que deu, em 1975, a Michael Parkinson que a entrevistou e a apresentou como a «rainha do sexo» da Royal Shakespeare Company e questionou se a sua aparência «atrapalhava» a sua credibilidade como uma atriz séria. Mirren respondeu, de forma contundente, questionando se ele estava a insinuar que atrizes sérias não podem ter «seios grandes».
Ela também gosta de jardinagem, de ler, fica aborrecida quando um livro de que gosta muito chega ao fim e, apesar de ter mais do que motivos para se considerar e viver como uma diva, o mais importante para ela é conseguir manter alguma normalidade e estar com a família. «Sinto-me particularmente grata por estar num casamento feliz. Amo o meu marido, amo estar com ele. Ele é um pesadelo, mas é ótimo, e mal posso esperar para vê-lo… Sinto falta dele quando não está por perto. Não que eu não possa viver sem ele, porque posso. Mas esta é uma parte muito boa da minha vida. Quando olho para trás e penso no que fizemos juntos…», lembrou na mesma entrevista, na altura com 70 anos. Recorde-se que a atriz é casada com o realizador Taylor Hackford há 28 anos.
Helen Mirren comemorou o seu 80º aniversário no dia 26 de julho e parece saber lidar bem com o passar dos anos. Em 2023, numa entrevista à Vogue, a atriz revelou odiar o termo«antienvelhecimento», porque considera que envelhecer «é uma parte natural da vida». “Temos que aceitar!”
Mas isso não significa que não devemos estar no nosso melhor, independentemente da idade. E, claro, produtos para cabelo, cremes e maquiagem ajudam, com certeza. Eu adoro maquiagem. Passo horas em frente à minha penteadeira, não para tentar parecer uma modelo, mas porque adoro experimentar novos produtos», revelou, sublinhando que «todos deveriam aceitar quem são».
«Essa autoaceitação é uma das coisas mais importantes da vida. Só vivemos uma vez, e com sorte por muito tempo — e, no processo, envelhecemos. As pessoas que exageraram nas cirurgias plásticas parecem monstros. Estão péssimas, parecem muito piores do que pessoas mais velhas que são naturalmente mais velhas, mas gostam da idade. Em vez de ‘antienvelhecimento’, deveria ser ‘aproveite o envelhecimento’», acrescentou. Mas de onde vem esta mulher cheia de garra? Como ela chegou até aqui?
Do teatro ao cinema
Hellen nasceu em Londres a 26 de julho de 1945 e é filha de pai russo e mãe inglesa. Ao longo da sua longa carreira, interpretou cinco governantes femininas tanto no palco como no cinema: Cleópatra, Rainha Carlota, Rainhas Elizabeth I e Elizabeth II, e Czarina Catarina, a Grande. «Não levo os meus papéis para o lado pessoal. Não os vejo como um diário do meu desenvolvimento pessoal», disse numa entrevista. No entanto, o seu passado aproxima-a dessas personagens, já que Ilyena Lydia Vasilievna Mironov – nome com o qual foi registrada –, vem da nobreza russa. Um dos seus ancestrais foi o Conde Mikhail Kamensky, marechal de campo na guerra contra Napoleão, entre outros. O seu avô paterno, bielorrusso e nobre, foi coronel e, durante a Primeira Guerra Mundial, adido militar na embaixada czarista em Londres. Após a Revolução de Outubro, ele decidiu permanecer na Inglaterra, embora sem um tostão, pois os seus títulos, propriedades e bens haviam sido confiscados pelos bolcheviques. Um diplomata russo privilegiado tornou-se um dos muitos imigrantes retidos e motoristas de táxi londrinos.
Helen e os seus dois irmãos cresceram num ambiente de classe trabalhadora com os preconceitos dos seus vizinhos nativos contra «espiões russos» e com aspirações culturais. «Em casa, durante o jantar, sempre discutimos as grandes questões da vida: ‘Existe uma alma? O que é arte? Qual é a diferença entre arte e artesanato?’», garantiu. Para desgosto do avô orgulhoso e patriota, a família votou no Partido Trabalhista e, por respeito a ele, o sobrenome só foi anglicizado após a sua morte, em meados da década de 1950: Mironov tornou-se Mirren e Ilyena passou a Helen.
Começou a sua carreira no palco, ingressando no National Youth Theatre da Grã-Bretanha aos 18 anos, depois de ter estudado num colégio de freiras onde aprendeu a «não ter medo».
De acordo com a Euronews, Mirren conseguiu o seu primeiro papel importante no cinema na comédia romântica The Age of Consent, de Michael Powell, em 1969. Mais tarde, ganhou reconhecimento pelos seus papéis como a mulher de um imperador no drama erótico Calígula, de 1979, a namorada de um gangster em The Long Good Friday e Morgana le Fay em Excalibur.
Recebeu a sua primeira nomeação para um Oscar pelo seu papel de Rainha Charlotte no filme de 1994 “The Madness of King George”, mas foi apenas depois de 2000 que o seu nome ressoou realmente pelo mundo, graças ao seu papel principal na série televisiva policial britânicaPrime Suspect, onde deu vida à inspetora-chefe Jane Tennison e que lhe valeu dois Primetime Emmy Awards. Além desses, ao longo da carreira, ganhou três prémios BAFTA TV, foi nomeada Comandante da Ordem do Império Britânico em 2003 e recebeu o Óscar de Melhor Atriz pelo seu papel no filmeA Rainha, em 2007.
Se você gosta do nosso trabalho, comente, curta o PortalPlenaGente+ nas redes sociais e compartilhe nosso conteúdo! A gente agradece!
Jornalista com experiência sobretudo em redação de textos variados - de meio ambiente à saúde; de temas sociais à política e urbanismo. Experiência no mercado editorial: pesquisa e redação de livros com focos diversos; acompanhamento do processo editorial (preparação de textos, revisão etc.); Assistência editorial free lancer. Revisora Free Lancer das editoras Planeta; Universo dos Livros e Alta Books. Semifinalista do Prêmio Oceanos 2020.
- Ana Cláudia Vargashttps://portalplena.com/author/ana/
- Ana Cláudia Vargashttps://portalplena.com/author/ana/
- Ana Cláudia Vargashttps://portalplena.com/author/ana/
- Ana Cláudia Vargashttps://portalplena.com/author/ana/