A tragédia no Litoral Norte de São Paulo, que até o momento deixou 49 pessoas mortas, acendeu um alerta sobre capacidade de prevenção e respostas aos eventos climáticos extremos no Brasil.
Brasil de Fato
Segundo dados do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), cerca de 10 milhões de brasileiros vivem em área de risco.
A combinação de mudanças climáticas com desigualdade resulta em tragédias como a enfrentada em São Paulo, mas que também tem se repetido com preocupante frequência em outras cidades, como foram os casos de Recife, Manaus, cidades do sul da Bahia, Petrópolis e Belo Horizonte.
O Secretário Executivo do Observatório do Clima, Marcio Astrini, em entrevista ao programa Central do Brasil desta quinta-feira(23), afirmou que é difícil apontar causa única para esses eventos climáticos. mas que é impossível não considerar o aquecimento global.
“De forma geral, cientistas não poupam a avaliação de que, sim, há uma relação. Até pelo conjunto de situações que a gente vem vivendo no Brasil e no mundo. Tivemos enchentes, deslizamentos de terra já em Recife, norte de Minas Gerais, sul da Bahia, Petrópolis e secas no sul do país. Nós já estamos vivendo um período, no planeta inteiro inclusive, estas situações. Infelizmente, um clima mais agressivo parece ser um novo normal”, explicou. Ele também apontou que os problemas climáticos não afetam apenas o território e o meio ambiente, mas têm um impacto negativo social muito explícito.
“Mudança climática é uma fábrica de gerar pobreza e desigualdades sociais. Quem paga a maior parcela da conta por todo esse desequilíbrio climático são as populações mais pobres. E com um detalhe: essas populações são as que menos causaram esse problema.”
Astrini falou também sobre outros eventos extremos, como a estiagem no Rio Grande do Sul, e a oportunidade que se abre agora para o Brasil, no plano internacional, para ser protagonista nas ações de combate às mudanças climáticas. “Essa questão de clima traz uma oportunidade muito grande de abrir as portas para o Brasil, economicamente e do ponto de vista diplomático. É um risco, mas também é um lugar em que o Brasil tem muito a contribuir e a mostrar ao mundo como é que se faz”, apontou.