Evento promovido pelo Casarão Brasil – Associação LGBTI reuniu representantes de diferentes países
Da redação **
Todos nós sabemos que a comunidade LGBTQIA+ sofre preconceitos e é alvo de invisibilizações diversas (usar ou um ou outro). Porém, uma parte desta comunidade é pouco mencionada: os refugiados e migrantes, que já sofrem por estar chegando a um país desconhecido e mais o preconceito de sua orientação sexual. Pensando nisso, o Casarão Brasil promoveu a 1ª Conferência de Direitos Humanos de Refugiados e Migrantes LGBTI. O debate, que ocorreu na última quinta-feira (17), tratou sobre a cidadania e a inclusão de refugiados e migrantes LGBTI.
A Conferência virtual trouxe representantes de diferentes países, como o Cônsul-Geral de Portugal em São Paulo, Paulo Jorge Nascimento, que falou muito sobre o acolhimento e acesso a Serviços Públicos por Refugiados e Migrantes LGBTI. “Eu acredito que o mundo tenha obrigação de andar para frente. Muitos refugiados ou migrantes são discriminados por sua orientação sexual. Eu entendo que eles devam ter um trabalho digno, que permita uma integração social, e viver em um lugar que os proteja, é um direito fundamental. Isso é indiscutível! Todos os países do mundo têm a obrigação de prestar atenção e seguir esses princípios, podemos fazer isso internacionalmente através de campanhas de sensibilização”, defendeu o Cônsul.
Já Ana Wanzeler, chefe de gabinete da Secretaria de Relações Internacionais da Prefeitura de São Paulo, tratou sobre as políticas públicas para os refugiados e migrantes LGBTI. “O processo migratório é muito sensível, e os migrantes LGBTQIA + têm um desafio maior ainda. Aqui na Secretaria, temos uma atenção especial para que a integração dessa população seja uma prioridade. Do ponto de vista internacional, São Paulo é referência em sua política de apoio ao imigrante, está em combate ao retrocesso do Governo Federal. Como o Plano Municipal de Política para o Imigrante, inédito entre os municípios brasileiros, que foi montada com a participação de refugiados, imigrantes e organizações internacionais, como a Agência da ONU para Refugiados. Esse documento prevê um eixo específico sobre o acesso à direitos e serviços à população imigrante LGBTQIA +. Na prática, significa que essa população tem acesso integral à educação, trabalho, saúde, geração de renda e as redes de proteção específica”, detalhou Ana.
Na Conferência, também foram abordados temas como a promoção e garantia de acesso a direitos sociais e serviços públicos para refugiados e migrantes LGBTI na União Europeia, trazida por Juliana Wahlgren, fundadora da Revibra Europa e chefe de litígio estratégico da ENAR, em contraste com a situação da América Latina, comentada por Maria Paula Botero, psicóloga e pesquisadora de migrações LGBTQIA+.
A 1ª Conferência foi realizada com apoio do Consulado Geral do Reino dos Países Baixos em São Paulo. Gabriela Presti, assessora cultural do Reino dos Países Baixos, lembrou na Conferência que, na Holanda, candidatos políticos foram impedidos de trabalhar por sua orientação sexual. “Hoje, a mudança está consagrada na lei holandesa e com amplo apoio público ao direito de determinar sua vida pessoal e com proteção à violência no espaço público e privado.”
“Há motivos para ser otimistas, no entanto, nossos princípios ainda não são refletidos em todas as esferas. Nosso princípio é que todas as pessoas possam estar livres de preconceito no mercado de trabalho e igualdade de tratamento. Essas pautas estão no foco principal de nossas políticas, defendida de forma irrestrita pelo governo.”
“Para colocar esses princípios em prática, precisamos dos empregadores, os cidadãos, escolas, organizações da sociedade civil, sindicatos, dentre outros juntos”, pontuou Gabriela.
Além disso, a Diretora de Proteção de Direitos de Minorias Sociais e População em Situação de Risco do Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos, Marina Reidel falou sobre a dificuldade e o desafio em construir Políticas Públicas dentro do Departamento que deem conta das necessidades do dia a dia dessa parte da população. “Nós precisamos pensar e ouvir essas pessoas. Vemos que o Casarão Brasil quer dialogar para avançar com as políticas. Porém, todas as vezes que alguém quer se refugiar aqui no Brasil e faz parte da comunidade LGBTI, por medo ou por receio de se identificarem, não é no primeiro momento que a pessoa vai assumir a sua identidade”, contou Marina.
O Casarão Brasil – Associação LGBTI é uma organização social sem fins lucrativos, fundada em 2008 para inovar as atuações política e social em favor da cidadania de lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais e intersexual (LGBTI). A instituição oferece uma variedade de serviços para a comunidade arco-íris e realiza eventos em diversas áreas, como assistência social, saúde, educação e trabalhos voltados para o fortalecimento e autoestima dessa população. Também promove campanhas desenvolvidas para os homossexuais e a sociedade em geral.
** fonte: assessoria de imprensa
Foto de abertura: NURPHOTO VIA GETTY IMAGES
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