Estudiosa alerta para o perigo real de um segundo surto da pandemia como aconteceu durante a gripe espanhola

A possibilidade de existirem mais surtos  da pandemia da covid-19 é algo bem real. A história já nos mostrou mais de uma vez que, efetivamente, isto pode ocorrer. 
Um dos exemplos mais recentes aconteceu no início do século XX com a gripe espanhola. A arqueóloga portuguesa Joana Freitas alerta para esse fator.
” O panorama de sermos alvo de novos surtos  é algo muito real. Durante a gripe espanhola,  o globo foi atingido por três surtos separados da doença sendo que, em muitos locais, o segundo  foi o mais letal”,  afirma ela.
Apesar do tempo decorrido, a forma como a humanidade lida com as epidemias parece não se alterar subsistindo, muitas vezes, os mesmos erros cometidos no passado.
“Infelizmente, parece que aprendemos muito pouco com os erros. Há um exemplo específico que gosto de dar para compreendermos o que ocorre quando relaxamos as medidas, sem estudo prévio, e o que acontece quando a possibilidade de um segundo surto  é esquecido.  Durante a gripe espanhola,  a Primeira Guerra estava para chegar ao fim, embora a própria doença tivesse sido também um fator contributivo. Nos Estados Unidos, a cidade de São Francisco foi das primeiras a adotar medidas. No entanto, mal verificou uma diminuição de casos e de mortos passou ao outro extremo. Os cuidados foram completamente esquecidos  e, em breve, as máscaras eram atiradas para o lixo como símbolo de liberdade enquanto as população se juntava na rua e em cafés. Era uma comemoração em dose dupla, final da guerra e final da epidemia. Em poucas semanas, se aperceberam do erro que tinham cometido e viram o número de infeções e mortes a aumentar drasticamente”, explica Joana Freitas.
A história existe para ensinar, para servir de guia quando algo semelhante ocorre. Infelizmente nem sempre é o que acontece.
” Hoje, há cem anos ou mesmo, mais atrás no tempo, o ser humano é resistente à mudança. Mesmo cumprindo durante algum tempo, as medidas de prevenção chegam a uma altura em que é difícil continuar a aceitar tudo o que é proposto. As medidas de desconfinamento devem ser graduais e bem pensadas. Há lições que precisamos, efetivamente, aprender. O vírus continua a circular mesmo quando o número de casos diminui e não devemos deitar por terra todos os esforços feitos até então. Uma luz ao fundo do túnel é exatamente isso, apenas uma luz, e não uma cura milagrosa que eliminará os perigos de um dia para o outro”, reitera. 
Segundo Joana Freitas, há ainda outras possibilidades que devemos atender, ” sem métodos eficazes, como a criação de uma vacina, além dos novos surtos devemos estar preparados para a constante mutação do vírus. Uma delas pode ser mais agressiva e, por isso, mais letal. Infelizmente, há regras que vieram para ficar até encontrarmos um tratamento e meio de prevenção eficazes”.
Segundo Joana Freitas “as medidas de desconfinamento  devem ser graduais e bem pensadas. Há lições que precisamos, efetivamente, aprender. O vírus continua a circular mesmo quando o número de casos diminui e não devemos deitar por terra todos os esforços feitos até então”. (foto – divulgação)
Segundo a arqueóloga, devemos esperar um período de abrandamento e observar o comportamento da doença na próxima estação.
“Muitas vezes,  o  surto parece estar a abrandar e, muito rapidamente toma proporções maiores. No hemisfério norte, temos de estar atentos à chegada do inverno e observar, desde cedo, o comportamento e a evolução do número de casos. O segundo surto já não será algo inesperado e, por essa razão, temos de obrigatoriamente estar melhor preparados. Todos, absolutamente todos numa sociedade, têm o dever de ajudar a controlar este tipo de surtos”, conclui Joana Freitas. 
fonte: assessoria de imprensa/foto de abertura (wikimedia commons) “Enfermeiros da Cruz Vermelha cuidando de pacientes infectados pelo vírus influenza em Oakland, Califórnia, em 1918”  – Foto de Edward A. “Doc” Rogers. 

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