Regulamentação da “Cannabis” medicinal facilita acesso de pacientes

Apesar de defender liberação, André Malbergier pede cautela na indicação do produto para evitar efeito colateral.

Jornal da USP

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou nesta terça-feira (3) novas regras para registro de produtos à base de Cannabis, gênero de plantas no qual está classificada a maconha.  O professor André Malbergier, do Instituto de Psiquiatria (IPq) da Faculdade de Medicina (FM) da USP, explica que o cultivo da planta continua proibido no Brasil. Agora, existe uma regulamentação para manufaturar produtos contendo canabidiol, que ainda não são considerados remédios propriamente ditos pela Anvisa.

O psiquiatra defende que o paciente que já importa medicamentos com base em extratos da planta tem sua vida facilitada. “Hoje, o preço é muito  proibitivo. Um frasquinho custa em torno de mil reais”, conta ao Jornal da USP no Ar. Esses remédios não têm THC em quantidade considerável, substância derivada da maconha responsável pelo “barato”, como descreve o especialista. O canabidiol é um dos mais de cem derivados. Suas propriedades têm efeitos em casos de epilepsia refratária em crianças, esclerose múltipla e aliviam tosses e enjôos provenientes de quimioterapia em doenças crônicas.  

Por outro lado, Malbergier pede cautela. Segundo ele, faltam estudos dos efeitos dos produtos da Cannabis sativa nos médio e longo prazos. “Uma coisa é tratar um adulto que tenha ansiedade com canabidiol, ou canabinoides em geral. Expor o cérebro imaturo de uma criança é outra coisa”, argumenta. Ainda assim, o especialista ressalta a importância dos medicamentos para pacientes em que o tratamento tradicional não teve efeito.

“Lembra da vitamina C?”, questiona o médico. Ele recorda que sempre há algum produto ou substância que está em alta na opinião pública. “Agora é o Cannabis”, aponta. Por enquanto, a regulamentação caminha vagarosamente. Nas farmácias, o canabidiol terá receita azul em produtos com menos de 0,2% de THC e tarja amarela em produtos com mais de 0,2% de THC. O psiquiatra alerta todos os médicos a buscarem informações.

Para ouvir a entrevista clique aqui

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