Em 30 dias, o número de contaminados testados subiu 8,2 vezes. Enquanto o de mortos 11,5 vezes. O Brasil destoa de quase toda América do Sul, à exceção do Equador, quando observamos o crescimento da pandemia.
Wanderley Parizotto**
A evolução enorme acima apresentada deu-se exatamente no período de afrouxamento do isolamento social. A continuar deste jeito, em um mês os números serão aterrorizantes. Imprevisíveis. Até porque há iminente risco do colapso total do sistema de saúde na maioria dos Estados. Não teremos como enterrar os mortos. A continuar a população não respeitando o isolamento, as autoridades serão obrigadas a decretar lockdown, isto é, a proibição total de circulação de pessoas, a não ser para buscar serviços essenciais.
Quanto mais cedo nos isolarmos seriamente, mais cedo a vida voltará ao normal.
Aglomerações em frente às agências da CAIXA ECONÔMICA FEDERAL denotam absoluta incapacidade do Governo Federal e um sadismo inominável. Provocam contaminação e mortes.
A dita preocupação com a economia do Governo é pura falácia. Se o país tivesse levado a sério o problema, os danos causados à economia seriam menores. Basta olhar para os países que fizeram as coisas certas: isolamento, testes em massa, transferência de renda para os que precisam e financiamento das empresas com rapidez, informações corretas para a população e, acima de tudo, não criar novas crises.
Já basta a provocada pelo vírus.
Ressalte-se ainda que 75% das pequenas e micro-empresas não conseguiram acesso às linhas de crédito.
O presidente vive dizendo que o brasileiro precisa voltar a trabalhar. O presidente da FIESP ( Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) Paulo Skaf, também. E a eles juntam-se outras figuras. Porém, até agora o Governo não apresentou um plano mínimo sequer para o retorno. Procedimentos básicos, um protocolo. Exemplos: Equipamentos de proteção que as empresas deverão fornecer aos seus funcionários e obrigatoriedade da medição de temperatura; quantas pessoas poderão adentrar um estabelecimento comercial, determinação de horários alternativos e escalonados do comércio, como evitar aglomerações nos transportes públicos e outros.
Alguém falará que este é o país da fantasia.
Não, é o país possível neste momento.
O Brasil conseguiu cometer mais erros que os EUA, onde há o maior número de contaminados e mortos do mundo. A continuar nesta toada, em breve, nós os passaremos.
**Economista, criador do Portal Plena.