O Alzheimer, meu pai e meus erros

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Várias vezes escrevi aqui sobre meu pai que viveu com a doença  de Alzheimer por muitos anos. Sei perfeitamente da dureza do problema para todos que o cercam.

Wanderley Parizotto**

Quero aqui relatar todos os erros que cometi, não falo pela minha família, só por mim. Em razão destes erros, desde quando  foi diagnosticado,
eu e minha família, entramos num labirinto escuro e muito sofrido.
Hoje, entendo que se não tivesse cometido estes erros, nossas vidas, do meu pai e da minha família, talvez, fossem menos difíceis.
Meu depoimento tem um único propósito, alertar nossos leitores que vivem o mesmo problema. Não tenham o meu relato como verdade absoluta, pois cada um vive sua própria experiência.

ERRO Um:

Primeiro ele foi diagnosticado tarde. Mesmo apresentando sintomas evidentes, em razão da minha total falta de conhecimento sobre o problema, não dei a devida importância.

ERRO Dois:

Mesmo sabendo do diagnóstico, não fui a fundo na investigação da doença. Segui a orientação do médico (não estou culpando o profissional), mecanicamente. Não procurei outras possibilidades, outras terapias, gerontólogos, psicólogos.
Meu pai ainda tinha certa memória recente. Se tivesse usado exercícios e terapias para exercitá-la, talvez ela tivesse tido uma sobre vida por alguns anos.

ERRO Três:

Como não conhecia a doença e, portanto, não sabia como lidar com ela, fiz coisas absurdas, achando que estava fazendo o certo, piorando o estado dele e agravando a doença.
Exemplos? Vários.
Falava mais duramente quando ele fazia algo que para mim era errado, como não achar o banheiro, por exemplo. Querer fechar as janelas ao final dos dias. Comer a toda hora. Tomar café de cinco em cinco minutos. Pedir para ligar e desligar a televisão todo momento.  Não incentivá-lo a fazer atividades que ele sempre fez. Desenhar (ele foi desenhista). Isso exercitaria o seu cérebro.
Não incentivá-lo, e fazer com ele, atividades físicas, como andar. Ele sempre gostou de caminhar muito.

Não cuidar da sua alimentação corretamente.
Não ter incentivado a leitura.
Não tê-lo levado a lugares que lhe davam prazer. Futebol, que sempre gostou, embora não guardasse na memória, nem por segundos, os times que estavam jogando.

Diversos erros que minha ignorância em relação ao assunto me levou a cometer tornaram o labirinto maior e mais escuro no tempo.
Tenho certeza que, de qualquer forma, não teria sido nada fácil. Mas poderia ter sido melhor.
Quando me interessei, de fato, e fui estudar o assunto, as coisas visivelmente melhoraram.
Claro que continuaram complicadas, entretanto, menos.
Como não acredito em receitas prontas para nada e, muito menos, em palestrantes de autoajuda, quero somente contar onde acho que errei e ressaltar que o remédio mais eficaz para a doença de Alzheimer e para todos os males desta vida é a informação.

**Wanderley Parizotto, economista e criador deste portal.

imagem de abertura: pixabay/CDJ

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