Para Camila Pereira, a Gerontologia é um setor que precisa ser reconhecido e valorizado no Brasil.
Ana Claudia Vargas
Uma iniciativa que visa debater e fortalecer a Gerontologia no Brasil: este é o principal objetivo de Camila Pereira, estudante baiana que está em busca de parcerias e patrocínios para realizar o 1º Encontro Nacional de Estudantes e Formandos de Gerontologia em São Paulo.
Para Camila “a Gerontologia ainda é uma ciência pouco conhecida e valorizada no Brasil, mas extremamente necessária diante do envelhecimento acelerado da população.”.
Ela também se define como uma “cuidadora humanizada de idosos”, atua na área há quase 10 anos e é estudante do 3º período de Gerontologia.
Como responsável pela organização do encontro citado, ela afirma que o objetivo principal é “reunir estudantes e profissionais da área vindos de diferentes estados do Brasil para dialogar sobre os desafios da formação, trocar experiências e propor ações que valorizem a profissão”.
Acompanhe a seguir, a conversa que tivemos com a Camila:
Camila, você sempre soube que gostaria de trabalhar na área da gerontologia?
Resposta: Não, não foi algo que eu soubesse desde o início da minha vida profissional. Com o tempo, por meio de experiências pessoais e profissionais, percebi que tinha afinidade e vocação para lidar com pessoas idosas. Esse contato mais próximo despertou em mim um senso de cuidado, responsabilidade e empatia, que me levaram a buscar formação na área da gerontologia.
O que a levou a escolher esta profissão? Algum acontecimento familiar ou é vocação mesmo?
Resposta: Como citei, a decisão foi motivada por uma combinação de vivência familiar e vocação. Tive experiências muito próximas com idosos na minha família, o que me permitiu compreender suas necessidades, vulnerabilidades e também o valor da escuta e do acolhimento. Perdi meus avós e tia em 2023 o que me despertou um misto de vulnerabilidade por não puder ajudar e ter conhecimento técnico suficiente para isto. Foi assim que, em 2024, escolhi a Gerontologia para fazer por outras avós, tias e famílias o que não consegui fazer pelos meus familiares. Com isso, essas vivências despertaram meu interesse em aprofundar conhecimentos e atuar de forma profissional para oferecer um cuidado mais qualificado.
Você diz que é cuidadora ‘humanizada’ de idosos: isto significa que há cuidadores ‘não humanizados’? Explique por favor.
Resposta: Infelizmente, sim. Quando falo em cuidado humanizado, refiro-me a um atendimento que vai além das tarefas técnicas, valorizando o respeito, a empatia e a dignidade do idoso. Existem casos em que o cuidado é feito de forma mecânica, sem envolvimento emocional, sem comunicação afetiva e sem considerar a individualidade de cada pessoa. O cuidado humanizado busca justamente resgatar essa dimensão humana, fundamental para a qualidade de vida.
Sei que o segmento de cuidados com os mais velhos ainda não evoluiu bastante no Brasil (não sou especialista nisso, é uma observação superficial), há muitas instituições precárias, por exemplo. Como você vê este segmento?
Resposta: Vejo esse segmento como um campo que precisa de grandes avanços. Embora haja profissionais comprometidos, ainda enfrentamos falta de investimento, estrutura precária e carência de capacitação específica. É preciso criar políticas públicas mais efetivas e ampliar a conscientização sobre a importância do cuidado qualificado, para que o envelhecimento seja vivido com dignidade e não com abandono.
Nesse cenário precário e sabendo o quanto os idosos são desprezados por muitas pessoas em nosso país, qual a importância de um gerontólogo?
Resposta: Nós, gerontólogos, temos um papel fundamental como agentes de transformação social. Atuamos na promoção da qualidade de vida, na defesa dos direitos da pessoa idosa e na construção de estratégias que previnam doenças e fortaleçam vínculos familiares e comunitários. Sua importância está em enxergar o idoso como sujeito de direitos e não apenas como alguém que necessita de cuidados básicos.
No dia a dia, como este profissional pode ajudar o idoso e os familiares dele a lidar com ‘coisas’ como declínio físico, finitude, morte etc.?
Resposta: O gerontólogo pode oferecer orientações práticas e apoio emocional, ajudando a família a compreender cada fase do envelhecimento e a se preparar para ela. Isso inclui promover adaptações no ambiente, incentivar hábitos saudáveis, facilitar o acesso a serviços de saúde e, sobretudo, dialogar sobre temas delicados como a finitude da vida, de forma sensível e respeitosa.
“Nós, gerontólogos, temos um papel fundamental como agentes de transformação social. Atuamos na promoção da qualidade de vida, na defesa dos direitos da pessoa idosa e na construção de estratégias que previnam doenças e fortaleçam vínculos familiares e comunitários. Sua importância está em enxergar o idoso como sujeito de direitos e não apenas como alguém que necessita de cuidados básicos”. Camila Pereira. (foto arquivo pessoal)
Camila, você está organizando o 1º Encontro Nacional de Estudantes e Formandos de Gerontologia, como nasceu a ideia desse encontro e quais são seus objetivos?
Resposta: A ideia nasceu a princípio de um Grupo de Estudos da área da Gerontologia e, desse grupo ( em 2024) foi criado outro com 23 mulheres e que, hoje, nos consideramos mais que amigas, pois, além dos estudos, compartilhamos nossas vidas, rotina, saúde, problemas e batizamos o grupo de “Geronto de Elite.” Eu, no princípio do ano, falei que tinha vontade de conhecer todas elas e que iria até São Paulo com essa intenção. Foi assim que também surgiu a percepção de que precisamos unir forças e criar um espaço de troca de experiências entre estudantes e formandos da área e, com apoio de todo o grupo e mais algumas pessoas, estamos juntando fundos para o encontro. Até agora já temos camisas, lembranças e um sítio alugado para o evento. O objetivo principal desse encontro é fortalecer nossa rede de contatos, compartilhar conhecimentos, promover debates sobre desafios e inovações no cuidado ao idoso e valorizar a profissão de gerontólogo no cenário nacional.
Quando e onde ele acontecerá o Encontro?
Resposta: O evento acontecerá em 2025, na cidade de São Paulo, na região de Guarulhos com data já definida de 12 a 16 de Novembro. Será um encontro presencial que reunirá estudantes de diversas regiões do Brasil, onde teremos um grupo de pré-convidados e inscritos com mais de 40 pessoas do norte ao sul do país, unidas, motivadas e ansiosas por este momento.
Quem quiser participar deve proceder como? Há um link de inscrições, um telefone…?
Resposta: Sim, quem quiser participar, pode me procurar em minhas redes sociais _ Instagram: @ca_pereira20ou Facebook: Camila Pereira_ que será direcionado ao nosso grupo oficial no WhatsApp e passarei as informações. Também deixo meu número de telefone e e-mail para contato, de modo a facilitar a comunicação e esclarecer dúvidas: (71) 99289-5464/ kahassessoria.cs@gmail.com
Você também está em busca de parcerias e patrocínio? Deixe aqui seu recado.
Sim, estamos abertos a parcerias e patrocínios que possam contribuir para o fortalecimento do evento e para a valorização da Gerontologia no Brasil. Apoiar essa iniciativa é investir na qualidade de vida dos idosos e no crescimento de profissionais capacitados para lidar com o envelhecimento da população. Quem quiser nos ajudar, poderá nos contatar pela redes sociais acima citadas, via pix, ou doando alimentos, produtos de higiene e limpeza que serão utilizados por nós no evento e também doados para uma ILPS (instituição de longa permanência) na cidade de São Paulo.
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Jornalista com experiência sobretudo em redação de textos variados - de meio ambiente à saúde; de temas sociais à política e urbanismo. Experiência no mercado editorial: pesquisa e redação de livros com focos diversos; acompanhamento do processo editorial (preparação de textos, revisão etc.); Assistência editorial free lancer. Revisora Free Lancer das editoras Planeta; Universo dos Livros e Alta Books. Semifinalista do Prêmio Oceanos 2020.
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