Envelhecer é uma conquista. Cada ruga, cada marca do tempo, cada história vivida são sinais de que a vida seguiu o seu curso.
Por Débora Goldzveig*
Mas, quando falamos do envelhecimento de pessoas com deficiência, percebemos que essa conquista vem acompanhada de desafios particulares, que muitas vezes ainda não encontram espaço suficiente no debate público.
É preciso olhar para essa realidade sem romantismos, mas também sem negar o quanto já avançamos. Graças à medicina, ao cuidado das famílias e às lutas por inclusão, pessoas com deficiência estão vivendo mais.
Essa é uma vitória coletiva. Mas viver mais só faz sentido quando se vive melhor. E é aqui que a sociedade precisa assumir a sua responsabilidade: garantir qualidade de vida, promover acessibilidade em todas as esferas, investir em saúde especializada, em políticas públicas e, principalmente, em redes de apoio que não deixem ninguém envelhecer sozinho.
Afinal, envelhecer com deficiência não é apenas enfrentar limitações físicas ou cognitivas. É também enfrentar uma sociedade que, tantas vezes, insiste em enxergar barreiras onde deveriam haver pontes. O tempo traz consigo novas fragilidades, mas também pode trazer novas formas de pertencimento, se formos capazes de oferecer cuidado, inclusão e respeito.
Quando pensamos na síndrome de Down, essa discussão se torna ainda mais urgente. A expectativa de vida de pessoas com Down aumentou de forma expressiva nas últimas décadas, superando os 60 anos em muitos países.
Um avanço que merece ser celebrado, mas que abre também um novo capítulo. Com ele, surgem questões inéditas: como lidar com o envelhecimento precoce, a maior incidência de doenças degenerativas e a necessidade de cuidados permanentes? Como garantir que essas pessoas tenham não apenas longevidade, mas também dignidade, autonomia e uma vida plena?

Essas respostas não podem recair unicamente sobre as famílias. São mães, pais, irmãos e cuidadores que, ao longo de toda a vida, já se desdobram em jornadas de amor e dedicação.
Mas o cuidado no envelhecimento precisa ser compartilhado. A sociedade, as instituições, os governos e todos nós temos a missão de construir caminhos de apoio, de criar programas de envelhecimento ativo, de abrir espaços de convivência que mantenham o brilho da vida presente em cada etapa.
Envelhecer ativamente é um direito humano. E quando falamos de pessoas com deficiência, precisamos lembrar que esse direito só se realiza por inteiro quando oferecemos suporte, afeto e oportunidades para que cada pessoa continue a escrever sua própria história.
O envelhecimento não é apenas sobre o tempo que passa. É sobre o que escolhemos fazer, juntos, para que esse tempo seja vivido com amor, pertencimento e respeito.
*Débora Goldzveig é gerente de relações institucionais do Instituto Serendipidade
Sobre o Instituto Serendipidade
O Instituto Serendipidade é uma organização sem fins lucrativos que potencializa a inclusão de pessoas com deficiência, com propósito de transformar a sociedade através da inclusão. Visa ser impulsor de impacto social relevante, colaborativo e inovador, sempre prezando pela representatividade, protagonismo, de forma transversal e acima de tudo, com muito respeito. As iniciativas que atendem diretamente o público são: Programa de Iniciação Esportiva para crianças com síndrome de Down e deficiência intelectual, de famílias de baixa renda; Programa de Envelhecimento que atende mais de 60 idosos com algum tipo de deficiência intelectual para promoção do bem-estar; e o Projeto Laços, que acolhe famílias que recebem a notícia de que seu filho (a) tem algum tipo de deficiência. Atualmente, o Serendipidade impacta mais de um milhão de pessoas, criando pontes, gerando valor em prol da inclusão e através do atendimento direto a pessoas com deficiência intelectual e suas famílias.
Mais informações em www.serendipidade.org.br e nas mídias sociais @institutoserendipidade
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Jornalista com experiência sobretudo em redação de textos variados - de meio ambiente à saúde; de temas sociais à política e urbanismo. Experiência no mercado editorial: pesquisa e redação de livros com focos diversos; acompanhamento do processo editorial (preparação de textos, revisão etc.); Assistência editorial free lancer. Revisora Free Lancer das editoras Planeta; Universo dos Livros e Alta Books. Semifinalista do Prêmio Oceanos 2020.