‘Maquinaia’ era o apelido de Orlando Loppes: personagem inesquecível da cidade de Caieiras.
Wanderley Parizotto – economista
A história, seja da sociedade ou da gente, é um grande garimpo. Você vai recordando, peneirando, escarafunchando daqui e dali, e de repente, encontra na peneira, algo muito precioso.
Havia, na minha infância, a figura misteriosa de um homem que causava-me certo medo… Sempre muito sujo de graxa, nunca desgarrado de sua bicicleta, estranha, diferente das outras, com uma caixa na garupa e muito enfeitada.
Acho também, que nunca o vi sem gorro, não menos esquisito para mim. Não era bem um gorro, mas também não era um chapéu. Ele também não tinha um nome comum como todos na minha infância: não era seu José, nem Antônio ou Dito… Não: ele se chamava ‘Maquinaia’, ou melhor, era conhecido por este apelido, pois seu nome verdadeiro era Orlando Loppes.
Ele estava sempre sozinho, ou melhor, sempre acompanhado só do “gorro”, da bicicleta e da graxa.
Contudo, eu mal podia imaginar que diariamente passava por mim, um dos maiores artistas plásticos do Brasil.
Ali, em Caieiras, dentro da Cia Melhoramentos de Papel, nas vilas operárias onde nasci e cresci.
Não podia imaginar que ao sair de Caieiras, aos 22 anos, deixaria para trás, sem conhecer, a obra do grande Maquinaia, que agora, descubro na peneira do meu garimpo.
Uma curiosidade: em 1979, Maquinaia ‘participou’ do vídeo feito “Vida de Viajante’ feito para a música composta por Luiz Gonzaga e cantada por ele e pelo filho Gonzaguinha. A razão? A gravação foi feita na Estação de Caieiras.
Deixo aqui algumas imagens e o vídeo abaixo (feito por Marco Dartora) para que vocês conheçam um pouco do que foi a vida de Maquinaia: