“O sistema de saúde brasileiro está prestes a desabar, sem equipamentos, leitos e, sobretudo, sem profissionais, adverte o chefe da UTI do Emílio Ribas. “Falo que a gente não é linha de frente, é a linha: não tem nada depois. Se não estivermos lá, não tem quem faça esse trabalho”
17 de março de 2021, 08:26 h – Brasil 247
O chefe da UTI do Instituto de Infectologia Emílio Ribas, Jacques Sztajnbok, diz que o país está no limite e desabafa: “Não há serviço de saúde que possa fazer frente a uma demanda como essa que está se construindo”.
“Tenho médicos que estão em Burnout, tenho os que estão se aposentando, que solicitaram exoneração. Falo que a gente não é linha de frente, é a linha: não tem nada depois. Se não estivermos lá, não tem quem faça esse trabalho”, continua ele, que atua no mais relevante centro de referência em epidemiologia do país, localizado em São Paulo.
Mesmo que os governos abram mais leitos, não há profissionais suficientes para encabeçar o tratamento, afirmou o médico em entrevista à CNN: “Temos enfermagem, fisioterapeutas, todos necessitam de um nível de especialização que não se forma da noite para o dia. É uma situação realmente dramática”.
Ele descreve o que aguarda o país e, de fato, já começa a acontecer: “”Vai chegar uma hora que todos os hospitais vão estar lotados e vamos fazer o que? E na hora que o sistema colapsar, colapsa como um todo. Doenças eventualmente tratáveis com pequenas e rápidas intervenções, se faltar o tratamento, o paciente morrerá de causas evitáveis e simples de tratar”.
Nas UTIs, o perfil mudou, com pacientes mais jovens e grande parte sem comorbidades, conta Sztajnbok: “Temos pacientes de 26 anos sem nenhum fator de risco. Além de não ter leito suficiente, os que chegam lá ficam internados um tempo maior, agravando o problema”.
Foto: Chefe da UTI do hospital Emílio Ribas, Jacques Sztajnbok (16.mar.2021) (Reprodução/CNN)