Pesquisadora da USP desenvolve app que utiliza acelerômetro de smartphones para monitorar capacidade de manter o corpo estável durante o movimento
Jornal da USP
A tecnologia tem desempenhado um papel cada vez mais crucial na área da saúde. Os aplicativos, em especial, se tornaram grandes aliados no dia a dia, facilitando o monitoramento de atividades físicas, o acompanhamento de sinais vitais e até mesmo a realização de avaliações funcionais. Com interfaces intuitivas e recursos cada vez mais sofisticados, eles ajudam a promover maior autonomia e praticidade aos usuários.
Pensando nisso, a pesquisadora Paola Janeiro Valenciano desenvolveu o aplicativo Equidyn durante seu pós-doutorado no Laboratório de Sistemas Motores Humanos da Escola de Educação Física e Esporte (EEFE) da USP. O app foi criado junto ao professor Luis Augusto Teixeira e à equipe do Instituto Nacional de Tecnologia (INT) do Rio de Janeiro. A ferramenta consegue medir o equilíbrio dinâmico por meio da aceleração do tronco usando o smartphone, e possibilitou a realização de dois artigos publicados em revistas científicas. O primeiro verificou a eficácia do protocolo Equidyn na avaliação do equilíbrio em idosos. Já o segundo investigou, por meio do aplicativo, o equilíbrio unipodal simétrico no mesmo grupo etário – ou seja, sua capacidade de se equilibrar de forma simétrica em apenas uma perna.
Os resultados revelaram que o protocolo aplicado pelo app é eficaz para avaliar o equilíbrio corporal em idosos. Com isso, a segunda pesquisa pôde confirmar que, apesar do envelhecimento e das diferenças de força entre as pernas, os participantes mantêm um controle postural simétrico em postura unipodal.
Protocolo Equidyn
Com o aplicativo, a pesquisadora pôde verificar a hipótese de assimetria de equilíbrio das pernas após envelhecimento – Foto: Guilherme Viana
O protocolo Equidyn é um método de avaliação do equilíbrio dinâmico, desenvolvido para ser aplicado por meio de um aplicativo de smartphone que utiliza a acelerometria do tronco. O protocolo consiste em sete tarefas, que incluem postura unipodal estática, oscilações da perna nas direções anteroposterior e mediolateral, além de um exercício de sentar e levantar com apoio bipedal. Todas as atividades são realizadas com base de suporte reduzida e movimentos padronizados, tanto em ritmo quanto em amplitude.
A avaliação é conduzida por um metrônomo digital ajustado para 1 Hz, e marcadores no chão são usados para uniformizar os movimentos entre os participantes. Cada tarefa é repetida três vezes, com duração de 15 segundos cada, totalizando cerca de 20 minutos para a realização do teste. O primeiro estudo foi realizado para validar a eficácia do protocolo Equidyn como ferramenta científica. Nele, 52 participantes fisicamente ativos, entre 60 e 80 anos, realizaram tarefas que envolviam movimentos com base de apoio reduzida e um exercício cíclico de sentar e levantar. Os movimentos eram padronizados em ritmo e amplitude, e a avaliação foi feita por meio de um smartphone preso às costas dos participantes.
Os resultados mostraram que as tarefas de balanço dinâmico foram sensíveis ao envelhecimento e apresentaram correlações moderadas a fortes com o teste de equilíbrio unipodal em pé, indicando que o protocolo é válido e sensível para avaliar o equilíbrio em idosos. Além disso, por utilizar um aplicativo de celular, o método se mostra uma alternativa acessível para contextos clínicos e laboratoriais.
Avaliação do equilíbrio unipodal simétrico
Acelerometria de smartphones pode ajudar na avaliação de índices de equilíbrio – Foto: Guilherme Viana
Após a comprovação da eficácia do protocolo Equidyn, o segundo artigo teve como objetivo investigar se idosos fisicamente ativos apresentam assimetrias no controle de equilíbrio ao se manterem em apoio unipodal, tanto em postura estática quanto em tarefas dinâmicas com oscilações rítmicas da perna livre.
O estudo envolveu 52 idosos fisicamente ativos, com idades entre 61 e 80 anos, todos independentes e sem histórico de quedas recorrentes ou doenças neurológicas. Utilizando o aplicativo para medir a aceleração do tronco, os participantes realizaram três tarefas em apoio com cada perna: postura estática, oscilação anteroposterior (AP) e oscilação mediolateral (ML). A avaliação seguiu o mesmo protocolo da pesquisa anterior, com o smartphone preso ao tronco dos participantes para capturar os dados de aceleração nas direções AP e ML.
Os resultados surpreenderam, pois, ao contrário da hipótese inicial de que o envelhecimento aumentaria as assimetrias entre as pernas, não foram encontradas diferenças estatisticamente significativas entre a perna preferida e a não preferida, nem entre as pernas direita e esquerda. Além disso, observou-se uma forte correlação entre o desempenho das duas pernas em todas as tarefas, indicando que, em idosos fisicamente ativos, o controle de equilíbrio unipodal é simétrico e fortemente associado entre os membros inferiores.
O uso do aplicativo foi essencial para a coleta dos dados, tornando a avaliação do equilíbrio mais acessível. Essa tecnologia permitiu um monitoramento eficiente e prático, viabilizando o estudo em um número maior de participantes e ampliando suas aplicações clínicas e de pesquisa, além de poder contribuir para futuras investigações no campo do equilíbrio corporal.
Mais informações sobre o protocolo Equidyn podem ser encontradas aqui.
*Seção de Relações Institucionais e Comunicação da EEFE. Adaptado para o Jornal da USP
**Estagiário sob orientação de Moisés Dorado
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Jornalista com experiência sobretudo em redação de textos variados - de meio ambiente à saúde; de temas sociais à política e urbanismo. Experiência no mercado editorial: pesquisa e redação de livros com focos diversos; acompanhamento do processo editorial (preparação de textos, revisão etc.); Assistência editorial free lancer. Revisora Free Lancer das editoras Planeta; Universo dos Livros e Alta Books. Semifinalista do Prêmio Oceanos 2020.
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