Reposição hormonal na menopausa garante massa óssea

Especialista afirma que decisão de realizar ou não tratamento depende de avaliação de riscos e contraindicações

Pedro Ezequiel/Jornal da USP

Reposição hormonal na menopausa: fazer ou não fazer? Muitas mulheres ainda têm dúvida, apesar do incômodo dos sintomas nessa fase da vida. Como todo tratamento, pode ter efeitos colaterais, apesar das muitas opções de reposição: injetável, comprimidos, adesivo, gel ou até fitoterápicos — plantas que possuem os flavonoides. O Jornal da USP no Ar conversou sobre mitos e verdades e outros pontos dessa fase da vida feminina com a doutora Rosana Maria Reis, professora do Departamento de Ginecologia e Obstetrícia da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP, do setor de Reprodução Humana.

Ela explica que, quando a paciente está com os sintomas da menopausa, é mais provável que procure ajuda médica. “Se ela apresenta as famosas ondas de calor, irritabilidade, insônia, nervosismo, diminuição da libido, ela se sente mais motivada a tratar esses sintomas. Mas esses sintomas da falta de estrogênio acontecem em cerca de metade das pacientes que entram na menopausa, e por isso existe esse dilema. Tem pacientes que não apresentam os sintomas e questionam se precisam utilizar essa medicação.”

Sobre mitos e verdades: quando a paciente está com os sintomas da menopausa, é mais provável que procure ajuda médica – (Foto: a partir dos subsídios gráficos com licença Creative Commons de atribuição de Ceridwen e BruceBlaus via Wikimedia Commons)

Doutora Rosana afirma que a grande vantagem de fazer a reposição hormonal é a manutenção da qualidade de massa óssea. “Quando a gente para de produzir estrogênio pelo ovário, a gente tem uma perda maior de massa óssea. Se você faz a reposição por um período — talvez uma década, que é o mais usual — você acaba retardando aqueles problemas que vai ter para a qualidade da massa óssea.” Contudo, ao tomar a decisão de realizar a reposição, é preciso conhecer os riscos e as contraindicações. “Mulheres que já apresentaram algum tipo de câncer que tem uma sucessão com os hormônios, principalmente o estrogênio, por exemplo, o câncer de mama, ou então se a mulher teve algum fenômeno tromboembólico — infarto, acidente vascular cerebral, trombose nos membros inferiores. Essas são as contraindicações absolutas, mas existem outras”, diz a doutora.

Para as mulheres que estão nessa fase — principalmente aquelas que não fazem reposição hormonal — existem outras formas de ter os cuidados com a massa óssea. “Nós devemos ter uma dieta rica em cálcio, de leite e derivados — tem pacientes que são intolerantes a lactose ou não gostam desses alimentos, então podem fazer a reposição de cálcio. Outra vitamina fundamental é a D. Então, nesse período, deveríamos fazer reposição com vitamina D. E ainda atividades físicas, principalmente aquelas que têm impacto. A musculação é a campeã para mobilizar a massa óssea, além de caminhada e corrida”, comenta Rosana. Entre algumas novidades a respeito das recomendações, segundo a especialista, há o tempo de início da reposição hormonal. “Deveria ser antes dos 60 anos, para iniciar, ou então, até dez anos após o início da parada dos ciclos menstruais. Agora, o tempo de suspensão da medicação tem que ser muito individualizado.”

A médica ressalta que há a recomendação para se realizar a reposição hormonal, mas considerando cada caso de forma diferente, pois há contraindicações. Sobre as questões que envolvem a vida sexual das pacientes, a doutora Rosana lembra: “Às vezes, mesmo a mulher fazendo reposição, ela pode apresentar, cerca de 20% delas, uma alteração, uma diminuição da lubrificação vaginal que dificulta a atividade sexual. Nesses casos, a gente precisa associar o lubrificante vaginal. E, muitas vezes, as pacientes não têm ideia dessa informação e ficam constrangidas de abordar seus médicos que elas estão tendo esse sintoma”.

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