Corticoide: saiba mais sobre este medicamento, formas de uso, indicações e efeitos colaterais

Esta classe de medicamentos possui ação anti-inflamatória potente, mas precisa ser administrada com cautela para não trazer riscos à saúde 

  Jéssie Panegassi _ site Minha Vida

Corticoides, como conhecemos, são uma classe de medicamentos de ação anti-inflamatória e imunossupressora – ou seja, usada para suprimir os mecanismos de defesa do corpo, um procedimento necessário para a realização de transplantes e enxertos, por exemplo. Este medicamento é confeccionado a
partir de um hormônio produzido pelo nosso corpo chamado de cortisol, que é produzido nas glândulas suprarrenais. O corticoide, portanto, é um derivado sintético deste hormônio, com o mesmo núcleo, mas a estrutura dele é modificada para potencializar a sua ação e função no organismo. Os corticoides, também conhecidos como corticosteroides, glicocorticoides e anti-inflamatórios esteroidais, são muito potentes e têm as mais diversas indicações para uso. Contudo, por serem uma espécie de hormônio sintético,
eles não atuam apenas onde está o problema, e podem acabar alterado o funcionamento de todo o organismo. Seu uso requer cuidados e a indicação médica é fundamental, assim como seguir as orientações de posologia à risca e o protocolo de retirada do medicamento do organismo também.

Classes dos corticoides

Os corticoides são divididos em duas classes, de acordo com os tipos de hormônios esteroides que a glândula suprarrenal produz: os glicocorticóides e  os mineralocorticóides.

O glicocorticoide, muitas vezes colocado como sinônimo de corticosteróide, é o cortisol mais importante no corpo humano e também é produzido naturalmente, sendo responsável por regular e sustentar várias ações do organismo, como funções metabólicas, cardiovasculares, imunológicas e homeostáticas. É nessa classe decorticoides que se concentram os fármacos utilizados como imunossupressores e anti- inflamatórios, sendo, assim, de grande importância para o tratamento de doenças autoimunes, como o lúpus. Os mineralocorticoides fazem parte da segunda classe de hormônios esteróides, responsáveis pela formação dos corticoides. Sua principal função se deve ao hormônio aldosterona. Possui grande influência no equilíbrio electrolítico (íons e água) e é também responsável pelo equilíbrio do sódio, pois atua diretamente nos rins, colaborando com o bom funcionamento desses órgãos.

Tipos

Os corticoides estão disponíveis nas mais diferentes formas farmacêuticas e recomendações de uso. Pode ser encontrado em medicamentos via oral (comprimidos e xaropes), de forma injetável, como colírio, para uso tópico (pomadas e cremes) e até via inalatória – comumente utilizada para o tratamento da bronquite asmática crônica. Ao longo das décadas, este medicamento que é bastante antigo, foi sendo aprimorado, novas moléculas foram criadas, e os seus efeitos colaterais mais documentados, fazendo com
que as empresas incluíssem nas suas formulações outros remédios que ajudassem a combatê-las ou evitar que se agravassem.

Os corticoides podem ser divididos em 5 tipos:
 Corticoides tópicos: são cremes e loções utilizados para tratar reações alérgicas ou doenças na pele, como urticária  e eczema;
 Corticoides orais: comprimidos utilizados no tratamento de doenças crônicas inflamatórias,  como bronquite, hepatite, doença de Crohn ou artrite, por exemplo;
 Corticoides injetáveis: prescritos e administrados pelo médico para tratar problemas crônicos como lúpus, queloides ou artrite reumatoide;
 Corticoides nasais: são sprays usados no tratamento de asma, rinite alérgica e outras alergias respiratórias;
 Corticoides oftálmicos: são corticoides em colírios que podem ser utilizados para tratar conjuntivite ou uveíte, por exemplo, reduzindo a irritação e a vermelhidão.

Quando o corticoide é indicado
O corticoide é indicado para grande parte das reações inflamatórias e em alguns casos de imunossupressão. Entre as doenças que utilizam os corticoides no tratamento estão:

 Asma
 Esclerose múltipla
 Alergias, principalmente anafilaxias
 Hepatite autoimune
 Herpes Zoster
 Lúpus
 Artrite reumatoide
 Leucemia e linfoma
 Púrpura trombocitopênica idiopática (PTI)
 Mieloma múltiplo
 Edema cerebral
 Gota
 Sarcoidose
 Rinite alérgica
 Vitiligo
 Psoríase
 Granulomatose de Wegener
 Doença inflamatória intestinal

 Vasculite
 Doença de Addison (insuficiência adrenal)
 Doenças de pele de origem inflamatória ou autoimune
 Transplante de órgãos
 Urticária.

Ele também pode fazer parte das medicações utilizadas como imunossupressores (necessários em casos de transplantes, por exemplo), como antiemético (diminui náusea e vômitos); no protocolo de um tipo
de câncer comum em crianças, a leucemia linfoide aguda; e em alguns casos em que há risco do bebê nascer prematuro.  É importante ressaltar que normalmente o corticoide é utilizado por curtos
períodos de tempo, e quando o seu uso é mais recorrente ou longo, outros remédios são necessários para tentar conter os seus efeitos colaterais mais significativos.  Quando um pessoa está com uma inflamação, são diversas as substâncias responsáveis por este processo e que refletem no corpo inteiro. O corticoide,
agindo como o hormônio cortisol potencializado, impede a produção de várias destas substâncias envolvidas na inflamação e na resposta imune da pessoa.

Quando o corticoide é contraindicado

Os corticoides não possuem uma contraindicação absoluta, mas devem ser utilizados apenas sob orientação médica. Pessoas com diabetes, hipertensão, com osteoporose ou na menopausa devem ser mais cuidadosas com estes medicamentos, uma vez que eles costumam alterar a glicemia, pressão arterial
e estão relacionados à uma propensão de aumento da fragilidade óssea. Crianças também devem ser monitoradas e os medicamentos apenas utilizados em casos de necessidade, uma vez que o seu uso por longos períodos pode causar um prejuízo no desenvolvimento muscular e esquelético. Em idosos também é preciso avaliar como está o metabolismo antes de prescrever corticoides. Em suma, para que o corticoide seja indicado, principalmente nestes casos mais críticos, é preciso que os seus benefícios superem os possíveis riscos. Quando se tem doenças crônicas, o uso prolongado, no geral, não é indicado.

Efeitos colaterais do corticoide

Os efeitos colaterais dos corticoides são mais comuns em casos de uso prolongado e incluem cansaço, aumento dos níveis de açúcar no sangue, diminuição das defesas corporais, agitação, insônia, aumento do colesterol e dos triglicerídeos, dor de cabeça ou glaucoma, por exemplo.

Reações adversas mais comuns durante o uso de corticoide

São várias as reações adversas dos corticoides, sendo que a sua gravidade e intensidade normalmente estão relacionadas a dosagens grandes ou maior tempo de uso. Dentre os mais comuns e que aparecem logo nos primeiros dias de tratamento estão a retenção de líquido, rubor facial, aumento da pressão
arterial, aumento da taxa de glicemia, edemas (inchaço) no corpo.  Como o corticoide atua da mesma forma que o cortisol, só que potencializado, estes hormônios a mais atuarão não somente na parte do corpo que está sendo  tratada, mas em diversas outras áreas também. Quando utilizado por períodos um pouco maiores, ele começa a degradar  algumas proteínas no organismo, o que leva a perda de massa muscular,
redistribuição da gordura corporal (fica concentrada em áreas como rosto,  abdômen e no dorso), diminuição da imunidade, estrias na pele que costumam ser bem grandes e arroxeadas.

Nestas condições ele também pode favorecer a catarata, aumentar a fragilidade óssea e a propensão de desenvolver osteoporose – ainda mais se ministrado em pacientes com outros fatores de risco, como mulheres na menopausa.  Mesmo os corticoides de uso tópico podem oferecer riscos, principalmente se
há cortes no local que se está aplicando a pomada ou creme. Estes riscos são diferentes dos anteriores e estão relacionados à diminuição da imunidade. Por exemplo, ao se passar corticoide em um corte, a região fica mais vulnerável a inflamações ligadas a fungos e bactérias, por isso, vários destes produtos já
contém antibióticos e outras substâncias que minimizam este efeito colateral. Além deste, os corticoides de via inalatória, muito usados por crianças com crises asmáticas que espirram o produto dentro da boca, por exemplo, acabam acarretando num maior risco de uma candidíase oral (fungo) se utilizado muitas vezes. Ou seja, as reações adversas ao efeito esperado são diferentes de acordo com a dosagem, tempo de uso, e formato de uso (comprimido, injetável, spray, colírio etc.) utilizado.

Referências
Fontes consultadas:
Hamilton Wagner, membro da Sociedade Brasileira de Medicina de Família e
Comunidade (SBMFC) – CRM: 9339/PR.

imagem de abertura – pixabay

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