Por que o coronavírus tem sido mais mortal na Itália do que na China?
Enquanto na China a taxa de letalidade está em torno de 3,8%, na Itália já atinge 4,25%. Mas não há mistério. Como explica o epidemiologista e gerontólogo Alexandre Kalache, a resposta está na faixa etária do maior número de vítimas mortais da COVID-19: os idosos. “Não é de se admirar que a mortalidade seja mais alta na Itália. O vírus é o mesmo da China, mas o norte da Itália tem uma das proporções mundialmente mais altas de pessoas idosas”.
Os últimos relatórios da Organização Mundial de Saúde (OMS) evidenciam a idade avançada como importante fator de risco para o agravamento da doença. Entre pessoas acima de 80 anos, a mortalidade chega a 21,9%. E, como os italianos têm a média de idade superior à dos chineses (44,3 e 37,4 consecutivamente), são mais suscetíveis a complicações. “O coronavírus é um abusador que se aproveita de pessoas vulneráveis, no caso, as mais idosas porque, com frequência, têm mais comorbidades – observa Kalache. É como se o vírus atacasse um campus universitário, com maioria de jovens, e uma residência de idosos. Ora, o campus é a China, que tem uma população muito mais jovem, e a residência de idosos o norte da Itália”.
Maior risco de transmissão comunitária
No Brasil, ainda não há vítimas fatais da COVID-19 e, entre os 37 casos confirmados da infecção, os indivíduos com mais de 60 anos representam apenas 2%. Porém o Ministério da Saúde reconhece que a doença tem maior gravidade para essa faixa da população. Se o percentual de idosos contaminados até agora está baixo é porque 80% dos casos confirmados no País foram importados, com os doentes tendo sido infectados em viagens ao exterior.
Embora o índice de transmissão local do coronavírus por enquanto seja pequeno, o epidemiologista Alexandre Kalache chama a atenção para um fator adicional de risco, que pode deixar os idosos brasileiros mais expostos: as condições de vida e moradia. “Grande número de idosos vive em comunidades ou casas compartilhadas com muitos membros da família, onde as condições de saneamento são precárias e a promiscuidade ambiental é grande. Isso pode fazer com que fiquem mais expostos à contaminação. É primordial que tenhamos uma resposta da atenção primária à saúde pronta para esse desafio”.
Na opinião do especialista, a crise do coronavírus mostra mais do que nunca a importância de políticas públicas coordenadas e intersetoriais para dar assistência às pessoas vulneráveis, como os 30 milhões de brasileiros hoje com mais de 60 anos de idade. “É fundamental que estejamos todos juntos, o setor acadêmico, os órgãos públicos, o Legislativo e a sociedade civil para que a gente possa responder de forma eficaz e eficiente à essa pandemia”.
Simpósio vai discutir a crise
No próximo dia 24, o impacto da pandemia da COVID-19 sobre a população idosa, será um dos principais focos de debate no Simpósio Latino-Americano de Envelhecimento Ativo e Saudável, que vai acontecer em Brasília. O evento é promovido pelo Centro Internacional de Longevidade Brasil (ILC-BR), com o apoio institucional da MSD (Merck Sharp and Dohme). Estarão reunidos no Simpósio todos os setores citados por Kalache, incluindo também representantes da Organização Pan-Americana de Saúde e especialistas do Chile, Peru e Uruguai.
As inscrições para o Simpósio são gratuitas e estão abertas. Podem ser feitas pela internet, no endereço eletrônico: https://www.eventbrite.com.br/
Serviço
O que: Simpósio Latino-Americano Envelhecimento Ativo e Saudável
Onde: Hotel Cullinan Hplus Premium, Brasília
Quando: 24 de março de 2020, das 8h às 18h
Realização: Centro Internacional de Longevidade Brasil (ILC-BR)
Apoio: MSD
Inscrições gratuitas: https://www.eventbrite.com.br/
Mais informações: Andiara Maria – (62) 98158-7793 –
an**********@ho*****.com
fonte: assessoria de imprensa