Namorar na maturidade previne depressão e traz qualidade de vida. Precisa de um empurrão? Vamos lá!

É visível, principalmente nos consultórios médicos, o número de casais formados por pessoas na terceira idade. E a médica geriatra Valderez Parolin Teixera explica que esses relacionamentos são muito importantes nesta etapa da vida, principalmente na prevenção da depressão.

Caroline Paulart/ Folha de Campo Largo

A médica geriatra Valderez Parolin Teixera explica que os relacionamentos interpessoais são de extrema importância para os idosos. “Não somente o relacionamento amoroso, mas a amizade é muito importante para a terceira idade. Pessoas dessa faixa etária que possuem aquele sentimento de pertencer a algum grupo são em sua maioria mais ativas, menos depressivas. Elas viajam, saem para fazer atividade física ou têm companhia mesmo para ficar em casa conversando. Pessoas com esse estilo de vida, em geral, apresentam baixos índices de depressão, se alimentam melhor, dormem melhor.”

Nesses relacionamentos entre amigos é quase inevitável se apaixonar. “Se apaixonar é maravilhoso em qualquer idade. Apesar deles serem idosos, se comportam como adolescentes, acabam revivendo essa fase. Uma característica interessante desses relacionamentos é que eles nunca assumem ser de fato namorados. Quando questionados, dizem que são apenas companheiros e que cada um mora em sua casa”, relata a médica.

Quando esses relacionamentos acontecem, a primeira mudança notada é o emagrecimento, segundo a médica. Além disso, os idosos começam a se cuidar mais, compram roupas novas e decidem investir o dinheiro guardado em viagens e passeios. As consultas ao médico geriatra também aumentam, na intenção de manter a saúde em dia. “Todos só têm a ganhar com esse relacionamento. Muitos idosos acabam se sentindo deslocados, têm aquele sentimento de ‘não quero incomodar’ ou não acompanham o ritmo dos filhos e netos. Com essa companhia, esse sentimento vai embora. Eles agora têm com quem conversar os assuntos que mais gostam,  dividir os problemas e encontrar soluções”, ressalta.

 

Casamento duradouro

Há diferenças muito grandes entre casais de idosos que estão em início de relacionamento e casais que estão há décadas juntos, cada um com sua peculiaridade. Os casamentos duradouros são resultados de anos de confiança, amor e respeito entre as partes. “Em qualquer fase da vida precisamos nos reinventar. Há casais que ainda conservam o romantismo do início do relacionamento, mas também aqueles que já não são mais tão próximos. Trazer novidades para o relacionamento é sempre bem-vindo, independente da faixa etária dos envolvidos”, aconselha.

Aprovação da família?

O ciúme dos filhos e netos é algo natural, assim como o medo do envolvimento com alguém desconhecido, por isso é importante que a família conheça aquela pessoa. “Dizemos que é o caminho inverso. Quando os filhos começam nessa fase do namoro, os pais que aconselham e querem conhecer. Agora é a vez dos filhos ficarem no papel de ‘pais’. É importante sim conhecer, saber quem é a família, quais são as intenções. Muitos filhos têm medo até da questão financeira, de se aproveitar do dinheiro do familiar, e isso deve ser tratado abertamente com o idoso”, diz.

Mas a médica destaca que é importante a família apoiar esse relacionamento, justamente para que melhore a qualidade de vida do idoso.

Sexualidade na terceira idade

As doenças sexualmente transmissíveis também estão presentes na terceira idade. Segundo o Ministério da Saúde, o número de infectados pelo vírus da AIDS nos últimos 10 anos subiu 103%, e causou alerta.

“Não é porque não vai gerar um filho que os métodos de prevenção devem ser descartados durante o ato sexual. Os idosos precisam criar essa consciência em usar os preservativos masculinos e femininos para prevenir doenças como a AIDS, sífilis, hepatite e tantas outras. Nessa parte, filhos e netos também exercem a função importante de aconselhamento”, diz.

Outro ponto de extrema importância abordado pela médica é que os idosos devem sempre procurar um médico ginecologista para as mulheres, urologista para os homens ou um médico de família – das Unidades de Saúde – a fim de manter em dia os exames de rotina. “Os remédios para disfunção erétil também devem ser receitados pelos médicos, com a fórmula e dosagem adequada para aquele paciente. Há hoje até produtos de contrabando que colocam em risco a saúde das pessoas que o ingere, por isso reitero a necessidade de sempre buscar um médico de confiança”, finaliza.

imagem de abertura: Photo by Gareth1953 All Right Now on Foter.com / CC BY

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