Pesquisa recente mostrou que, no Brasil, 1 em cada 10 pessoas realiza sessões de (psico)terapia com robôs… Mas quais são as implicações disso?
Ana Claudia Vargas
Para quem não sabe, fazer terapia com um robô envolve, na verdade, interagir com um software de inteligência artificial (IA) como um chatbot e não com um robô engraçadinho como aquele dos Jetsons.
Essa modalidade de ‘terapia’ tem crescido em popularidade, especialmente entre as pessoas mais jovens, mas levanta debates sobre seus benefícios e riscos.
“Eu comparo a IA aos livros de autoajuda, tem sua função, mas nada é igual ao encontro de um profissional humano com outro ser humano. Não acho que um robô vai ajudar a lidar com as emoções individuais, sempre penso que é na conversa com o outro é que se aprende e se amadurece.” (Cristiane Narumi)/imagem freepick
Neste texto não ‘falaremos’ sobre os benefícios, este é um artigo declaradamente contra a terapia feita com robôs, sejam eles os tais chatbots, sejam eles aqueles divertidos como o robô dos Jetsons da foto abaixo.
O robô dos Jetsons, ou melhor, a robô, é uma gracinha…Mas não se mete a analisar seus patrões.
Mas por que somos contra?
O próprio Conselho Federal de Psicologia (CFP) adverte sobre os riscos que são:
A IA nem de longe substitui a terapia humana: pois, obviamente, não possui a capacidade de interpretar nuances emocionais ou estabelecer um vínculo terapêutico genuíno, essencial para um tratamento profundo e duradouro;
A falta de sigilo: ao interagir com a IA, o usuário compartilha dados pessoais que podem ser utilizados para melhorar o produto, fator que compromete a privacidade da ‘conversa’;
Dependência: busca por ajuda na IA pode gerar dependência da tecnologia e aumentar o isolamento, prejudicando o desenvolvimento de habilidades sociais;
Possível agravamento de quadros: a ausência de suporte real e a incapacidade de interpretar profundamente ‘a raiz dos problemas’ podem piorar quadros de ansiedade e depressão.
Dados e vieses: As respostas da IA são baseadas em dados e padrões programados. Há o risco de conselhos inadequados ou vieses serem reproduzidos.
Sem empatia, não há psicoterapia… (Imagem: biancoblue/Freepik)
Mas como funciona?
Como dissemos, a terapia com IA utiliza chatbots terapêuticos, programas equipados com algoritmos capazes de analisar padrões de fala, emoções e comportamento do usuário. Nesse contexto, a IA é programada para:
Simular conversas: a ferramenta interage de forma conversacional, fazendo perguntas e respondendo aos desabafos dos usuários;
Demonstrar empatia (programada): embora não tenha consciência, a IA consegue simular a empatia através da linguagem e atuando como um “ouvido” digital.
“Oferecer suporte”: O sistema pode sugerir exercícios e acompanhar o progresso do usuário ao longo das conversas.
Veja a opinião da psicóloga Cristiane Narumi (CRP – 06/59294-7) que atua na área há mais de 25 anos:
Cristiane Narumi _ foto arquivo pessoal
“Para começar, acho difícil dizer que uma pessoa possa fazer psicoterapia com um chatbot, porque o robô não substitui um humano, não tem o olhar individualizado. Acredito que pra a psicoterapia acontecer é importante a criação do vinculo da confiança. Também acredito que é na conversa com o outro se possibilita a troca. Com isso não estou dizendo que a IA não tenha vindo para ficar e que realmente facilita o trabalho de alguns profissionais, pois permite que dúvidas sejam esclarecidas, por exemplo. Mas para quem nunca fez psicoterapia, é bem diferente… Eu comparo a IA aos livros de autoajuda, tem sua função, mas nada é igual ao encontro de um profissional humano com outro ser humano. Não acho que um robô vai ajudar a lidar com as emoções individuais, sempre penso que é na conversa com o outro é que se aprende e se amadurece.”
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Jornalista com experiência sobretudo em redação de textos variados - de meio ambiente à saúde; de temas sociais à política e urbanismo. Experiência no mercado editorial: pesquisa e redação de livros com focos diversos; acompanhamento do processo editorial (preparação de textos, revisão etc.); Assistência editorial free lancer. Revisora Free Lancer das editoras Planeta; Universo dos Livros e Alta Books. Semifinalista do Prêmio Oceanos 2020.
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