Afinal, por que os idosos são os que menos se importam com a quarentena mesmo fazendo parte do grupo de risco?
“A quarentena é algo novo para todos nós, esta geração não viveu nada parecido. Neste momento, muitos dos instintos que estão no inconsciente estão sendo expostos no nosso consciente. Os comportamentos passam a ser diferentes do que estamos acostumados e então, chamam a atenção para uma análise”, afirma Fabiano de Abreu**.
Algo prende muito a atenção, principalmente, nos países desenvolvidos. Morando na Europa, especificamente em Portugal, as estatísticas do número de idosos que morrem por causa do coronavírus, os fatores de riscos que os colocam em perigo e o alto índice de idosos nas ruas preocupam as autoridades e órgãos de saúde.
O filósofo então, analisou o motivo pelos quais alguns idosos parecem não temer a doença, não respeitam a quarentena e saem de casa apesar de todos os apelos.
“ Refleti sobre as possibilidades, avaliei probabilidades, refleti cognitivamente sobre os idosos com os quais convivo e cheguei a 5 fatores que, penso, implicam nas atitudes destes idosos. São eles:
1 – Idosos veem a realidade noutro prisma – Os idosos retiram a importância (da necessidade de quarentena) e acham que exageramos. Eles pensam assim, pois já viveram muito e não veem ‘as coisas’ pelo mesmo prisma que os mais novos.
2 – Consciência alternativa – Os idosos não têm a mesma consciência que os mais jovens. A razão se perde numa mente mais envelhecida e pode distorcer um pouco a realidade.
3 – Proximidade do fim – Ao estarem mais próximos do fim, o instinto de sobrevivência surge de forma diferente dos mais novos e a alternativa é a busca, por isso, saem de casa.
4 – Segurança – As ruas mais vazias dão um ar de segurança e logo querem aproveitar este momento.
5 – Falta de acontecimentos – Se chegaram nesta idade é porque passaram por muitas coisas, viveram muitas experiências e não tiveram acontecimentos tão catastróficos a ponto de, hoje, terem medo de sair de casa.
Fabiano finaliza dizendo que temos que protegê-los pois, os idosos, são a esperança de um futuro melhor.
“ Precisamos da experiência deles, das suas histórias, da calma que possuem para resolver as coisas. Precisamos do exemplo deles para evitar as falhas, portanto, precisamos preservá-los, tomar conta. Um dia também seremos velhos e, portanto, é a altura ideal para dar o exemplo para os mais novos ou estaremos perdidos quando envelhecermos.”
Fabiano de Abreu é jornalista, psicanalista e filósofo.
fonte: assessoria de imprensa/imagem – Daniel Nebreda/Pixabay
Falar “os idosos” é generalizar. Eu, com 80 anos, penso de maneira diferente da que foi exposta pelo filósofo. Eu me cuido, sempre. E, tenho ficado em casa, obedecendo as recomendações.