O olhar ao idoso no Japão e na China, acima de tudo é de respeito

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por Silvia Masc*

Na China e no Japão, a velhice é sinônimo de sabedoria e respeito. O fenômeno envelhecer é natural e inerente a toda espécie e tem sido preocupação da chamada civilização contemporânea. Os idosos são tratados com respeito e atenção pela vasta experiência acumulada em seus anos de vida.  A família é o Porto Seguro do idoso.

Os familiares mais jovens declaram com orgulho os sacrifícios realizados pelos seus idosos em benefício da família, como a iniciação ao trabalho muito cedo com pouca instrução para o sustento e estudo dos filhos, demonstrando sempre alegria, festa e plenitude pela presença do idoso.

A cultura dessas sociedades tem como tradição cuidar bem, glorificar e reverenciar seus idosos, resultado de uma educação milenar de dignidade e respeito. Os japoneses consultam seus anciãos antes de qualquer grande decisão, por considerarem seus conselhos sábios e experientes.

Em outros grupos das sociedades antigas, o ancião sempre ocupava uma posição digna e era sinônimo de forte aspiração perante todos.  Os idosos têm intensa atuação nas decisões importantes de seus grupos sociais, especialmente nos destinos políticos.

Na antiga China, o filósofo Confúcio ( que viveu entre os anos 551–479 A..C.) já apregoava que as famílias deveriam obedecer e respeitar ao indivíduo mais idoso.

Na tradição japonesa é festejado de forma solene o aniversário do idoso. No Japão, o Dia do Respeito ao Idoso (Keiro no hi) é comemorado desde 1947, na terceira segunda-feira de setembro, mas foi decretado como feriado nacional apenas em 1966.

Trata-se de um feriado dedicado aos idosos, quando os japoneses oram pela longevidade dos mais velhos e os agradecem pelas contribuições feitas à sociedade ao longo de suas vidas.

Não se pergunta a idade a uma mulher jovem, mas sim às mais idosas, que respondem com muito orgulho terem 70 ou 80 anos, ao contrário do que se passa na sociedade brasileira, em que a partir de certa idade não se deve perguntar a idade a uma senhora para não causar constrangimentos, como terem-se muitos anos de vida fosse um motivo de vergonha ou ter-se algo a esconder.

Na tradição japonesa, ao completar 60 anos, é permitido ao homem o uso de blazer vermelho, pois somente com seis décadas de vida há a liberdade de usar a cor dos deuses. (No Brasil a cor vermelha é destinada para os mais jovens, à medida que os indivíduos envelhecem as cores destinadas são as mais claras, pálidas, sóbrias, tristes).

Na sociedade chinesa é comum se encontrar anciãos, com 90/100 anos, fazendo diariamente atividade física nos parques municipais.

Como podemos mudar esse quadro no Brasil?

Estreitar o relacionamento com as pessoas idosas próximas, ouvir e valorizar suas histórias de vida.

Conhecer mais sobre os aspectos sociais, econômicos, étnicos, culturais, legais e biológicos do envelhecimento na sociedade brasileira e repensar as atitudes/valores quanto ao idoso.

Desmistificar as causas de criação de mitos e falsos parâmetros acerca da velhice no Brasil.

Investir nas crianças de um aos três anos, momento da constituição da personalidade, propiciando a aproximação das mesmas aos idosos e que pelo exemplo de cuidado, atenção e respeito de seus pais a essas pessoas, as crianças poderiam internalizar esses valores/atitudes, apoiadas pelas escolas, igrejas e grupos sociais.

Reconhecer a potencialidade laborativa dos idosos sua saúde, energia e criatividade.

Favorecer a inclusão social do idoso promovendo o sentido da sua existência.

Enfim, o envelhecimento deve ser visto como o alcance de certo patamar de desenvolvimento humano, indicado pela presença de papéis sociais e de comportamentos considerados como apropriados ao adulto mais velho, designando-lhe adjetivos como experiente, prudente, paciente, tolerante, ouvinte, e acima de tudo sábio.

*Universidade Federal de Juiz de Fora – Laboratório de Demografia e Estudos Populacionais

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