Alzheimer atinge 25% das pessoas com mais de 85 anos

Há algumas décadas, poucas pessoas chegavam a idades em que problemas relacionados à velhice surgem. Hoje, como se vive mais tempo, ocorrem com mais frequência questões como dificuldade de memória, de raciocínio e de capacidade intelectual, que, na maior parte das vezes, são causadas pelo Mal de Alzheimer.

É o que afirma o neurologista Ricardo Nitrini, do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC-USP).

O especialista explica que o Alzheimer é uma doença degenerativa do sistema nervoso. “As células nervosas, os neurônios, apresentam alterações e passam a morrer, de tal maneira que o cérebro vai diminuindo, atrofiando. Com isso, há problemas, inicialmente, de memória. Depois, de orientação no espaço e dificuldade para resolver tarefas mais complicadas da vida cotidiana, como cuidar do talão de cheques ou preparar o jantar para a família”, afirma.

É importante frisar que as memórias afetadas pelo Alzheimer são as chamadas “recentes”, aquelas que vêm de antes costumam ser mantidas. “A pessoa lembra-se de fatos ocorridos há muitos anos, mas tem dificuldades com o que aconteceu ontem ou na semana passada. E tem problemas também para realizar sequências de tarefas, não sabem, por exemplo, a ordem das ações para preparar um café”, diz o neurologista.

Com o tempo, explica o especialista, o problema vai se complicando a ponto de essas pessoas ficarem agressivas, com ideias paranoicas, começarem a ter dificuldade para escolher a roupa adequada para a ocasião e, mais tarde, para andar. “Na fase final, ficam confinadas à cama, momento em que surgem infecções, dificuldades respiratórias e elas acabam falecendo, após um tempo médio de 8 a 10 anos de sobrevida com a doença”, completa Nitrini.

De acordo com o neurologista, o Alzheimer é raro antes dos 50 anos e atinge cerca de 1% da população após os 65. “A partir dos 75, a prevalência aumenta de modo exponencial, de maneira que, quando chega aos 85, 90 anos, somando os estágios leve, moderado e grave, 25% das pessoas têm a doença”, observa o especialista.

Diagnóstico de Alzheimer só pode ser feito por um médico

Nitrini diz que é comum as pessoas acharem que qualquer esquecimento, na velhice, é Alzheimer. E faz o alerta: “muitos problemas que ocorrem no envelhecimento são reversíveis. Pode ser algo tratável e que causa os mesmos sintomas do Alzheimer. Por exemplo, depressão, hipotireoidismo ou anemia podem causar sintomas que lembram os que ocorrem na fase inicial da doença. É importante consultar um médico, que fará exames que excluam males curáveis, beneficiando o paciente com um tratamento específico”.

Para definir se, de fato, o Alzheimer está presente, o neurologista explica que os médicos avaliam, primeiro, se o comprometimento cognitivo interfere nas funções do dia-a-dia. Então, todas as causas possíveis para isso são eliminadas. “São feitos exames de sangue para ver se não existem alterações como hiperparatireoidismo ou doenças infecciosas, como sífilis. Ao mesmo tempo, tomografia ou ressonância magnética para verificar se há problemas de origem vascular, tumorais ou infecciosas que possam causar esse quadro”, completa.

O tratamento, explica Nitrini, é feito com remédios que atuam nos sintomas e fazem com que a doença evolua mais lentamente e a qualidade de vida seja melhor. Isso, nas fases leve e moderada do Alzheimer. Há, também, alternativas baseadas em avaliações neuropsicológicas. “É útil para promover uma reabilitação, para as pessoas serem condicionadas a contornar dificuldades de memorização, de programação de atividades etc.”, observa o especialista.

Alzheimer deve ser prevenido durante toda a vida

Não é possível prevenir o surgimento do Alzheimer, mas, há como, pelo menos, fazer com que se manifeste mais tarde. E, para tanto, o neurologista é taxativo ao dizer que não se deve começar “só aos 50 anos”.

“A saúde física deve estar no melhor patamar possível. Tudo o que é feito para evitar infarto do miocárdio é válido, como manter a pressão arterial sob controle, peso estável, praticar atividades físicas e cuidar dos níveis de colesterol, glicemia e triglicérides. Basicamente, portanto, é o caso de ter uma vida ativa do ponto de vista físico e intelectual e controlar as condições que favorecem doenças vasculares, cardíacas e cerebrais”, orienta o neurologista.

No que diz respeito à saúde mental, o especialista afirma que é preciso, ao longo da vida, desenvolver habilidades que possibilitem contornar dificuldades no futuro: ”por exemplo, ter um vocabulário mais amplo, para contar com repertório maior se tiver dificuldade para se lembrar de alguma palavra. Aprender a realizar tarefas de maneiras distintas. Se não lembra bem das coisas, manter uma agenda. Quem age assim leva vantagem sobre os que não o fazem”.

“Quanto mais a pessoa se preparar para ter opções que lhe permitam realizar algo de diversas maneiras, melhor. Aquele que só sabe fazer poucas coisas do mesmo jeito fica mais refém de lesão cerebral e, na primeira fase do Alzheimer, já tem alterações. O outro, com capacidade desenvolvida, pode contornar por muitos anos as dificuldades iniciais”, conclui Nitrini.

Fonte: Pfizer

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