“Cuidar é mais que um ato; é uma atitude. Portanto, abrange mais que um momento de atenção. Representa uma atitude de ocupação, preocupação, de responsabilização e de envolvimento afetivo com o outro.” Leonardo Boff
Longas jornadas de trabalho. Tensão. Pressão psicológica. Muitos adoecem junto com o paciente: depressão, crise de ansiedade e outras doenças.
Quando profissionais, os salários, para a maioria, não são compatíveis tanto com a responsabilidade quanto com o grande de número de horas dedicadas.
Além de cuidar, dar remédios e banhos, muitos também executam outras tarefas da casa do paciente não relacionadas com a profissão.
Quando são cuidadores familiares, na maioria mulheres, quase nunca são remunerados. Parte é obrigada a deixar emprego para cuidar de alguém muito próximo.
Quando um cuidador familiar tenta voltar para o mercado de trabalho não consegue retornar na mesma função e salário, sempre inferiores.
Sequer recebem algum treinamento ou orientações, um dever que cabe ao Estado. Simplesmente se veem na obrigação, por amor ao idoso, de cuidar, sem o devido preparo.
Segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho, em uma década, a quantidade de cuidadores de idosos profissionais cresceu mais de 500%, acompanhando o vertiginoso crescimento do envelhecimento populacional brasileiro.
Hoje são 30 milhões de pessoas com idade acima de 60 anos e em 2050 serão mais de 50 milhões.
O Centro Brasileiro de Cursos (Cebrac), por exemplo, teve aumento de 84% na procura por seu curso de formação de cuidadores, em 2018, na comparação com 2017, ano em que a disciplina foi inaugurada – a escola tem unidades em diversos Estados do país.
Pelos dados oficiais, há no Brasil cerca de 50 mil cuidadores de idosos profissionalizados. Contudo, o número de pessoas que se dedicam a cuidar de idosos informalmente, familiar ou não, é impossível calcular.
Por exemplo, no Brasil existem mais de 1,2 milhão idosos portadores do Mal de Alzheimer, a maioria destes está nas fases finais da doença e precisa de um cuidador o dia inteiro.
Será que a sociedade brasileira enxerga o cuidador? Sabe da sua importância social? Da relevância dos seus trabalhos?
Quais são as políticas públicas para os cuidadores de idosos?
Por que o Estado não inclui a temática em suas pautas?
O Portal Plena quer provocar esta discussão.
Iniciaremos uma série de reportagens com cuidadores, profissionais da área e autoridades.
Entendemos que é inadiável a necessidade de colocar a discussão amplamente para que o Brasil possa envelhecer melhor.
Mandem depoimentos apontando todas as dificuldades, sugestões e outros.
A participação de todos é indispensável. Sempre preservaremos o anonimato, quando solicitado.
Vamos discutir?