COLUNA LONGEVA_ Quando o corpo fala: a história que poderia ser a sua

Há dores que não começam de repente. Elas chegam de mansinho — um incômodo leve aqui, um inchaço ali, uma fadiga que se repete por dias.

Camila da Silva Pereira*

E, muitas vezes, o corpo grita, mas a gente insiste em silenciar. Foi assim com alguém muito próximo de mim, alguém que me fez entender, na prática, o que significa ouvir o próprio corpo.

No início, eram apenas pequenas queixas: dor nas costas, inchaço nos tornozelos, cansaço exagerado e uma vontade constante de deitar. Parecia algo simples.

E como acontece em muitas famílias, vieram os conselhos: “toma um chazinho”, “isso é fraqueza”, “é só o calor”…

Mas os dias passaram e o corpo insistia em dar sinais de que algo não ia bem.

Foi só depois de muita insistência — e um medo crescente do desconhecido — que veio o diagnóstico: problemas renais. O que poderia ter sido identificado antes, se tornou uma luta diária contra o tempo, o medo e a própria resistência em aceitar ajuda.

Em casa, a distância emocional da família também pesava. O apoio vinha, mas de longe. E o paciente, já fragilizado, se via cercado por dúvidas: será que vou melhorar? Será que é o começo do fim? O medo do pior, muitas vezes, se instala onde deveria haver apenas cuidado e acolhimento.

Essa experiência me fez refletir sobre algo essencial: o corpo fala, mas é preciso coragem para escutar. Dores persistentes, inchaços, febres sem explicação, alterações na urina ou no apetite, tudo isso pode ser sinal de alerta. O problema é que, em uma cultura que valoriza “aguentar firme” e “resolver em casa”, aprendemos a normalizar o que não é normal.

Remédios caseiros podem ser aliados, sim, mas também podem mascarar sintomas e atrasar diagnósticos. A automedicação, por mais inofensiva que pareça, é um dos grandes inimigos da longevidade com qualidade. Buscar um médico a tempo não é sinal de fraqueza, é um ato de amor próprio.

A longevidade que tanto buscamos não depende apenas de viver mais anos, mas de viver com consciência, ouvindo o corpo e respeitando os sinais que ele nos dá. Afinal, o tempo é generoso apenas com quem se cuida.

Então, se hoje algo em você parece “não estar bem”, pare, ouça, procure ajuda. Não espere que a dor grite o que o corpo já sussurra há tempos.

A prevenção é o maior presente que você pode se dar, e o maior gesto de amor que pode oferecer àqueles que te amam.

Cuidar de si é o primeiro passo para viver mais e melhor.

*É estudante de Gerontologia do último ano e escreve semanalmente no PortalPlenaGente+

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Jornalista com experiência sobretudo em redação de textos variados - de meio ambiente à saúde; de temas sociais à política e urbanismo. Experiência no mercado editorial: pesquisa e redação de livros com focos diversos; acompanhamento do processo editorial (preparação de textos, revisão etc.); Assistência editorial free lancer. Revisora Free Lancer das editoras Planeta; Universo dos Livros e Alta Books. Semifinalista do Prêmio Oceanos 2020.

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