“Desembale menos e descasque mais”: alimentação é aliada no tratamento de doenças ginecológicas

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Boa alimentação pode ser um desafio às mulheres com jornadas exaustivas; especialistas dão dicas de autocuidado

 

Anelize Moreira-Brasil de Fato

Você deve conhecer pelo menos uma mulher que tenha mioma uterino, endometriose e síndrome dos ovários policísticos ou outros problemas ligados à saúde feminina. Milhares de mulheres são acometidas por doenças ginecológicas que comprometem o seu bem-estar e a sua qualidade de vida. 

Para lidar melhor com essas condições de saúde, a alimentação pode ser uma aliada. Alguns tipos de alimentos podem potencializar o aparecimento de algumas doenças ginecológicas, pois aumentam a produção de estrogênio, como explica a ginecologista especialista em endometriose Lidia Myung. 

“Todas os alimentos que aumentam as condições de desenvolver pré-diabetes, resistência à insulina, metabolismo que facilita o ganho de peso, considerando todos esses fatores em conjunto com uma predisposição para síndrome metabólica podem influenciar doenças que chamamos de ‘estrogênio dependentes’ como: câncer de mama, câncer de endométrio, endometriose e adenomiose e também aumentam a chance da síndrome do ovário policístico e infertilidade”. 

Endometriose

A endometriose é uma doença inflamatória que causa dores intensas e limita a capacidade de 10% das brasileiras que receberam o diagnóstico, segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), sendo mais frequente entre mulheres de 25 a 35 anos de idade. Um dos sintomas mais frequentes é dor intensa.

A endometriose ocorre por causa das células endometriais; ao invés de serem expelidas durante a menstruação, por uma razão ainda desconhecida pela ciência, elas se movimentam no sentido oposto e se acumulam fora cavidade uterina, causando inflamação em órgãos como a bexiga, ovários, tubas uterinas e intestino. 

A designer Thais Villanova foi diagnosticada com endometriose em 2015, mas bem antes disso já sofria com fortes dores que muitas vezes não permitiam que ela trabalhasse ou conseguisse sair da cama. 

“Não gosto da ideia de viver à base de remédios, então comecei a pesquisar sobre a relação da endometriose com alimentos inflamatórios. Desde então evito todo tipo de alimento que percebo que gera inflamações no meu corpo: principalmente glúten, leite, açúcar e alimentos ultraprocessados em geral. Com esta mudança percebi que aos poucos a frequência e a intensidade da dor foram diminuindo aos poucos. Ainda é uma auto-observação constante, mas este olhar para a alimentação me ajuda muito”. 

Segundo a ginecologista, as evidências científicas apontam que quanto maior o consumo de ultraprocessados na dieta maior é a predisposição para ter uma inflamação crônica no organismo e o risco de problemas ginecológicos.

“Quando a paciente faz a dieta alimentar muito mais compostas de alimentos processados ou ultraprocessados do que alimentos naturais, e também farináceos, carboidratos, excessos de açúcares refinados, todos esses alimentos aumentam essas condições de síndrome metabólica”, alerta Myung.

Para ficar no exemplo da endometriose, se a paciente adota uma dieta anti-inflamatória pode atenuar alguns sintomas, como por exemplo, a dor. É o que explica Gisele Leme, nutricionista clínica e funcional. 

“Temos que pensar em alguns ativos específicos, por exemplo, saber que as catequinas do chá verde ou mesma quercetina que é um um composto bioativo que está presente na casca da maçã, da cebola, tem uma ação anti-proliferativa e também pensar no aumento do consumo da gordura boa que é do ômega 3 vinda dos peixes, por exemplo. Por outro lado, é preciso diminuir a carne vermelha, porque temos diversos estudos que associam maiores níveis de estradiol e sulfato de estrona na carne vermelha”. 

Alimentação saudável

Segundo a nutricionista, outra condição que a alimentação pode ter um papel importante é a candidíase. Uma pesquisa feita pelo Ibope apontou que 52% das mulheres que já tiveram candidíase ao menos uma vez.

“Uma outra condição muito comum em mulheres é a candidíase que é o aumento da cândida albicans que é um fungo e que sabemos que em uma paciente que o consumo de carboidrato é muito alto, a chance desse fungo proliferar é bem maior. O que também se procura fazer é uma redução de carboidrato e ministrar uma dieta também com uma característica bastante anti- inflamatória”, explica Leme. 

Cada fase da vida da mulher pode ter demandas nutricionais específicas, como por exemplo na gestação, que é necessário um aporte maior de vitaminas e de energia e na menopausa, reposição hormonal seja com alimentação ou suplementos. 

As mulheres estão sobrecarregadas e a alimentação caseira, mais natural, vira mais um peso.  Para que a mulher moderna consiga ter um cuidado maior com a alimentação é importante simplificar, mas sem esquecer uma dica importante.

 “O que temos que ter em mente na saúde da mulher é o seguinte desembale menos e descasque mais ou seja sempre alimentos in natura e alimentos com característica anti-inflamatória”, diz a nutricionista. Então inclua na sua dieta: cúrcuma, gengibre, lentilha, espinafre, rúcula, brócolis, manga, abacate, aveia entre outros.

Em conjunto com Anelize Moreira-Brasil de Fato/Fotos – reprodução internet

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