Lista destaca temas como protagonismo e ancestralidade para celebrar esta data.
O Dia da Consciência Negra é uma data de extrema importância, que nos remete aos valores, identidade e às vozes da população preta no Brasil. E nada melhor que trazer luz a literatura produzida por escritores negros de diversas nacionalidades. Entre as indicações de leitura da BibliON, Biblioteca Digital Gratuita de São Paulo, você já pode garantir a sua próxima leitura.
Obra atemporal e clássico literário, Identidade oferece um vívido retrato da sociedade americana nos anos 1920 e discute não apenas a questão de raça, mas também de classe e gênero. Através de uma brilhante narrativa e de personagens complexos, Nella Larsen prova que ser leal às próprias origens não é apenas um ato de orgulho, mas também de coragem.
Irene Redfield e Clare Kendry têm algo em comum: ambas são mulheres negras de pele clara que podem se passar por brancas. Essa, porém, é a única similaridade entre elas. Após perderem contato durante a adolescência,as duas se reencontram por acaso em uma cafeteria de um hotel em Chicago. Um encontro que muda para sempre a dinâmica entre as duas mulheres, suas famílias e suas comunidades.
Irene parece ter tudo que poderia desejar. Casada com Brian, um médico proeminente, eles são donos de uma confortável casa no Harlem, onde criam seus dois filhos. O trabalho de organizar bailes de caridade em que celebra toda a riqueza da cultura afro-americana dá a Irene um propósito e um senso de responsabilidade. Sua única preocupação é o desejo insistente do marido em se mudar para o Brasil, um país onde, segundo ele, não há racismo.
Clare Kendry, por outro lado, vive no limite. Após perder o pai aos 14 anos, saiu da vizinhança negra em que vivia para ir morar com as tias e começou a se passar por branca, mantendo sua verdadeira ancestralidade miscigenada em segredo para todos, principalmente para o homem racista com quem se casou. No entanto, após o reencontro e à medida que começa a se envolver cada vez mais na vida de Irene, Clare vê a energia da comunidade que deixou para trás, e sua vontade ardente de retornar a ela ameaça a farsa cuidadosa que é sua vida.
A sordidez das pequenas coisas – Ale Garcia
Em A sordidez das pequenas coisas, experiências triviais de pessoas comuns são transformadas em eventos singulares pela força da prosa de Alê Garcia. Com uma narrativa sensível e por vezes brutal, o autor parte das dores e conquistas dos personagens, suas misérias, vitórias e desencantos, para construir uma voz narrativa muito própria, capaz de levar este livro de estreia ao posto de finalista do prêmio Jabuti e um dos vencedores do Prêmio Fundação Biblioteca Nacional. Esta nova edição acrescenta aos vinte contos originais uma apresentação do autor e um prefácio de Stefano Volp.
Água doce, de Akwaeke Emezi, é um livro como nenhum outro. Com uma linguagem crua e física, narrada majoritariamente na primeira pessoa do plural – Nós –, a obra renega a possibilidade de um “eu” único e uniforme, celebrando e advertindo sobre a vida em espaços liminares. Ada sempre foi estranha. Quando criança, vivendo no sul da Nigéria, a família se preocupa com ela e não a entende. Enquanto Ada ainda estava no ventre, o pai rezou por uma filha, e Ala, a deus-píton, ouviu; mas algo deu errado: talvez os deuses tenham esquecido de fechar os portões, pois Ada nasceu com diversos seres dentro de si. Quando ela vai para os Estados Unidos para a universidade, um evento traumático acaba sendo o catalizador que transforma seus muitos “eus” em algo mais forte. Ada é ọgbanje – ela é vários, e apenas um. Os muitos espíritos que vivem dentro dela nunca se consolidam, mas, depois de quase (quase?) enlouquecer, Ada aprende a tomar a frente e controlá-los. Seu corpo transforma-se junto com sua mente, adequando a materialidade ao que os ọgbanje são: sem gênero, sem extremos, sempre liminares. Água doce narra uma jornada de autoconhecimento, crescimento e aceitação, da filha de um deus jogada no mundo com um pé ainda do outro lado.
Nossa senhora do Nilo – Scholastique Mukasonga
Uma escola para meninas, situada no alto das montanhas da bacia do Congo e do Nilo, em Ruanda, a 2500 metros de altura e próxima à nascente do grande rio egípcio, aplica rigorosamente um sistema de cotas étnicas que limita a 10% o número de alunas da etnia tutsis. Quando os líderes do poder hutu tomam conta do local, o universo fechado em que têm de viver as alunas torna-se o teatro de lutas políticas e de incitações ao crime racial. Os conflitos são um prelúdio ao massacre ruandês que aconteceria tempos depois. Em Nossa Senhora do Nilo, Scholastique Mukasonga, sobrevivente do massacre, conta as experiências-limites pelas quais passaram as jovens do colégio, numa narrativa pungente que encantou o mundo.
Condições Nervosas – Tsitsi Dangarembga
Condições nervosas (original Nervous conditions, 1988), de Tsitsi Dangarembga, é um clássico da literatura africana. Narrado em primeira pessoa por Tambudzai, que, já adulta, relembra a sua infância e adolescência e os caminhos que tomou para contornar as opressões da pobreza, do patriarcado e do colonialismo. Tambu tem a oportunidade de estudar após a morte do irmão, único menino da família. Em suas memórias, ela relembra as dificuldades do processo de emancipação de sua mente e corpo, as ideias controversas e sedutoras da prima Nyasha, a resignação da mãe, a amargura da tia, e as injustiças que unem todas essas mulheres. O livro traz discussões pertinentes sobre machismo, religião e colonialismo, e como esses três fatores se entrelaçam para construir uma sociedade altamente opressora e limitante para as mulheres e as pessoas que vivem na pobreza. Condições nervosas recebeu o prêmio “Commonwealth Prize for Africa”, em 1989; está entre os dez primeiros colocados na lista dos 100 Livros Africanos Mais Importantes do Século XX, organizada pela Zimbabwe International Book Fair com a colaboração de entidades africanas e internacionais; e, em 2018, integrou a lista da BBC dos “100 livros que ajudaram a mudar o mundo”, na 66a posição.
BibliON
Para utilizar o serviço gratuito de empréstimos de livros, basta que os interessados acessem www.biblion.org.br ou baixem o aplicativo BibliON, disponível no Google Play e na Apple Store e realizem um breve cadastro.
O usuário pode fazer empréstimo de até duas obras simultâneas, por 15 dias. A BibliON permite ações como organizar listas, adicionar favoritos, compartilhar um livro como dica de leitura nas redes sociais, fazer reservas, ver histórico e sugerir novas aquisições. Por meio de princípios de gamificação, os associados conseguem acompanhar as estatísticas do tempo dedicado à leitura e participar de desafios. E o sistema de busca permite que o usuário utilize diversos filtros, como tema, autor, categoria ou título – ou até mesmo leitura indicada para grupos etários, como leitura infantil e juvenil. É possível ler em dispositivos móveis, sem a necessidade de usar dados do celular, por meio do download prévio do título ou, ainda, ajustar o tamanho da letra e o contraste da tela; escolher diferentes modos de leitura para dia ou para noite e acionar a leitura em voz sintetizada, para saída em áudio do texto. A BibliON, biblioteca digital gratuita de São Paulo, é uma iniciativa da Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Estado de São Paulo sob gestão da SP Leituras.
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