Escritor lança primeiro livro aos 87 anos e confirma o ‘poder’ terapêutico da escrita

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Hamilton José Zanon afirma que encontrou na escrita forças para vivenciar as tristezas e celebrar as alegrias.

Ana Claudia Vargas

Histórias entrelaçadas que ‘falam’ sobre alegrias, tristezas, desejos, enfim, sobre a vida em estado puro: assim é o  livro “Multiplicidade de Caminhos” do escritor paranaense Hamilton José Zanon.  Aos 87 anos, o autor _ funcionário aposentado do Banco do Brasil e bacharel em Direito _ estreia na literatura em narrativas que misturam prosa e poesia e trazem mensagens de esperança e otimismo.

 

Hamilton José durante o lançamento do livro. foto arquivo pessoal.

“Multiplicidade de Caminhos” apresenta histórias simples e sucintas, que emocionam e mesclam, em algumas, ficção e realidade. “O livro mostra que a vida se equilibra entre uma ponte que balança em cima de um rio. E você, com receio, a ultrapassa essa devagarinho, mas também outra que está lá na frente construída entre dois pontos fixos. Aí sim, você ultrapassa com firmeza”, diz Hamilton, nascido em Siqueira Campos e morador há mais de 40 anos de Curitiba. O autor encontrou forças na escrita para enfrentar grandes dores e tropeços da vida. Um de seus filhos, Marcelo, faleceu em acidente de carro quando tinha apenas 18 anos. “Não muito tempo depois a minha primeira esposa, Miraide, faleceu de câncer. Perdas irreparáveis. Acontecimentos trágicos. Entrei em uma profunda depressão. A minha filha se casou e foi morar na cidade de Maringá e fiquei sozinho em Curitiba. Mas com o nascimento de meu neto e, depois, da minha neta, fui-me adaptando à nova realidade. Os meus netos queridos não substituíram o meu filho, mas me deram forças para continuar a viver. Aos poucos, voltei a ler novamente., fazer caminhadas no Parque Barigui, frequentar academia de ginástica, fazer terapia, tudo ajudou. Passado algum tempo de viuvez, conheci no Parque Barigui a Olga, minha querida atual companheira. Com essas boas notícias a inspiração para escrever veio despertando espontaneamente”, conta o autor. Histórias divertidas como “Lobisomem brincalhão”, “O prato voador” e a comovente “Os velhinhos queridos” estão entre as favoritas do autor. Todas independentes, de leitura fácil e que impressionam com reflexões e são repletas de calor humano. A delicadeza das narrativas está também em leituras como “Multiplicidade”, um chamado às belezas da natureza e à persistência ao que realmente importa na vida. E ainda há aquelas que falam sobre a inexorável passagem do tempo, entre elas “Meditar sobre o cotidiano” e “A vida passa”. “A lição desse livro é clara: leva o leitor a repensar se vale a pena ser pessimista”, diz o autor. Hamilton escolheu o caminho do otimismo e da coragem para expulsar a tristeza para longe e consolar o coração. Atualmente ele faz tratamento de um câncer de próstata, com recidiva da doença, mas segue firme e acreditando na vida. 

Leia a seguir a entrevista que o autor concedeu ao PortalPlenaGente+

 

 Como surgiu o desejo de escrever um livro? Era um desejo antigo?

Sim, era um desejo antigo. Ao longo dos meses vinha eu premeditando.
Pequeníssima parte do dia e saindo um pouco da rotina resolvi me dedicar
para colocar em prática as ideias que já estavam maduras. A mente é inteligente, se você não a obedece, às vezes ela te dá um tranco, então, tudo some no brejo, daí é impossível recuperá-las.

 

Escritor conversa com amigos no dia do lançamento. foto arquivo pessoal.

 

Não sou romancista. Sou um aprendiz de escrevinhador e um espião do cotidiano.

E como foi o processo de escrita?

Quando vem uma inspiração, ela fica na minha cabeça de dia e de noite,
não me dá sossego em qualquer lugar onde esteja, enquanto não pego um
lápis e a coloco no papel. Daí em diante é só aprimorar o texto.  Os meus textos não são longos. Não sou romancista. Sou um aprendiz de escrevinhador e um espião do cotidiano. Espio os pingos de chuva vindos do céu, uma folha caindo de uma árvore, o vento assoviando, um raio despencando…

 

Considero, com certeza, a escrita um tipo de terapia. Agora é preciso ter paciência, disposição e acreditar na vida…

Quanto tempo o senhor demorou para escrevê-lo?

Para coordenar todos os pequenos textos que vinha redigindo já há algum tempo, não demorou mais do que seis meses. Daí o primeiro contato com a editora foi no dia 06 de maio de 2022. Findo todo o processo de aceitação dos originais, de revisão, de diagramação, de impressão, foi possível fazer o lançamento do livro no dia 06 de outubro de 2022.

Como todos nós, o senhor enfrentou alguns revezes na vida: de que forma a escrita ajudou a superá-los?

As perdas de familiares por doenças ou por acidentes são fatos que
retiram de você o curso normal da vida. A escrita para mim foi
fundamental. Desvia os pensamentos saudosos, nos leva para outro
mundo, meditando e rascunhando temas desconhecidos e trazendo à tona
histórias ficcionais saudáveis.

Capa do livro ‘Multiplicidade de Caminhos’ – foto Appris Editora

A idade não é motivo para não fazer nada. Quando antevi a possibilidade de lançar o livro, sem mais delongas, entrei em contato com a editora…  Me deu uma alegria enorme. Pareceu-me que havia renascido de novo.

O senhor considera a escrita um tipo de ‘terapia’?

Sim, considero com certeza a escrita um tipo de terapia. Agora é preciso
ter paciência, disposição e acreditar na vida.

Lançar o primeiro livro aos 87 anos : como o senhor enxergou esta
possibilidade?

A idade (87 anos) não é motivo para não fazer nada. Quando antevi a
possibilidade de lançar o livro, sem mais delongas, entrei em contato com
a Editora Appris. Levei os originais. Foram aprovados. Me deu uma
alegria enorme. Pareceu-me que havia renascido de novo.

Podemos esperar outros livros?

 Sim, até estou me preparando para alguns escritos.

O que o senhor diria para pessoas de quaisquer idades que estão sempre adiando seus projetos pessoais?

Os projetos pessoais desde que sejam verossímeis, coloquem
imediatamente em prática. Nesta altura de minha vida recomendo: adiar e
protelar um projeto significa que jamais serão concretizados. Seja ousado
com objetivo determinado e não um aventureiro. Seja honesto em seu
trabalho, em seus negócios e em seus empreendimentos. A honestidade
atrai bons frutos e você será respeitado em sua comunidade.

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