A professora Sandra Souza analisa os estereótipos utilizados para retratar a velhice em anúncios, com os quais o público dessa faixa etária pouco se identifica.
Jornal da USP
A imagem dos idosos na mídia é comumente estereotipada e não se adequa às verdadeiras necessidades e nuances dessa faixa etária. A professora Sandra Souza, da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP, fala ao Jornal da USP no Ar 1ª Edição sobre o estudo que conduziu para analisar a representação da velhice em peças publicitárias, em especial imagens que retratam a relação dos indivíduos com tecnologias de informação e comunicação.
Primeiramente, Sandra explica que a aparição de idosos na mídia segue dois possíveis padrões: o idoso é retratado como uma pessoa fragilizada e dependente – opção pouco explorada na publicidade, por não corresponder ao ideal de vida que a mesma promove -, ou de forma romantizada. Conforme a professora, a narrativa midiática “traz uma versão da velhice na qual a pessoa vive eternamente com alguém ao seu lado, envelhece e morre com seu parceiro, e não possui limitação alguma. As pessoas que chegam nessa faixa etária não se veem nesses anúncios”.
Para Sandra, as falhas na representação da velhice ocorrem porque quem cria tais imagens é o adulto contemporâneo, que ainda não chegou nessa fase da vida. “Os idosos estão cada vez mais utilizando a tecnologia e, com a ascensão do marketing digital, eles estão perdendo um mercado consumidor em potencial”, conta a professora.
Para uma representação transparente e precisa da velhice, Sandra recomenda “ouvir essas pessoas, e não presumir que se sabe tudo sobre elas”. Além disso, a entrevistada ressalta a necessidade de retratar tal público de forma menos homogênea, uma vez que idosos de diferentes idades apresentam demandas e limitações distintas.
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