VIOLÊNCIA: Brasil registra 131 mortes de pessoas trans e lidera ranking mundial pela 14ª vez

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  • Estudo da Associação Nacional de Travestis e Transexuais foi entregue ao ministro dos Direitos Humanos Silvio Almeida

Da redação:

Em 2022, o Brasil foi mais uma vez o país em que mais pessoas transsexuais e travestis foram assassinadas em todo o mundo. Foram registrados 131 assassinatos no ano, colocando o país no topo do triste ranking pela 14ª vez consecutiva. 

O dado está no “Dossiê Assassinatos e violências contra travestis e transexuais brasileiras”, da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra), divulgado nesta quinta-feira (26). A pesquisa foi entregue ao ministro dos Direitos Humanos, Sílvio Almeida, nesta tarde. 

A secretária de Articulação Política da Antra, Bruna Benevides, destaca que há subnotificação de casos. Por isso, a queda de casos em relação a 2021, quando foram registradas 140 mortes, não pode ser comemorada. 

A pessoa mais jovem assassinada tinha apenas 13 anos. Quase 90% das vítimas tinham de 15 a 40 anos. Das 131 mortes registradas, 130 foram de mulheres trans e travestis e uma de um homem trans.   

Segundo o levantamento, o perfil das vítimas é o mesmo dos outros anos: mulheres trans e travestis negras e empobrecidas. A prostituição é a fonte de renda mais frequente. 79% das vítimas eram negras; 21% brancas. Nos últimos seis anos, desde que a Antra passou a ser responsável pelo levantamento anual dos assassinatos — que antes era feito apenas pelo GGB (Grupo Gay da Bahia) — foram ao menos 912 assassinatos de pessoas trans no Brasil. A média anual é de 121 casos. 

Dessas mortes, 56% eram pessoas trans profissionais do sexo – o que mostra uma contradição no Brasil, já que é o país que mais consome pornografia trans do mundo.

Segundo o dossiê, 47% dos assassinatos foram cometidos por armas de fogo; 71% aconteceram em espaços públicos; 72% dos suspeitos não conheciam ou tinham qualquer relação com as vítimas e em 65% dos casos, os assassinatos foram considerados crimes de ódio – ou seja, houve requintes de crueldade na ação.

A Antra também mapeou os casos de morte por suicídio. Foi constatado que travestis e mulheres trans são as que mais se suicidam.

O ministro Sílvio Almeida agradeceu a entrega do estudo. “O fato de termos um relatório como esse aponta para a possibilidade de pensar como é possível superar essa tragédia. Ter o conhecimento, ter os dados, ter a possibilidade de olhar de frente esse problema e mostrar a perspectiva de mudança, de transformação”, afirmou. 

Imagem: TOMAZ SILVA/AGÊNCIA BRASIL

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