"Uma palavra que define o presente… Na verdade é um versinho que nunca esqueço e que diz assim: ‘saudade, terna saudade; saudade de quem eu quero bem; quem vai leva saudades; quem fica saudades tem”, diz Geraldo, que dividiu suas lembranças com o Portal Plena
Geraldo Magela Vargas nasceu em Morro do Ferro (MG), em 4 de dezembro de 1921. Casado com Isabel desde 1949, o carpinteiro dividiu suas lembranças com a equipe do Portal Plena. Do que ele sente saudade? Como era a infância? A relação com a escola? O trabalho de lapidar madeira? Para as novas gerações, uma aula sobre o tempo em que smartphones não susbstituiam uma boa prosa. Para as gerações mais antigas, um punhado de memórias bem familiares.
Uma lembrança da infância… Era uma manhã muito fria, eu tinha 6 anos de idade e estava me aquecendo sobre o fogão a lenha quando uma fagulha ‘saltou’ para minhas costas e queimou minha roupa imediatamente. Eu e meu irmão, João, tentamos apagar o fogo e não conseguimos. Nisso meu pai veio correndo, me envolveu em um cobertor e conseguiu apagá-lo. Por causa disso fiquei 20 dias deitado sobre uma folha de bananeira untada com azeite doce e no final desse tempo já estava mais ou menos curado e pronto pra saltar e pular novamente!
Uma lembrança da adolescência/juventude… Aos sete anos entrei na escola; aos catorze a professora chamou meu pai e disse que ele deveria me matricular em outra porque eu tinha que ter a chance de estudar mais; mas onde morávamos não havia outra escola além dessa e o padre do lugar se ofereceu para lecionar para mim. Só que oito meses depois, ele foi embora… Foi assim que não pude continuar os estudos e comecei a aprender o ofício do meu pai que era carpinteiro e viajava pelas fazendas de Minas fazendo carros de boi e outros serviços em madeira.
Aos 40 anos … Eu me sentia muito jovem e forte. Fazia carros de boi, morava no Cedro do Abaeté, também em Minas, e era uma pessoa muito ativa. Além de ser carpinteiro, eu desenhava ‘motivos’ para as bordadeiras, ajudava na igreja, eu e minha esposa Isabel fazíamos as asas dos anjos nas coroações do mês de maio, eu também aplicava injeções em quem precisava e por aí afora. Quando me mudei para Dores do Indaiá, também em Minas, na década de 1960, comecei a trabalhar como marceneiro e fiz muitos armários para as escolas, bancos para igrejas, colchões de capim e muitas outras coisas.
O tempo mais marcante que vivi … Foi durante os preparativos do meu casamento com a Isabel (a Bela) pois iria me casar com a mulher que eu gostava; isso foi em 1949.
A pessoa da qual me recordo com carinho é da professora Geraldina que me incentivava muito a estudar e fez tudo para que eu gostasse de ler. Até hoje a leitura é a minha atividade predileta.
Uma palavra que define o presente… Na verdade é um versinho que nunca esqueço e que diz assim ‘saudade, terna saudade; saudade de quem eu quero bem; quem vai leva saudades; quem fica saudades tem”.
O futuro para mim representa a oportunidade de viver mais um tempo ao lado da Isabel e dos meus filhos até quando Deus permitir.
Para mim a vida é como uma estrada florida…Quando olho para trás sinto saudades de muitas coisas mas não posso reclamar… Enfrentamos muitas dificuldades mas estivemos sempre juntos.