ESPORTE E VIDA ATIVA NA TERCEIRA IDADE

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Viver uma vida ativa e com as limitações da idade controladas é essencial para que se alcance boa saúde e qualidade de vida na terceira idade. 

 Fábio Anauate Nicolao**

Todos sabem que atividade física regular é fundamental para manutenção da saúde física e mental em qualquer idade. Com os avanços da medicina, houve uma melhora na expectativa de vida mundial, daí a importância dos cuidados com a saúde, incluindo a prática esportiva, para uma maior sobrevida com qualidade. Em 2025 teremos, no Brasil, a sexta maior população de idosos do mundo.

Mas o que define um idoso?

Antes de abordarmos os benefícios do esporte, é importante entender o conceito de idade e definir quem é idoso. Embora esta definição varie um pouco em razão dos diferentes cenários de desenvolvimento e longevidade dos países, a OMS (Organização Mundial da Saúde) define como idoso, em geral, pessoas com mais de 60 anos, sendo que o idoso jovem está entre 60 e 70 anos; o idoso médio, entre 70 a 75 anos e pessoas muito idosas são aquelas acima dos 80 anos. Felizmente, essa classificação cronológica não é utilizada nos meios médicos, servindo apenas para definir privilégios que favorecem os mais velhos nas fila do bancos, por exemplo, no Brasil.  

Quando se fala em saúde, o que importa é a classificação biológica que é individual e depende da genética e da saúde atual, ou seja, duas pessoas com a mesma idade cronológica têm idades biológicas diferentes. 

Enquanto o idoso jovem vive de forma independente, sem restrição a prática  atividades físicas, e o idoso médio tem alguma incapacidade física e precisa de um pouco de assistência para atividades diárias, o muito idoso, em geral, é  mais dependente de assistência para coisas do dia a dia, quando não, totalmente dependente.

É importante ressaltar que, em todos os casos, para idosos ou não, as doenças crônicas são levadas em consideração para definir uma avaliação e indicar atividades físicas para a manutenção da saúde global do indivíduo.  

 E quando começamos a envelhecer? A partir dos 30 anos iniciamos o processo que chamamos de catabolismo, que é quando iniciamos a perda de massa óssea e muscular, a perda de força física, e começamos a ganhar um percentual de gordura corporal. A partir daí, o ser humano médio perde 5% da capacidade física a cada 10 anos. Com o avanço da idade, aparecem alterações hormonais, circulatórias, osteoartrose (desgaste das articulações) e diminuição de reflexo, equilíbrio e coordenação motora. A lista é longa… 

Como reduzir o ritmo desse processo tão natural quanto assustador? Se pensarmos que nossos ossos são ‘bancos’ que armazenam massas ósseas, fica fácil entender que esse processo acumulativo se inicia na infância.

Assim, quanto mais pouparmos os ossos com boa alimentação e exercícios regulares, mais estoque de massa óssea teremos no decorrer da vida. Isso vale para ossos, músculos e até para o sistema nervoso. Treinar o cérebro também  faz parte da ‘brincadeira’ de estimular a longevidade saudável. 

Aqui já posso olhar para o principal ponto do meu artigo: o esporte na terceira idade. O idoso que pratica exercícios regularmente, só tem benefícios, como o ganho consistente de massa óssea e muscular, melhora  da capacidade cardiopulmonar e neuromuscular, maior equilíbrio e flexibilidade. Além disso, praticar esportes facilita o controle da hipertensão, diabetes e obesidade, sem mencionar os ganhos mentais relativos à melhora da autoestima e à socialização, afinal, nada melhor do que compartilhar o prazer do exercício de uma caminhada com um amigo ou com o companheiro de anos de estrada.  

De acordo com o Dr. Kenneth Cooper (90 anos de idade, aquele mesmo do teste de corrida de 12 minutos e preparador da seleção de 1970), o importante para uma vida saudável na terceira idade é melhorar o funcionamento do coração e ganhar força, equilíbrio, flexibilidade, velocidade e autoestima.

Sem práticas regulares de exercícios físicos, as pessoas se tornam mais lentas no dia a dia, ficando mais “duras”, com dificuldade para entrar e sair do carro, com menos equilíbrio, experimentando até quedas inesperadas – sendo que as quedas, na terceira idade, são bem mais perigosas e com consequências mais sérias do que quando estamos na faixa dos 30. Treinamento adequado e exercícios regulares podem mudar tudo isso, e para melhor. 

E aí há que se pensar na escolha: qual o melhor esporte para mim? Depende do seu objetivo e necessidade. De maneira geral, exercícios aeróbicos como a caminhada, promovem benefícios relacionados à melhora das funções do coração, pulmão e outros sistemas metabólicos. 

Para ganhar força, resistência, equilíbrio e velocidade, o ideal é apostar – com acompanhamento de instrutor profissional – em exercícios anaeróbicos como academia e ginástica localizada, que também podem ser associados a hidroginástica se o idoso for fã de passar algum tempo na academia.

O importante, independentemente do objetivo e necessidade, é que o treinamento seja prazeroso e, se possível, realizado com um grupo de amigos.

Escolhida a modalidade, é preciso definir a intensidade e frequência ideais, e essa é uma decisão que não deve ser só sua, mas tomada em parceria com profissionais da saúde: médico, preparador físico, fisioterapeuta, nutricionista; e isso após rigorosa avaliação. Nunca desrespeite o treino elaborado, principalmente, se a opção for qualquer tipo de esporte competitivo. 

O que pode acontecer se não houver uma avaliação prévia ou se você não seguir o treino estipulado? Há possibilidades sérias de mal súbito no coração, danos graves e irreversíveis nas articulações, lesões de tendões e músculos, além de outros descontroles metabólicos que impactam diretamente em sua qualidade de vida. Partindo do princípio de que sempre é necessário avaliar suas condições físicas antes de qualquer exercício, incluindo seu coração, pulmão, pressão, articulações, postura e condicionamento físico, a adesão a um esporte ou outra atividade física tende a sempre fazer bem. 

Por fim, se observe, esteja atento a qualquer sensação diferente, aprenda a entender seu corpo. Respeite a dor, o cansaço e o mal-estar e jamais ignore esses sinais. Se doeu o joelho, mude de exercício, trabalhe o braço. Está se sentindo mal, suando muito, com o coração acelerado, pare imediatamente o treino e peça ajuda, reveja o treinamento, reavalie suas condições. 

Viver uma vida ativa e com as limitações da idade controladas é essencial para que se alcance boa saúde e qualidade de vida na terceira idade.

fonte - assessoria de imprensa/imagem  freepik
**Fábio Anauate Nicolao é médico do esporte, mestre e doutor em Ortopedia e professor do curso de Medicina da Universidade Santo Amaro (Unisa)

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