Texto por Dra. Daniela Gomez | Geriatra – Saúde Minuto
Para muitos idosos, vencer a Covid-19 não significa necessariamente estar livre de sintomas
Muitos pacientes têm mantido sintomas mesmo após meses do início do quadro de Covid-19, o que motivou pesquisas sobre o assunto e a denominação de uma nova doença, a Síndrome Pós-Covid-19.
Dizemos que um paciente tem a síndrome quando há persistência de sintomas relacionados à Covid-19 após 4 semanas de início deles, e, do ponto de vista científico, classificamos estes pacientes em tendo a forma subaguda, quando os sintomas persistem de 4 a 12 semanas, ou tendo a Síndrome Pós-Covid-19 quando os sintomas duram mais de 12 semanas e não são atribuídos a outra condição clínica.
Mas será que muitos pacientes referem a persistência de sintomas? Estudos feitos em Michigan e também na Europa apontam que cerca de 70% dos pacientes que haviam recebido alta apresentavam persistência de sintomas após 60 dias do início do quadro, sendo relatados predominantemente:
- Fadiga: alguns estudos relatam uma prevalência de 50% a 80% de fadiga
- Dispneia: cerca de 40% a 50% dos pacientes referem cansaço, principalmente, ao fazer esforços
- Dor torácica e tosse
- Dores articulares
- Ansiedade e depressão: reportados em 30% a 40% dos casos pós-Covid-19
- Alterações cognitivas: piora na concentração, na memória, prejuízos na linguagem e função executiva
- Alterações do sono: insônia e sono não restaurador
Esses sintomas têm maior chance de se tornarem persistentes nos casos em que o paciente permaneceu mais tempo hospitalizado, principalmente quando tem necessidade de suporte ventilatório e comprovadamente trazem impacto na vida das pessoas, reduzindo a qualidade de vida referida.
Sobretudo para os idosos, a persistência destes sintomas pode ocasionar piora funcional. A associação de dores, falta de ar e fadiga no paciente idoso, pode comprometer a mobilidade, o que ocasiona um aumento do índice de quedas e suas sequelas, especialmente, fraturas, e maior dependência para as atividades básicas da vida diária, como vestir-se sozinho, tomar banho e fazer sua própria higiene.
A depressão e ansiedade, principalmente se acompanhadas de prejuízos cognitivos ou confusão mental, resulta em piora da qualidade de vida e perda de autonomia, o que traz impactos significativos no dia a dia de idosos e suas famílias.
Na grande maioria dos casos, é possível reabilitar os pacientes e um trabalho interdisciplinar intensivo visando a recuperação física, emocional e cognitiva costuma trazer melhoras significativas na saúde destes idosos.
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