Tragédia anunciada – Covid-19 já chegou às favelas brasileiras…

Desde o início da crise, em todos os pronunciamentos oficiais, raramente falou-se em favelas/comunidades. É como se não existissem, mas agora o coronavírus chegou lá e uma tragédia se  anuncia…

Redação Portal Plena

Favela da Maré: “Quem só via a favela pela violência, passou a enxergá-la a partir do coronavírus”

Eliana Sousa Silva, fundadora e diretora da ONG Redes da Maré explica que 140.000 pessoas vivem na Maré, muitas sem água encanada e esgoto, o que favorece a epidemia e requer medidas urgentes. Desde que  coronavírus  aterrissou no Brasil, várias organizações da sociedade civil, ativistas e lideranças comunitárias estão se mobilizando para atuar nas favelas e proteger as pessoas mais vulneráveis da pandemia.  (…) Em entrevista ao EL PAÍS por telefone, ela explica que a pandemia “está escancarando” a desigualdade social, um tema historicamente negligenciado no Brasil. A partir de uma campanha de arrecadação de recursos, o objetivo é distribuir alimentos e material de limpeza para a parcela mais pobre da população —utilizando, para isso, os comércios e prestadores de serviços locais, afetados economicamente pela paralisia das atividades. “A gente não tem as condições básicas para criar uma prevenção em massa, e isso é anterior ao coronavírus” , argumenta. (El País)

A maior tragédia do coronavírus pode ser nas favelas brasileiras

Desde que chegou à presidência, Jair Bolsonaro favoreceu as grandes empresas em detrimento dos trabalhadores e as elites sobre os pobres. Diante do coronavírus, o presidente precisa mudar de postura e proteger os moradores das favelas.

Carol Pires 

SÃO PAULO — Distanciamento social, lavar as mãos frequentemente, capacidade de fazer testes massivos de diagnóstico e isolamento dos infectados: as recomendações para deter o avanço do coronavírus são relativamente fáceis. Mas não para 13 milhões de pessoas que vivem nas favelas do Brasil: com uma
alta densidade demográfica, serviços básicos — como água e luz — deficientes e, muitas vezes, sem nenhum sistema de esgoto. “Aqui na favela só cai água duas vezes na semana. Nós economizamos água não só por consciência, mas também por sobrevivência. Lavar a mão o tempo inteiro, não é uma possibilidade”, escreveu o ativista Raull Santiago, que vive no Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro. O Ministério da Saúde prevê que primeiro auge de infectados ocorra nas próximas semanas. Mas, até agora, não tem um plano de combate especial para os bairros menos favorecidos do Brasil. Nas favelas do meu país há um vazio do poder Estatal que foi ocupado por milícias e narcotraficantes. Nas milhares de pequenas construções, vivem cinco ou até dez pessoas, para quem um distanciamento social é impossível. A maioria vive de trabalhos informais e tampouco podem se dar ao luxo de ficar em casa sem correr o risco de passar fome. Desde que Jair Bolsonaro chegou à presidência, em janeiro de 2019, esse vazio se aprofundou: seu governo tem favorecido políticas de austeridade que reduziu benefícios sociais e aumentou a desigualdade. Mas enquanto especialistas asseguram que a COVID-19 golpeará desproporcionalmente os mais pobres, Bolsonaro não apenas não tem um plano estratégico para enfrentar a emergência nas favelas, como sequer admite que o país está passando por uma crise de saúde pública.” (NY Times)

Foto de abertura – Pēteris – (Pavão-Pavãozinho favela)/ Vídeo TV Folha “Como a pandemia afeta uma favela’  – Licença  de ambos : Wikimedia Commons

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