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“Erramos”: um mês após campanha para não parar, Milão tem 4,4 mil mortos.

Prefeito de Milão admite que campanha #MilãoNãoPara foi um erro: “Ninguém ainda havia entendido a virulência do vírus”

Wanderley Parizotto**

O prefeito de Milão, Giuseppe Sala, reconheceu, nesta quinta-feira (26/3), que errou ao apoiar a campanha “Milão não para” que, lançada há exatamente um mês, estimulou os moradores da cidade a continuar as atividades econômicas e sociais mesmo com a pandemia do novo Coronavirus

No início da divulgação da hashtag na internet, em 26 de fevereiro, a Lombardia, região setentrional da Itália, tinha 258 pessoas infectadas pelo vírus, e o país inteiro contabilizava 12 mortes.

Hoje, Milão é a província da Itália mais atingida pela Covid-19, registrando 32.346 casos de pessoas contaminadas e 4.474 óbitos, de acordo com balanço da Defesa Civil divulgado nesta quinta-feira, 26 de março. Em termos quantitativos, a cidade abriga 40,1% da população italiana acometida pela doença, representando 54,4% das mortes no país. (Luiz Henrique Campos*/Estado de Minas/ 26/03/2020 19:52 / atualizado em 26/03/2020 20:15)

Mesmo conhecendo todos os erros cometidos em outros países, o governo brasileiro lança a campanha “O Brasil não pode parar”.

Insiste num erro já sabido, gasta R$ 4,8 milhões na campanha e incita brasileiros a fazer manifestações e carreatas, transformando a discussão numa guerra.

Dia a dia o número de infectados detectados e mortes sobem, aqui e em boa parte do mundo.

Segundo a revista Science 86% dos contaminados são assintomáticos (não apresentam sintomas), porém, são transmissores do coronavirus. O vírus se propaga muito rápido e se aloja em um grande número de pessoas.

Ontem um médico em Nova Iorque, saindo de um plantão, relatou que as pessoas chegam aos hospitais e precisam ser imediatamente entubadas. Mas não há aparelhos para todos. Os médicos precisam decidir quem morrerá ou não.

Se não pararmos com discussões sem respaldo em informações concretas e conhecimento científico, poderemos contaminar muita gente. Caso  brasileiros em grande número, precisem de hospitais, não teremos leitos, aparelhos, médicos, enfermeiros e espaço físico para atender. Muitos morrerão não só da Covid-19, mas também de outras doenças e causas diversas como ataques cardíacos, acidentes de trânsito, complicações em parturientes etc. por falta de leitos  e pronto atendimento.

Se não evitarmos agora o convívio social, quando o problema está no começo, teremos que parar mais a frente e as consequências serão muito piores.

O governo sustenta suas sandices em números falsos, ‘chutados’.

A economia vai colapsar dia 7 de abril” segundo o ministro Paulo Guedes. De onde tirou esta data? Em vez de gastar seu tempo, pago por nós, para fazer vidências infundadas, pense em formas para amenizar os efeitos da crise, como estão fazendo ministros dos outros países.

O Brasil não pode parar? O país já para todo ano. Se somarmos feriados, emendas e finais de semana, paramos todo ano mais de 100 dias. Basta rever estas pausas após a crise para recuperarmos um pouco os estragos.

O Brasil precisa de um plano articulado de emergência que contemple o curto prazo e as saídas para depois da tempestade.

Prover os mais pobres, criar mecanismos de financiamento a pequenas e médias empresas para um período de dois ou três meses, é tarefa do governo. Há ferramentas e recursos para isso. O governo precisa apresentar um plano para a população e não ficar anunciando medidas isoladas aqui e acolá.

O problema precisa ser enfrentado com seriedade.

Seriedade só tem quem é sério.

** Economista, criador do Portal Plena

Imagens de abertura: Governo Federal/Pixabay

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