Para Bolsonaro, o coronavirus é uma gripezinha; para o Brasil, Bolsonaro é um pesadelo; para o mundo, Bolsonaro é o homem público mais perigoso em atividade.

Ao dizer que os brasileiros devem sair do isolamento, o presidente contradiz todas as orientações das autoridades sanitárias mundiais, inclusive, as do seu próprio ministro da saúde.

Wanderley Parizotto**

Em cadeia de rádio e TV, o presidente do Brasil, ao se pronunciar sobre a pandemia causada pelo covid-19, evidenciou que é a simbiose de idiota, mentiroso, desequilibrado e ignorante.

Até agora, o governo federal não conseguiu apresentar um plano articulado de trabalho para combater a pandemia e a crise econômica que enfrentaremos. É só confusão. Barafunda causada pelo presidente, seus filhos, seguidores aloprados e ministros que não peitam o chefe, outros incompetentes e os demais semianalfabetos.

O presidente comparou o Brasil à Itália, onde os efeitos do coronavirus são devastadores. Demonstrou claramente que não conhece a Itália e, muito menos, o Brasil.

Ao dizer que na Itália o problema é maior porque lá tem muito velho, externou toda sua ignorância. De fato na Itália há muitos velhos, 25% da população, aproximadamente 15 milhões de pessoas. Aqui no Brasil, os velhos são mais de 30 milhões.

Na Itália, onde o sistema de saúde pública é invejável, as pessoas estão morrendo em escala cavalar. Muitos morrem agonizando nos corredores dos hospitais por falta de leitos e aparelhos para respiração. Morrem por asfixia. Os corpos estão sendo transportados por caminhões do exército para cremação.

Na Itália, todos têm água potável para lavar as mãos. No Brasil, 35 milhões de pessoas não têm acesso a este bem elementar. Mais da metade da população daqui não é atendida por saneamento básico. Por volta de 13 milhões de brasileiros, moram em favelas e cerca de 100 mil vivem nas ruas, todos vulneráveis.

Ao dizer que os brasileiros devem sair do isolamento, o presidente contradiz todas as orientações das autoridades sanitárias mundiais, inclusive, as do seu próprio ministro da saúde. Ignora totalmente o que está acontecendo em Nova Iorque, Paris, Madri, Barcelona, Roma, Bergamo, Los Angeles, Washington D.C.,Berlim e tantas outras, onde as pessoas estão confinadas e as ruas vazias. Vale lembrar que as Olimpíadas foram adiadas.

Omite que se, de uma hora para a outra, muitos se contaminarem, não temos hospitais, leitos, aparelhos respiratórios, médicos, enfermeiros, equipamentos de proteção individual e UTIs para atendimento simultâneo. O número de óbitos será histórico. O coronavirus só se propaga pelo convívio social.

Quando fala que o problema é só de um grupo de risco, os velhos, mente descaradamente.Esquece ou não sabe que asmáticos, hipertensos e diabéticos também correm enorme risco. Ao falar que o problema é só dos velhos, os coloca no muro de fuzilamento. É cruel.

A economia entrará em recessão, aqui e no mundo. É hora de pensar em propostas de como amenizar o problema. Como estão fazendo os EUA, com medidas concretas e claras, no qual o presidente se espelha, e não provocar mortes sem precedentes.

Aliás, falando nos EUA, recentemente o presidente proibiu a entrada no país de estrangeiros de diversos países, menos os estadunidenses. Eles podem entrar livremente, ignorando a dimensão que a pandemia está alcançando por lá. Somente ontem morreram mais de 100 pessoas. Pois bem, logo após o pronunciamento do Sr. Bolsonaro, a embaixada americana no Brasil pediu aos americanos que aqui estão, retornem urgentemente para os EUA, relacionando, inclusive, os horários dos voos disponíveis. Aqueles que não voltarem, deverão ficar no Brasil por tempo indeterminado.

Também esconde que, recentemente, ele e uma comitiva foram passear nos EUA, em meio à crise,  parte retornou contaminada pelo coronavirus e ninguém fez quarentena.

Quando critica governadores e prefeitos por atitudes e ações tomadas, não diz que isso só está ocorrendo por falta de coordenação do governo federal.

Quem está gerando histeria, não é a imprensa, é  o presidente que não tem o menor equilíbrio para enfrentar um problema deste tamanho.

Sr. Presidente diga que está com dor de barriga, peça para ir ao banheiro e por lá fique. Leve junto seus filhos, seus seguidores, o Edir Macedo e o Silas Malafaia, que pregam que a fé é suficiente para combater o vírus. Tendo fé, não há com que se preocupar. Meu Deus os perdoe.

80% das pessoas que se contaminam não terão sintomas, entretanto, contaminam outras rapidamente e, segundo a OMS ( Organização Mundial de Saúde ) a pandemia está no início.

É hora de sanidade, racionalidade, capacidade de liderança, honestidade, discernimento e, acima de tudo, postura de estadista.  Qualidades que o Presidente da República, definitivamente, não tem.

**Wanderley Parizotto é economista e criador do Portal Plena.

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