José Serra recebe diagnóstico de Parkinson e se licencia do Senado – TUDO SOBRE A DOENÇA

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O senador José Serra (PSDB-SP) ficará afastado do Senado até 10 de dezembro deste ano por motivos de saúde. Serra recebeu diagnóstico de doença de Parkinson em estágio inicial.

Abaixo tudo sobre a doença:

O que é Parkinson?

Parkinson (CID 10 – G20) é uma doença progressiva que afeta principalmente o cérebro, sendo caracterizada por tremores, dificuldade para se movimentar e prejuízos na coordenação motora.

Também chamado de Mal de Parkinson ou Doença de Parkinson (DP), trata-se de patologia crônica do sistema neurológico, ainda sem cura e imprevisível. Considera-se um dos principais distúrbios nervosos na terceira idade.

Parkinsonismo e Doença de Parkinson

Há quem julgue Parkinsonismo e Doença de Parkinson como sinônimos, mas os médicos indicam que as terminologias não se tratam do mesmo diagnóstico.

Parkinsonismo (ou Síndrome Parkinsoniana) é o conjunto dos seguintes sinais e sintomas: tremores, lentidão de movimentos voluntários, rigidez muscular e instabilidade postural. Portanto, é capaz de englobar diversas doenças – sendo a principal delas a Doença de Parkinson.

Dessa forma, quando um médico menciona o Parkinsonismo não necessariamente ele está se referindo à Doença de Parkinson.

Sintomas de Parkinson

O Parkinson pode afetar apenas um ou ambos os lados do corpo, e o grau de perda de funções causada pela doença pode variar dependendo do caso.

Sintomas iniciais de Parkinson

Os sintomas costumam ser mais suaves no início, incluindo:

  • Tremores
  • Lentidão dos movimentos
  • Rigidez muscular

Sintomas avançados de Parkinson – motores:

Mais para frente, conforme o quadro evolui, os sintomas motores mais significativos (que afetam a coordenação motora) são:

  • Inclinação do corpo para frente
  • Passos mais curtos
  • Redução do movimento natural dos braços ao andar
  • Diminuição ou desaparecimento de movimentos automáticos (como piscar)
  • Tendência a babar
  • Dificuldade de engolir
  • Falta de expressão no rosto (aparência de máscara)
  • Dores musculares (mialgia)
  • Dificuldade para começar ou continuar o movimento, como começar a caminhar ou se levantar de uma cadeira
  • Perda da motricidade fina (a letra pode ficar pequena e difícil de ler, e comer pode se tornar mais difícil)
  • Tremores que desaparecem durante o movimento

Sintomas avançados – não motores:

Visão Geral

Causas

Falta de dopamina

O Parkinson ocorre quando as células nervosas do cérebro que produzem dopamina são destruídas lenta e progressivamente. Esse neurotransmissor é essencial para ajudar a controlar os movimentos musculares.

Sem a dopamina, as células nervosas dessa parte do cérebro não podem enviar mensagens corretamente e são desgastadas. Isso leva à perda da função muscular, cujo dano piora com o tempo.

Desgaste das células

A causa exata do desgaste destas células do cérebro é desconhecida, mas os médicos acreditam que uma mistura de fatores possa estar envolvida:

  • Genética: mutações genéticas específicas podem estar envolvidas nas causas do Parkinson. Mas estes casos são raros e acontecem geralmente com membros da família já afetados pela doença.
  • Meio ambiente: a exposição a determinadas toxinas ou fatores ambientais podem aumentar o risco de doença de Parkinson no futuro, mas o risco é relativamente pequeno.

Fatores de risco

Alguns fatores são considerados de risco para o desenvolvimento do Parkinson. Confira:

Idade

Jovens adultos raramente apresentam a doença, já que o Parkinson é mais comum em pessoas na terceira idade. Isso porque o risco do Parkinson aumenta com a idade, de modo que pessoas costumam desenvolver a doença em torno de 60 anos de idade ou mais.

Ter um parente próximo com a doença de Parkinson aumenta as chances de uma pessoa desenvolver a doença. No entanto, os riscos ainda são pequenos, a menos que a pessoa tenha muitos parentes que apresentem a doença.

Gênero

É cientificamente comprovado que homens são mais propensos a desenvolver a doença de Parkinson do que mulheres.

Publicado no periódico American Journal of Epidemiology, um estudo revela que a relação chega a ser de dois homens diagnosticados para cada mulher com Parkinson. Ainda, mulheres costumam apresentar sintomas cerca de dois anos depois de quando se manifestam nos homens.

Exposição a toxinas

A exposição contínua a herbicidas e pesticidas pode colocar uma pessoa em um risco ligeiramente aumentado de doença de Parkinson.

Tratamento de Parkinson

Parkinson tem cura?

Até o momento não há cura conhecida para o Parkinson, que é uma doença crônica e progressiva.

Como funciona o tratamento para Parkinson

O objetivo do tratamento é, prioritariamente, controlar os sintomas. Para isso, são usados basicamente medicamentos. Mas uma cirurgia pode ser necessária em alguns casos.

Cirurgia para Parkinson

Com menor frequência, a cirurgia pode ser uma opção para pacientes com Parkinson severo que já não respondem bem a medicamentos. Essas cirurgias não curam o Parkinson, mas podem ajudar alguns pacientes a terem uma melhor qualidade de vida.

Na estimulação cerebral profunda (DBS), por exemplo, o cirurgião implanta estimuladores elétricos em áreas específicas do cérebro para ajudar o paciente a ter controle sobre seus movimentos.

Importância do tratamento

Se não for tratada, a doença piora até a pessoa se tornar completamente inválida. O Parkinson pode levar à deterioração de todas as funções cerebrais e à morte prematura.

Diagnóstico e Exames

Buscando ajuda médica

O especialista mais recomendado para diagnosticar e tratar o Parkinson é:

  • Neurologista

Busque ajuda médica, também, se os sintomas piorarem ou caso apareçam novos sintomas.

Na consulta médica

Leve todas as suas dúvidas sobre a doença para o consultório médico e aproveite para sanar todas elas. Faça uma lista de todos os sintomas e quando eles apareceram, bem como de medicamentos e suplementos que tome frequentemente.

Veja abaixo exemplos do que o médico poderá lhe perguntar:

  • Quais seus sintomas?
  • Quando seus sintomas começaram?
  • Os sintomas são frequentes ou ocasionais?
  • Há alguma medida que você tomou que melhora ou piora seus sintomas?
  • Há histórico da doença na família?

Diagnóstico de Parkinson

O neurologista irá diagnosticar a doença com base no histórico médico do paciente e na revisão de seus sinais e sintomas, além de um exame neurológico e físico.

Análise clínica

Na análise clínica o neurologista pode pedir para que o paciente realize alguns movimentos (como agachar e levantar, caminhar, fazer movimento de pinça com os dedos) e repita palavras, de modo a verificar a coordenação motora, rigidez muscular, capacidade de fala, equilíbrio.

Às vezes é preciso tempo para diagnosticar a doença de Parkinson. Os médicos podem recomendar consultas de acompanhamento regulares com neurologistas especialistas em distúrbios do movimento para avaliar a condição do paciente e os sintomas ao longo do tempo. Somente após isso, então, poderão diagnosticar ou não o Parkinson.

Exames

Exames de imagem, como tomografia cerebral e ressonância magnética, são complementares. Ou seja, servem para avaliação e descarte de outras condições que possam causar os sintomas.

Além disso, a tomografia auxilia a quantificar a dopamina presente no cérebro, apesar do quadro evolutivo da doença já ser perceptível com análise clínica.

Reação medicamentosa

Além de exames, o médico pode lhe receitar carbidopa-levodopa, a medicação típica da doença de Parkinson. Melhoras significativas nos sintomas após o início de uso deste remédio podem, muitas vezes, confirmar o diagnóstico de Parkinson.

Eficácia dos medicamentos

A maioria das pessoas responde bem aos medicamentos; contudo, é importante ressaltar que a eficácia em aliviar os sintomas e a duração desse efeito pode ser diferente em cada pessoa. Além disso, os efeitos colaterais dos medicamentos podem ser graves se não acompanhados por um especialista.

Você pode apresentar uma melhora significativa dos sintomas após o início do tratamento. Ao longo do tempo, no entanto, os benefícios dos medicamentos frequentemente diminuem ou tornam-se menos consistentes, embora os sintomas geralmente possam continuar a ser razoavelmente bem controlados.

Flutuação motora: o que é?

Pacientes em tratamento do Parkinson pode apresentar a chamada flutuação motora, em que os sintomas oscilam conforme o efeito da medicação. Assim, há um ápice de melhora quando o medicamento faz efeito e depois uma queda desta sensação.

Isso é causado quando o paciente toma doses muito altas de Levodopa, por exemplo – um dos principais medicamentos contra o Parkinson. Normalmente isso pode ser controlado distribuindo melhor as doses ou fazendo associações medicamentosas.

Convivendo (prognóstico)

Convivendo/ Prognóstico

Se você foi diagnosticado com o Parkinson, lembre-se de que você terá acompanhamento conjunto à equipe médica para encontrar um plano de tratamento que oferece o maior alívio dos sintomas e com menos efeitos colaterais possíveis.

Mudanças no estilo de vida

Certas mudanças de estilo de vida também podem ajudar a fazer a vida com a doença de Parkinson mais fácil, a exemplo de:

  • Manter uma dieta equilibrada
  • Fazer exercícios regulares, mas ajustando o nível de atividade de acordo com os níveis flutuantes de energia e com acompanhamento profissional
  • Respeitar períodos regulares de descanso e evitar o estresse
  • Aderir à fisioterapia, fonoaudiologia e terapia ocupacional
  • Colocar corrimãos em áreas comumente usadas em casa
  • Utilizar utensílios especiais para comer

Os assistentes sociais ou outros serviços de aconselhamento podem ajudar você a lidar com a doença e obter assistência (como onde encontrar serviços de comida em domicílio).

Como adiar a evolução do Parkinson

A realização de algumas atividades auxiliam o melhor convívio do paciente com a doença, permitindo que algumas tarefas do dia a dia antes difíceis para o portador de Parkinson se tornem mais simples.

Novos tratamentos

Apesar do Parkinson ainda não ter uma cura cientificamente comprovada, estudos em todo o mundo têm sido realizados para descobrir modos de amenizar os sintomas e até mesmo cessar a doença.

Pesquisadores descobriram a ligação da doença de Parkinson com uma proteína desenvolvida não no cérebro, mas no intestino. Ao ser transportada no nosso organismo, essa proteína pode se acumular no cérebro e, assim, danificar as células nervosas responsáveis pelos movimentos e pela fala em poucas semanas. A descoberta pode trazer novos tratamentos à doença.

Além disso, um equipamento criado por cientistas brasileiros tem apresentado resultados muito positivos na redução de sintomas do Parkinson. A tecnologia, que usa laser e sucção nos músculos, foi capaz de diminuir dores musculares, rigidez e tremores em pacientes.

Complicações possíveis

A doença de Parkinson é muitas vezes acompanhada por alguns problemas adicionais, que podem ser tratáveis:

  • Irritabilidade
  • Instabilidade emocional
  • Depressão
  • Perda de memória
  • Dificuldade de raciocínio
  • Distúrbio dos sono
  • Incontinência Urinária
  • Prisão de ventre
  • Hipertensão
  • Perda de olfato
  • Disfunção sexual

Prevenção

Infelizmente ainda não existe como prevenir o aparecimento do Parkinson em pessoas predispostas a esta doença.

No entanto, sabe-se que pessoas com melhor condições físicas, principalmente condicionamento físico, são menos propensas a apresentar a doença e também apresentam melhor evolução.

Além disso, indivíduos com o hábito de tomar café parecem ter menos risco de apresentar o quadro.

Referências

Egberto Reis Barbosa (CRM-SP 19.843), médico neurologista, chefe do ambulatório de Parkinsondo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade São paulo (HC-FMUSP)

Henrique Ballalai (CRM-SP 44.250), neurologista, médico professor afiliado Livre-Docente do Departamento de Neurologia e Neurocirurgia da Universidade Federal de São Paulo

Sociedade Brasileira de Neurologia.

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