Como ortopedista, recebo muitos pacientes idosos com queixas de dores musculoesqueléticas generalizadas.
Ana Paula Simões**
Elas ocorrem pelo fato de o envelhecimento celular ocasionar uma desordem da homeostenose (perda de reservas orgânicas e funcionais que é uma característica inerente do avançar dos anos), promovendo declínio estimado de algumas funções e maior vulnerabilidade a doenças em todo o corpo como as cardiovasculares, infecções, neoplasias e, no caso da minha especialidade, as artropatias e doenças degenerativas osteomusculares.
Na terceira idade (estabelecida a partir dos 65 anos pela Organização Mundial da Saúde) as dores articulares e degenerativas aumentam e ocorre a redução da capacidade funcional, por isso é importante manter a independência e prevenir a incapacidade, reabilitando esses pacientes e garantindo qualidade de vida. A atividade esportiva ajuda a prevenir e melhorar as condições físicas e mentais do paciente geriátrico, desde que bem orientado e medicado (quando necessário).
Muitos adultos com idades entre 65 anos ou mais, gastam em média, 10 horas ou mais por dia sentados ou deitados, tornando-os o grupo etário mais sedentário. Eles estão pagando um alto preço por sua inatividade, com maiores taxas de quedas, obesidade e doenças cardíacas.
Por isso, conforme envelhecemos, torna-se ainda mais importante permanecermos ativos, pois nossos corpos declinam e a atividade física ajuda a retardar essa degeneração, inclusive, podemos falar até em progressão, ou seja, com o passar dos meses o condicionamento melhora e pode até ser intensificado. Atividade física nos ajuda a permanecer saudáveis, com energia e independentes à medida que envelhecemos.
Há fortes evidências de que as pessoas que estão ativas têm um menor risco de doença cardíaca, acidente vascular cerebral, diabetes tipo 2, alguns tipos de câncer, depressão e demência. Do ponto de vista ortopédico também melhora a mobilidade articular, alongamento e flexibilidade, isso sem falar na resistência física e muscular que melhora com a prática esportiva.
Se você não tem dor e pratica esporte, irá reduzir o risco de doença mental, ser capaz de sair e ficar bem independente na velhice. É aconselhado manter-se sempre em movimento. Pode começar com uma simples caminhada diária de 15 minutos ou 3 vezes por semana de 20 minutos.
Obviamente, esses valores terão que ser adequados a cada perfil.
Consideramos atividade física aquela que faz seu corpo se manter em movimento com aumento da frequência cardíaca em, pelo menos, acima de 10% da basal. Pode incluir desde uma simples caminhada até a prática de esportes coletivos. Idealmente, podemos tentar alguma coisa todos os dias, de preferência em episódios de 10 minutos ou mais. Uma forma de atingir o que a OMS considera ideal (150 minutos de atividade moderada) é fazer 30 minutos em pelo menos cinco dias por semana, sendo que 75 minutos de atividade rigorosa mais de uma vez por semana é tão benéfico quanto 150 minutos de atividade moderada.
Exemplos de atividades aeróbicas de intensidade moderada incluem andar rápido, dançar, hidroginástica ou natação, andar de bicicleta em terreno plano ou com poucas colinas, jogar tênis ou peteca em duplas. Além da parte aeróbica tente também fazer algumas atividades que trabalham os músculos. Isso pode incluir musculação, pilates, yoga, tai chi ou outras artes marciais.
Tarefas diárias, como fazer compras, cozinhar ou trabalho doméstico, não contam para seus 150 minutos, porque o esforço não é forte o suficiente para aumentar a sua frequência cardíaca, embora ajude a quebrar o tempo de sedentarismo.
Nunca é tarde demais para adotar um estilo de vida mais ativo. Adultos mais velhos que estão ativos irão reduzir risco de doença cardíaca e acidente vascular cerebral a um nível semelhante ao das pessoas mais jovens e ativas. Se, por outro lado, você esteve inativo por um tempo, pode construir sua atividade gradualmente até atingir os níveis recomendados. Você ainda irá melhorar a sua saúde no processo e verá reduzir o risco de quedas e de outras doenças.
Vamos começar?
**Ana Paula Simões é Professora Instrutora da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo e Mestre em Medicina, Ortopedia e Traumatologia e Especialista em Medicina e Cirurgia do Pé e Tornozelo pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. É Membro titular da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia; da Associação Brasileira de Medicina e Cirurgia do Tornozelo e Pé, da Sociedade Brasileira de Artroscopia e Traumatologia do Esporte; e da Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte.
Fonte: Assessoria de Imprensa Santa Casa/Imagem de abertura: USP-Leste