Aprenda a usar sua ansiedade de forma positiva

A atitude mental releva não só o que se está fazendo agora, mas também o que se pode esperar do futuro

Parece que uma nova interpretação está sendo dada à linha histórica que divide as eras a.C./d.C.: antes do Corona e depois do Corona. E nessa nova linha do tempo a sensação é de que o caos foi instaurado: estamos em constante estado de alerta, seja pelo medo da doença, seja pelo seu desdobramento: desemprego, crise econômica, isolamento social, crises nos relacionamentos decorrentes da convivência ‘forçada’ em casa ou doenças de ordem emocionais e afetivas.

Sabe-se que o ser humano só conseguiu se perpetuar enquanto espécie pela habilidade desenvolvida de se conectar e viver em comunidade, estar em casa vai contra a programação biológica. “Enquanto nosso lado racional sabe que o isolamento é necessário, que temos que ficar em casa; nosso instinto grita para irmos para rua ver gente e nos conectarmos, como a vida era antes”, destaca a psicóloga e hipnoterapeuta Sabrina Amaral.

Para Sabrina, os efeitos colaterais do isolamento social são muitos, mas o principal deles se resume a sensação comum a todos: Ansiedade. Muito se fala sobre este tema e não é de hoje. Só no Código Internacional de Doenças (CID) a ansiedade se enquadra em sete diferentes categorias, para ajudar a definir as particularidades daquilo que muitos denominam como ‘o mal do século’.

Contudo, o que as pessoas desconhecem é que a ansiedade não é vilã dos tempos. É apenas um mecanismo de evolução, cujo efeito fisiológico é de super performance. Quimicamente falando, a ansiedade prepara-nos para atingir um desempenho acima daquilo que é demandado quando estamos em repouso.

Um atleta, por exemplo, antes de correr uma maratona está em ansiedade e isso o ajuda a performar melhor. Um músico, antes do show está ansioso para ter um resultado excelente, um estudante antes da prova sente ansiedade e isso o impulsiona a estudar mais para ter boa nota. “É ela que nos dá energia e componentes químicos para nos destacarmos acima da média. O problema está quando não conseguimos usar esta bomba energética para produzir os resultados que poderíamos atingir”, destaca Sabrina.

Mas como usar esse mecanismo da natureza a nosso favor? Como pegar toda esta ansiedade que sentimos neste exato momento em meio ao caos da pandemia, para produzir algo relevante sem surtar? Para Sabrina, a resposta para estas questões está relacionada a atitude mental das pessoas.

Por isso, em tempos de crise, destaca a existência de três tipos delas:

Pessimista Passa o dia conectado na internet, olhando com desespero para as notícias, disseminando Fake News nos grupos de WhatsApp, desanimado no sofá pois não pode sair de casa, derrotado com o cenário catastrófico – que ainda nem aconteceu – que virá depois do Covid-19, se ‘pré-ocupando’ e gerando projeções negativas do futuro. O pessimista não vê luz no fim do túnel, o medo, a angústia e a ansiedade fazem-no travar.

Otimista Acredita que tudo vai dar certo. Passivamente, se coloca numa posição de que ‘se Deus quiser logo, logo, as coisas vão se resolver sozinhas’. É o tipo que nega a realidade de maneira otimista, aproveita o tempo para maratonar séries, dormir o dia todo, fazer vários nadas, espalhar correntes ‘namastê’ nas redes sociais e esperar resignadamente por tudo isso passar pois, de fato, acredita que nada pode ser feito. Então, o que não tem remédio, remediado está.

Realista Sabe que estamos em meio a uma crise nunca vista antes, sabe das incertezas que isso pode trazer e por este motivo, se prepara estudando, se capacitando, buscando alternativas criativas para reinventar seu negócio e estar preparado para quando tudo isso passar. É adepto da frase: ‘na crise, tem aqueles que choram e aqueles que vendem lenço’ e, certamente, quer vender lenços. O realista não se desespera como o pessimista, tão pouco releva as coisas como o otimista, mas sim mantém os dois pés no chão com cautela e, também, com esperança.

De acordo com a psicóloga, todos nós oscilamos entre as três atitudes mentais ao longo do dia e a chave para estar no controle das emoções está na auto-observação. “Vivemos nos lamentando por não ter tempo para olharmos para dentro de nós, pois com tantas responsabilidades: trabalho, escola, família, boletos e compromissos, acabamos fazendo tudo no piloto automático, porém, agora tudo mudou”, diz a psicóloga, que ressalta que este é o momento de sair do looping inconsciente e se fazer alguns questionamentos:

  • O que posso fazer em minha vida agora que me traria um futuro diferente?
  • Esta é uma oportunidade para que eu aprenda o quê?
  • O que estou fazendo hoje é algo que vai contribuir para o futuro que eu quero ter?

Feito isso, perceba em que estado de humor você está. Busque recursos internos para reestabelecer seu eixo, procure o equilíbrio entre suas atividades, sem culpa, sem peso, apenas vivendo um dia de cada vez. “Olhe para os seus valores, aquilo que realmente é importante para você e priorize”, diz.

De acordo com um artigo publicado na revista The Science, um estudo realizado pela Universidade de Harvard demonstrou que o Covid-19 pode permanecer conosco até 2022  e isso significa que até lá poderão existir períodos de isolamento intermitentes, ou seja, que o mundo que conhecíamos até há dois meses não será mais o mesmo.

Então, aproveite estes momentos de solidão e transforme-os em ‘solitude’, que implica no recolhimento voluntário, na introspecção associada a sentimentos positivos, na alegria de estar sozinho para fortalecer a autoconfiança e o amor próprio.

Como destacou a psicóloga, somos seres sociais e precisamos de contato uns com os outros, de apoio mútuo para sobrevivermos. Se está complicado conseguir sozinho, procure quem possa te apoiar e junto com você trazer novas perspectivas e soluções. “Sabemos o quanto construir este novo caminho pode ser desafiador, portanto, se estiver difícil de fazer este movimento, a escolha a ser feita é uma só: peça ajuda”, destaca a psicóloga.

fonte- assessoria de imprensa/foto pixabay/ElizabethLi

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