A violência no futebol brasileiro sempre existiu. O futebol não é um mundo apartado…
Por Wanderley Parizotto
…está dentro da sociedade brasileira, que é violenta; tragédias já aconteceram, mortes etc.
Porém, o que chama a atenção na escalada da violência deste ano, é o número de casos com enorme virulência. Não são simples protestos, são atentados à vida.
Os objetivos dos protestos são agredir fisicamente, ferir, matar e não protestar.
MANCHETES
“Goleiro Cássio, do Corinthians, é ameaçado de morte. Camisa 12 recebeu as ameaças por áudio e fotos através do personal trainer de sua esposa; Timão divulgou nota oficial” – R7
“Jogadores do Flamengo são hostilizados na porta no Ninho do Urubu” – RJN
“Torcedores do Flamengo protestam na porta do Ninho e dão tapas e socos nos carros dos atletas” – GE
“Torcedor do São Paulo entra com faca na semifinal da Copinha e tenta agredir jogador do Palmeiras” – R7
“Torcedor do Palmeiras morre baleado durante confusão em SP após final do Mundial
Torcedores que tentaram salvá-lo reclamam da demora para a chegada do socorro” – R7
Levantamento do Estadão registrou 15 casos de violência no futebol brasileiro neste início de ano, entre ônibus atacados, invasões de campo e brigas entre torcedores dentro e fora dos estádios. É um episódio a cada quatro dias. As cenas lamentáveis fizeram o técnico do Palmeiras, Abel Ferreira, e o atacante Willian, do Corinthians, se posicionarem nos últimos dias cobrando medidas das autoridades.
“Hoje entrei aqui nessa coletiva de imprensa, me disseram que tinha havido uma rixa num jogo, inclusive, acho que morreu uma pessoa. É preciso morrer quantas mais? Os organismos, quer sejam os do futebol, quer sejam extra-futebol, têm de assumir, dar as caras, exercer os cargos que têm. Têm de justificar o cargo que têm. Quando eu não ganho, pedem responsabilidades. Isso é o que espero que cada pessoa em seu cargo faça, assuma responsabilidades. Pelo bem do futebol brasileiro. De todos nós. Que se junte a CBF, quem organiza estaduais, o Ministério Público, mas que se tomem medidas”, disse Abel Ferreira, que já trabalhou em Portugal e Grécia.
Em pelo menos quatro episódios de violência neste ano, os jogadores foram as vítimas diretas da agressão. Os ônibus das delegações de Grêmio e Bahia sofreram com atentados em que dois jogadores foram atingidos. No clube gaúcho, o atentado gerou um traumatismo craniano no paraguaio Villasanti. No caso da equipe baiana, o goleiro Danilo Fernandes ficou ferido pelos estilhaços e precisou passar por um procedimento no olho.
No fim de fevereiro, a torcida do Paraná invadiu o gramado aos 40 minutos do segundo tempo e agrediu os jogadores. O resultado rebaixou o time para a segunda divisão do campeonato estadual. Na súmula da partida, o árbitro Leonardo Ferreira Lima informou que, ao conversar com o comandante da Polícia Militar, Marcos Roberto, o oficial contou que “não teria condições de garantir a segurança para o prosseguimento da partida”.
O Brasil, desde 2018, está envolto em uma atmosfera densa de intolerância e ódio. O presidente da república e seus seguidores, que são muitos, nutrem diariamente a ideia de banir todos aqueles que pensam diferente deles. Armas, xingamentos, mentiras, agressões foram incorporadas à rotina do brasileiro, em todos os lugares.
No caso do futebol, infelizmente, diversos jogadores e clubes aderiram a este movimento. Jogadores famosos faziam o gesto de “arma atirando”, marca de Bolsonaro, quando entravam em campo ou comemoravam um gol. E faziam porque sabiam que a imagem estava sendo vista por milhões de brasileiras e brasileiros pela televisão ou internet.
Clubes de futebol receberam Bolsonaro e comitiva, sem nenhum constrangimento, durante treinos e jogos. E sempre, diretores, técnicos e principais jogadores, batiam literalmente continência para o ex capitão e faziam a “arminha atirando”, com as mãos.
Pois bem, diversos jogadores, técnicos e clubes de futebol, ajudaram a alimentar o ódio, a intolerância e a violência. Agora provam na pele as consequências do que fizeram. “O rato pariu a montanha”.
- Imagem de abertura de Miguel Rebelo
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